terça-feira, 22 de maio de 2012

Eleições presidenciais do Egito têm a marca da “revolução” fraudulenta

A tão esperada eleição para presidente no Egito, que segundo os cretinos revisionistas irá concluir a “primeira fase” da fraudulenta revolução “made in USA”, acontece finalmente nesta quarta e quinta-feira (24/05). Os principais candidatos “revolucionários” que disputam a gerência do Estado burguês são completamente alinhados com a Casa Branca e de uma certa forma com o próprio regime militar do deposto Mubarak. Acontece que não ocorreu revolução alguma, nem social, tampouco democrática, e o conjunto dos “presidenciáveis” reflete fielmente o processo de uma transição política conservadora controlada pelas forças armadas, sob a tutela direta do governo Obama. Assim como ocorreu no Brasil, os genocidas militares saíram do primeiro plano do regime político para dar lugar a um “governo civil”, mantendo intactas as instituições da ditadura a serviço do capital financeiro. As multitudinárias mobilizações populares que tomaram as praças reivindicando a derrubada do odiado Mubarak careciam de uma direção e programa autenticamente revolucionário, sendo desta forma facilmente manipuladas pela via “democrática”, ou seja, de uma transição ordenada da ditadura militar “substituída” por um regime político burguês legitimado pelas urnas. Só para se ter uma dimensão das profundas limitações políticas das mobilizações ocorridas há cerca de um ano, um dos principais movimentos “revolucionários” surgidos da Praça Tahrir o “6 de Abril”, segundo as próprias palavras de seu dirigente máximo Abdallah Sadaui: “Não somos nem de direita nem de esquerda”, para depois concluir: “Nosso grupo tem espaço para todos que querem mudar o Egito, sejam eles nacionalistas, comunistas ou liberais” (Site G1,22/03).

Os verdadeiros protagonistas das eleições presidenciais já se distanciaram bastante da demagogia reformista do movimento “6 de Abril”, alguns inclusive bem cotados nas mais recentes pesquisas chegam a defender abertamente o regime do facínora Mubarak. Este é o caso de Ahmed Shafiq, último primeiro-ministro do senil carniceiro, que vem crescendo em sua campanha e está colado nos dois favoritos, Amr Musa e Abdel Moneim duas figuras do mais alto establishment egípcio. Musa foi até pouco tempo secretário geral da asquerosa Liga Árabe, além de ostentar em seu currículo a participação no governo Mubarak. Como “capo” da Liga Árabe, Musa articulou a aprovação da entrada militar da OTAN no conflito nacional Líbio, o que lhe rendeu a simpatia da Madame Clinton em sua campanha política. Já Abdel Monein se apresenta como um ex-dirigente da Irmandade Muçulmana, totalmente formatado e palatável aos interesses do imperialismo e seu gendarme sionista na região. Correno por fora e com poucas chances de vitória, o candidato oficial da própria Irmandade, Mohamed Morsi, debilitado pelo “racha” sofrido por sua organização, anteriormente franca favorita a ganhar a disputa. Com a renúncia da candidatura de El Baradei, o imperialismo ianque vem centralizando seu apoio em Monein, um personagem político “híbrido”, que afirma respeitar as tradições religiosas árabes e ao mesmo tempo defende a “ocidentalização” do Egito. Como as eleições se realizam em dois turnos, é muito provável que as potências europeias prefiram o nome de Musa, com largos serviços prestados ao imperialismo, para rivalizar com Monein Abulfutú, um domesticado “novato” no tabuleiro das operações de Washington no Oriente Médio.

A esquerda Árabe vem apostando suas fichas no Nasserista Handeen Sabahi, referendado pela Coalizão da Juventude Revolucionária que reúne jovens independentes e de forças políticas de diversas correntes que estiveram à frente das manifestações da Praça Tahrir. O veterano Sabahi se apresenta nestas eleições reivindicando o legado do caudilho nacionalista burguês Abdel Nasser, o mesmo que “forneceu” fuzis danificados e sem munição para que os palestinos expulsassem as tropas sionistas de seu território ocupado. Também declararam apoio ao candidato Sabahi a “Frente Livre por Mudanças Pacíficas”, cujos líderes declaram que o programa do Nasserista está em consonância com os objetivos da “Revolução”. Como se pode constatar, o candidato da esquerda “socialista”, um parlamentar de longa trajetória de colaboração com o regime Mubarak, não ultrapassa os limites do nacionalismo árabe, com seu inerente caráter de classe burguês e “modernizado” com a inclinação em colaborar com a ofensiva do imperialismo na região, nomeada por estes cretinos traidores de “primavera árabe”.

O movimento operário egípcio está acorrentado por uma orientação programática completamente equivocada, que insiste em caracterizar uma transição conservadora como uma “revolução”, exatamente por essa razão não se postulou de forma independente nestas eleições presidenciais. O proletariado também vem retraindo suas ações diretas, como greves e ocupações, em função da demagogia reformista que se cristalizou nas manifestações “ordinárias” da Praça Tahrir. O resultado político deste amálgama supostamente “revolucionário” é que sequer mobilizações anti-imperialistas vem acontecendo na cidade do Cairo, como a corajosa invasão da embaixada israelense ocorrida no ano passado. O imperialismo ianque vem ocupando cada vez mais espaços políticos, aparecendo como um dos promotores da malfadada “revolução”. Os marxistas revolucionários que desde o primeiro momento desmascararam os charlatões que “venderam o conto da revolução”, como uma força auxiliar à serviço da OTAN, declaram abertamente que nestas eleições as massas árabes oprimidas não possuem nenhuma opção política, a não ser a de continuar o combate pela genuína revolução socialista contra os neos Mubaraks capitalistas maquiados de “revolucionários”.