terça-feira, 27 de setembro de 2011

Governo Evo Morales, a serviço das transnacionais, reprime covardemente marcha indígena

O governo “bolivariano” de Evo Morales, na tarde do dia 25 de setembro, ordenou que a polícia reprimisse exemplarmente um protesto indígena cujos militantes marchavam há aproximadamente 40 dias rumo à capital La Paz. As centenas de manifestantes, em sua maioria mulheres e crianças, descansavam em um acampamento à beira da estrada, na região de Yucumo (300 quilômetros da capital andina), quando foram repentinamente surpreendidas por bombas de efeito moral, balas de borracha e perseguições às lideranças do movimento, cuja reivindicação passava pela autodeterminação dos povos indígenas e contra a construção da estrada Villa Tunari-San Ignacio de Moxos, uma via de 300 quilômetros que cortará a Floresta Amazônica ao meio em direção ao Oceano Pacífico. Os indígenas foram arrancados de seu acampamento e atirados à força em caminhões e ônibus que seguiram em rumo desconhecido, houve dezenas de prisões e feridos. De acordo com o Comitê da Marcha dos povos indígenas, cerca de 40 ativistas estão desaparecidos até o momento.

Esta é mais uma clara evidência do esgotamento do chamado “Socialismo do Século XXI” desde Chávez na Venezuela. A referida obra beneficiará apenas os exportadores de produtos in natura como o petróleo, o gás, madeira e minérios por empresas transnacionais. A empreiteira brasileira OAS é que se locupletará com as gordas verbas públicas destinadas às obras da estrada – o Brasil “emprestou” à Bolívia a “bagatela” de 332 milhões de dólares para este fim! A via “bolivariana”, por ser uma alternativa burguesa com corte demagógico “socialista” que se nega a atender as demandas populares mais elementares, na Bolívia começou a “fazer água” já na conhecida crise das nacionalizações em 2006, durante a qual Evo efetivou um pacto com as oligarquias regionais e os imperialismos ianque e europeu para “estabilizar” o regime político e arrefecer os ânimos das massas através da repressão estatal. A repressão aos indígenas nada mais é do que a expressão deste vergonhoso pacto oligárquico. As “nacionalizações” do governo de frente popular do MAS foram uma benesse para as transnacionais alemãs (companhia Logística de Hidrocarboneto), a Shell, British Petroleum, Repsol YPF, cujo aríete para todo este processo vem sendo a Petrobras, ontem de Lula, hoje de Dilma Rousseff. Ou seja, às transnacionais foram concedidos bilhões de dólares, enquanto 1/3 da população passa fome e outros 1/3 ganham apenas o suficiente para não morrer de inanição.

A COB demagogicamente convocou uma manifestação em protesto a esta brutal repressão, no entanto até agora nada organizou de concreto neste sentido. A ação violenta da polícia de Evo Morales contou com a cumplicidade das direções sindicais ligadas ao MAS e ao PCB que se calaram diante do fato. A cada confronto das massas exploradas bolivianas fica patente a ausência de uma direção revolucionária dos trabalhadores, onde a COB joga todo seu peso para isolar e dispersar as lutas em curso. Para romper com este quadro de dispersão e engessamento ao governo Evo é necessário que as massas estejam orientadas por uma clara plataforma revolucionária que defenda a ocupação dos campos petrolíferos, os gasodutos, os canteiros de obras das transnacionais e coloquem-nos sob seu controle, o qual deve estender-se para o latifúndio produtivo, às minas, às águas e aos bancos como parte fundamental da luta pela conquista do poder proletário.