segunda-feira, 19 de dezembro de 2011


Em Fortaleza para lançar seu novo livro, Cesare Battisti recebe da LBI uma saudação por sua libertação e uma crítica programática pelo abandono do Leninismo

Em visita à cidade de Fortaleza, para lançar seu novo livro, “Ao pé do muro” pela editora Martins Fontes, Cesare Battisti, ex-preso político do governo Lula, foi recebido calorosamente no auditório da ADUFC nesta segunda-feira (19/12). A iniciativa de lançar seu livro em Fortaleza foi produto do reconhecimento de Cesare do intenso trabalho político desenvolvido pelo comitê cearense pela sua libertação, que ao lado do comitê paulista destacou-se na publicidade e agitação da causa dos refugiados que ainda sofriam perseguição ideológica de seus países de origem. A obra “Ao pé do muro”, segundo nos relatou Cesare, fala sobre a vida de brasileiros que ele conheceu no cárcere da Polícia Federal. “Cada preso tem sua história. Entendi o Brasil por meio dos relatos dessa gente. Cada um é uma janela do Brasil”. Cesare conta que o mais interessante no livro: “é falar do dia a dia da cadeia, da história pessoal de alguns presos. Cada história dessa é uma janela aberta no Brasil. Aproveito pra falar do Brasil que ainda não conheço, que conheço através das palavras destas pessoas. Eles falam de um sentimento muito forte”.

A LBI participou ativamente da campanha política pela libertação de Cesare, integrando o comitê paulista e cearense, por entender que a prisão de militantes comunistas, sob a alegação de qualquer pretexto jurídico, representa um grave ataque ao pleno direito da livre expressão ideológica da classe operária. Perseguido na Itália por sua militância revolucionária no interior do PAC (Proletários Armados pelo Comunismo) nos anos 70, Cesare foi “caçado” na França, México e por fim preso no Brasil em 2007. Após uma longa batalha judicial e disputa política, o STF ratificou o asilo político concedido a Cesare em junho deste ano, colocando-o em liberdade. Sob a acusação de ter cometido crimes “hediondos”, o governo italiano empreendeu uma verdadeira campanha difamatória de “massas” contra Cesare, que desgraçadamente envolveu até a própria esquerda italiana, incluindo neste campo reacionário o revisionismo do trotsquismo.

Para os marxistas leninistas, a luta para livrar Cesare do cárcere brasileiro possuía um caráter democrático e incondicional, ou seja, era absolutamente independente das atuais posições programáticas assumidas pelo ex-militante do PAC, que anunciou sua renúncia à revolução e à luta armada. Por isso mesmo, na primeira oportunidade aberta com o lançamento de seu livro em Fortaleza, a LBI, através de seu dirigente Antonio Luiz, abriu um debate fraternal e direto com Cesare, saudando sua libertação como uma conquista do conjunto do movimento de massas e ao mesmo tempo afirmando a vigência programática da necessidade da violência revolucionária do proletariado para a destruição do Estado capitalista. Sabemos que as atuais posições de Cesare encontram eco na maioria da “esquerda” democratizante, que abriu mão do arsenal teórico do leninismo em troca de “teorias” mais palatáveis à academia burguesa. Este, por exemplo, é o caso do grupo político “Crítica Radical”, membro destacado do comitê cearense pela libertação de Battisti, que se identifica com a negação da ação revolucionária da classe operária na atual etapa histórica.

Nesta rota aberta de colisão com o marxismo, “personalidades de esquerda” e correntes políticas vão se integrando às instituições do regime burguês, cedendo ao “canto de sereia” da democracia como valor universal. Mesmo tendo noção exata do “isolamento” diante da “opinião pública” da esquerda pequeno-burguesa, os leninistas da LBI reafirmam a necessidade da instauração da ditadura do proletariado pela via da ruptura revolucionária, assim como afirmamos em alto som a inviabilidade histórica de se reformar o Estado burguês. Continuamos lutando, mesmo “isolados” na atual conjuntura de retrocesso na consciência de classe, pela demolição violenta das instituições jurídicas e políticas que dão sustentação ao modo de produção capitalista. O abandono deste legado por parte de Cesare e de tantos outros companheiros e organizações políticas, é parte integrante de um momento de grandes derrotas do proletariado mundial (como o fim da URSS), tendo como consequência direta o desatamento da brutal ofensiva ideológica, econômica e militar do imperialismo sobre os povos.