quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Brasil, África do Sul e Índia, um novo “BRIC” dos pequenos emergentes com legiões de miseráveis atrás

A presidente Dilma Rousseff chegou a Pretória, para uma reunião com o presidente sul-africano, Jacob Zuma e o Primeiro Ministro da Índia, Manmohan Singh. A cúpula dos países, chamada de IBSA, foi criada há oito anos, mas estava desativada em função da prioridade dada pelo Brasil e Índia aos encontros do BRIC, onde a África do Sul não tem assento. A identidade social dos países que integram o IBSA é sem duvida alguma muito maior do que no BRIC, que conta com duas potências mundiais, Rússia e China, poderosas economias convertidas a restauração capitalista há cerca de menos de uma década. Ao contrário, o IBSA é uma articulação dos países chamados “emergentes”, na verdade semicolônias com grandes investimentos capitalistas, que as tornaram importantes mercados globais.

A condição de “emergentes” do IBSA não retirou destes países o caráter atrasado e agromineral exportador de suas economias, beneficiadas circunstancialmente com a crise financeira que assola os países imperialistas. Outra simetria no IBSA é política, trata-se da gestão estatal de partidos da centro-esquerda burguesa, que com grande apoio no movimento de massas vem desenvolvendo uma plataforma de pacto social e colaboração de classes. Neste cenário de estabilidade social e política conseguem atrair um enorme fluxo de capital internacional em forma de bolha de crédito, amortecendo a ação direta da classe operária e rebaixando suas reivindicações imediatas. Como estes países não alteraram sua estrutura de dependência dos centros imperialistas, continuam a apresentar altos índices de miséria e pobreza em suas populações, anestesiadas com políticas públicas compensatórias como o “Fome Zero” no Brasil. A África do Sul é um exemplo de cooptação de boa parte de sua população negra e oprimida, por um regime da democracia dos ricos e brancos, instaurada pelos capatazes do CNA.

A presença de Dilma, pisando pela primeira vez na África, um pouco ofuscada agora pelo escândalo no Ministério dos Esportes, foi muito bem planejada pela pasta das Relações Exteriores como a abertura de um novo “front” de negócios e liderança política de um novo bloco de países, já que no BRIC o Brasil é totalmente ofuscado pela China e Rússia. A iminência da crise capitalista mundial afetar o crescimento da economia chinesa, grande importadora de nossas commodities, impõe a necessidade do governo da frente popular buscar novos mercados, unindo sua identidade com gestões estatais do mesmo calibre. África e Índia são sem dúvida as novas “fronteiras” econômicas a serem “desbravadas” para que o Brasil tente sair mais ou menos ileso da retração global que se delineia no horizonte próximo.