quarta-feira, 30 de maio de 2012

“Eu sou apenas um carola” afirma Demóstenes na comissão de ética do Senado, para desespero de Dirceu

Com um roteiro de autoflagelação previamente traçado, o senador Demóstenes Torres declarou nesta última terça feira (29/05) à Comissão de Ética do senado que: “vive o pior momento de sua vida”. Tentando atrair um sentimento de piedade dos seus pares, afirmou que é “apenas um carola”, desconhecendo portanto o “lado da contravenção” do amigo bicheiro Carlinhos Cachoeira. O Vestal do “pau oco” jurou que jamais intercedeu em favor da empreiteira Delta e que apenas aceitou alguns “presentinhos insignificantes” de Cachoeira. Que Demóstenes atravessa seu “inferno astral” não temos a menor dúvida, o que não estava “previsto” nesta verdadeira “novela” da vida política real era o fato da operação Vegas deflagrada pela PF para acuar a entourage de Gilmar, VEJA e Cachoeira, acabar decretando a morte política de José Dirceu e seus “bons companheiros”. Uma CPI que deveria fazer um “ajuste de contas” com os “denuncistas” do mensalão, liquidando de uma vez por todas com a rede de arapongas da oposição Demo-Tucana, acaba “emperrada” com a entrada em cena da megaempreiteira Delta e parece que irá finalizar seus trabalhos levando indiretamente (pelos desdobramentos extra-congresso) o ex-capo petista direto para o presídio da Papuda. A turma do mensalão já sentiu o golpe e desconfia até se a “estúpida ingenuidade” de Lula não tem o dedo da ex-presidenta poste Dilma Rousseff com o objetivo de defenestrar seu arqui-inimigo Dirceu.

A completa inação de Lula em meio a vigorosa ofensiva midiática de Gilmar e Demóstenes nos faz pensar que ele próprio pode ser cúmplice da bandidagem que tem como objetivo sentenciar, antes mesmo do veredito do STF, a condenação exemplar de todos os petistas indiciados como réus no processo do mensalão. Ainda não está absolutamente claro em que time está jogando atualmente o ex-presidente operário, se na defesa de Dirceu ou na oferta da cabeça dos dirigentes petistas em troca de uma reeleição tranquila de Dilma, caso se impossibilite fisicamente da disputa em 2014. O certo é que não estamos tratando com “amadores”, nem Lula e sua experiente secretária Clara Ant (ex-LIBELU), nem a dupla Gilmar/Jobim. O suposto “trunfo” de Lula para intimidar Gilmar na CPI, ou seja, a viagem regional em um bimotor velho pago por Cachoeira, não assustaria a um estafeta de segundo escalão, imaginem a um ministro com cargo vitalício (até os 70) no Supremo. Se Lula realmente pretendesse “emparedar” o gangster Gilmar o ameaçaria com provas que vão da tentativa de assassinato até venda bilionária de sentenças para grandes empresas.

Há um elemento realmente nebuloso em todo este imbróglio, trata-se do real quadro de saúde de Lula, mais além das simplórias versões de que seu câncer estaria definitivamente curado. O semblante “abobalhado” da raposa mais arguta da política burguesa brasileira dos últimos quarenta anos, chega a gerar dúvidas de sua plena sanidade mental. De qualquer maneira, Lula nunca está só, sempre muito bem assessorado pelos mais capazes quadros do PT, nos fazem crer que seria impossível cometer tolices primárias, como comparecer a uma reunião fechada em um lugar impróprio (escritório de Jobim em Brasília) com um mafioso do quilate de Mendes. Tudo leva a crer que a repentina ofensiva política da quadrilha de Cachoeira (estavam há pouco completamente nocauteados) tem aval do Palácio do Planalto, que já fala em evitar uma crise institucional entre os poderes da república.

A tentativa da blogosfera em desatar uma contraofensiva para denunciar o que seria uma grotesca armação de Gilmar contra Lula, carece até o momento de respaldo político do próprio PT e também do seu presidente de honra. Até o exato momento, assistimos a pronunciamentos “protocolares” das lideranças petistas contra as acusações de Gilmar, que já tomaram a forma judicial pelas mãos do Procurador-Geral Roberto Gurgel. Por outro lado até o momento os ministros “lulistas” do STF, estranhamente permaneceram calados, como é o caso de Joaquim Barbosa que por muito menos em casos anteriores já “partiu para cima” do desafeto Gilmar. Mas o determinante para o desenlace desta nova crise surgida nas entranhas do Estado burguês e suas instituições apodrecidas como a suprema corte, é a entrada em cena da classe operária, com seu próprio projeto de poder revolucionário.