quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Trabalhadores e estudantes unidos se levantam em greve geral de 48 horas no Chile. Sem uma plataforma revolucionária movimento pode reforçar demagogia “antineoliberal” do PS

Nesta quarta-feira, 24/8, teve início uma greve nacional paralisou o Chile, convocada pela Central Unificada de Trabalhadores (CUT). O governo Piñera enfrenta a primeira greve nacional desde que assumiu a presidência do país em março de 2010. As direções sindicais da CUT, a maior central do país, convocaram uma greve de apenas 48 horas, apesar de inúmeras categorias de trabalhadores já estarem paralisadas há algum tempo e os estudantes se encontrarem nas ruas de Santiago há pelo menos quatro meses protestando contra a política “neoliberal” do governo. O Partido Socialista da ex-presidenta Bachelet apóia o movimento que se autoproclama “pacífico”, pela ausência de uma perspectiva revolucionária de suas direções democratizantes.

O descontentamento com os planos “neoliberais” aprofundados pelo herdeiro de Pinochet, o megaempresário direitista Sebástian Piñera, fez com que trabalhadores, estudantes e populares aderissem à paralisação quase que espontaneamente, levantando barricadas, realizando cortes de ruas, queimando pneus em vários bairros de Santiago. O funcionalismo público aderiu em massa, o setor fabril parou totalmente. Os mineiros cupríferos, incluindo a maior mina privada do mundo, La Escondida, representam um setor que concentra o maior contingente operário do planeta, também entraram na paralisação nacional. Os operários das minas sofrem com a superexploração, além das bárbaras e desumanas condições de trabalho. A repressão dos “carabineiros” foi bastante violenta, jatos d’água, bombas de gás, prisões..., como tem sido de Pinochet, passando pela “Concertación” até o atual governo.

Os estudantes exigem educação pública gratuita, eliminada durante a ditadura Pinochet (1973-1990), durante a qual universidades públicas passaram a cobrar mensalidades, obrigando atualmente o jovem, após cursar quatro anos de universidade, a pagar durante os próximos dez anos, ou mais, o financiamento da mesma. Três décadas se passaram e nada mudou, nem mesmo o governo da “Concertácion” alterou a estrutura educacional do país. Ao contrário, tratou de “aperfeiçoar” o sistema pinochetista “apenas” baixando os juros das mensalidades e “aumentando” subvenções estatais para o ensino privado! Pesquisa realizada recentemente revela que mais de 100 mil estudantes encontram-se em situação de inadimplência, isto num país que tem a maior renda per capita da América Latina, mas em termos de desigualdade social coloca-se na quarta colocação, evidenciando um tremendo abismo social-econômico entre “ricos” e explorados.

A plataforma de reivindicações elaborada pela CUT, como a revogação da Constituição pinochetista, reforma tributária, mudanças no código trabalhista e renacionalização das minas de cobre, é bastante limitada e pouco atende às demandas dos superexplorados trabalhadores chilenos que amargam na carne um índice de desemprego que supera os 10% da população economicamente ativa. Mesmo assim, os trabalhadores e estudantes aderiram em massa à paralisação, contando inclusive com ocupações isoladas de fábricas e minas. No entanto, pelo caráter atomizado e disperso os protestos carecem de um eixo de real enfrentamento com o governo fascistizante de Piñera. É necessário superar a política das direções sindicais burocráticas do PS, PC e da CUT, a fim de unificar todas as lutas em curso num só movimento, rumo à greve geral por tempo indeterminado e não simplesmente em um movimento voltado a desgastar eleitoralmente o governo neopinochetista para posteriormente ser capitalizado no terreno institutucional pela “Concertación”.