quinta-feira, 28 de junho de 2012

Haddad, lanterna na disputa pela prefeitura paulista, indica como “vice-tampão” Nádia “Campeão”, da colaboração de classes!

A canoa furada da candidatura de Haddad em São Paulo vai literalmente fazendo água. O candidato de Lula não conseguiu emplacar o fascistóide Flávio D’urso, atual presidente da OAB paulista e pré-candidato pelo PTB à prefeitura de São Paulo como vice de sua chapa. Não houve acordo porque Márcio Thomas Bastos, ex-ministro da justiça de Lula, assim como setores de peso do PT não abriram mão de apoiar um desafeto de D’urso na eleição para presidência da OAB paulista que ocorrerá em novembro. Como essa era moeda de troca exigida pelo PTB para fechar com Haddad, as negociações não avançaram e quem acabou forçosamente por assumir o posto de vice de Haddad foi a inexpressiva Nádia Campeão, presidente estadual do PCdoB e burocrata de carteirinha do partido. Na cerimônia de anúncio da vice escolhida pelo PCdoB nem o vereador pagodeiro Netinho apareceu, com o “coração ferido” porque foi rifado pela direção de seu partido. A cantora e deputada estadual Leci Bradão, antes cotada para o posto de vice, declinou do convite, já que o PCdoB aceitou indicar uma “vice-tampão” simplesmente como parte de sua estratégica de negociar com o apoio petista, ainda que informal, a sua candidata Manoela D’avila em Porto Alegre. Não por acaso, o governador petista gaúcho, Tarso Genro, foi ao lançamento de Manuela na convenção que homologou sua candidatura. Como já tínhamos caracterizado em artigos anteriores, a candidatura de Haddad se transformou em uma espécie de previas internas do PT, onde o que está em jogo não é a prefeitura de São Paulo e sim a sucessão presidencial da ex-poste Dilma.Neste sentido, o Planalto continua envidando todos seus esforços para afundar a canoa do afilhado de Lula, para demonstrar que o abalado prestígio político do “capo” petista não alcançaria 2014.

Nádia foi logo avisando que não tem problemas com Maluf: “Nós temos que lidar com o fato de que é importante ter uma aliança com o PP. Concordo com o que já disse o Fernando Haddad em outras ocasiões. Não é o caso de personificar esse apoio do PP. Mas não vejo nenhum problema, não”. Muito pelo contrário... Em Porto Alegre, Maluf orientou a Senadora Ana Amélia (PP) a apoiar a candidata do PCdoB, Manuela D’avila mesmo com seu partido estando coligado ao PDT de Fortunatti. Lá, o PCdoB tem o apoio inclusive do PSD de Kassab! Prostituição política a parte dos ex-stalinistas tupiniquins, o certo é que a escolha de Nádia como vice de Haddad revela o isolamento político da candidatura petista que, diga-se de passagem, caiu nas últimas pesquisas eleitorais.

A eleição para a prefeitura de São Paulo, projetada por Lula para ser um pontapé na trajetória eleitoral de Haddad como seu herdeiro político, inclusive com o ex-ministro da educação sendo cotado como seu sucessor em 2018, caso Lula fosse eleito presidente em 2014, vai mostrando que as disputas no interior do PT e da própria frente popular estão minando os planos do debilitado capo petista. Há claramente o dedo de Marta Suplicy e da própria Dilma para “cortar as assas” de Haddad enquanto um Lula doente e já sem o controle total da burocracia petista tenta desesperadamente alçar voo na candidatura de seu indicado, já claramente sem chances reais de disputa. O discurso de Lula na apresentação da vice indicada pelo PCdoB releva que o ex-presidente está fazendo um tremendo esforço físico e político para dar algum suporte a Haddad, mas parece que esta será mais uma batalha fracassada a partir do “fogo amigo” de setores do próprio PT e do Planalto.

Na verdade, a manutenção de São Paulo (prefeitura e governo estadual) como bastião da oposição burguesa conservadora faz parte de uma estratégia mais ampla da burguesia e do próprio imperialismo. Esta, pela própria conjuntura latino-americana, vide o “golpe institucional” no Paraguai e anteriormente em Honduras, sabe que é necessário manter viva uma “alternativa” a frente popular baseada em uma direita programática e com vínculos históricos com o capital. Serra e Alckmin fazem justamente esse perfil, bem mais definido do que o do “mauricinho” cheirador do pó, Aécio Neves, que vai perdendo o controle da disputa em Minas Gerais. Daí, que ao que tudo indica, com o quadro de saúde de Lula se agravando, a burguesia aposta em Dilma para 2014 e depois em 2018 trabalha com um possível “revezamento democrático” via os tucanos ou mesmo através de um novo partido de centro que inclua Marina Silva.

A classe operária, anestesiada pela política de pão e circo da frente popular, baseada no crédito fácil e no freio impostos pelas suas direções sindicais através de uma política de colaboração de classes, vê passivamente se aproximar o início do circo eleitoral. As campanhas salariais do segundo semestre tendem a ser extremamente corporativistas e economicistas, desvinculadas de qualquer debate mais estratégico sobre a construção de uma alternativa proletária a frente popular e a oposição conservadora. Como pata esquerda do regime democratizante, PSOL e PSTU também vão fazendo suas alianças eleitorais pragmáticas para abocanhar alguns postos parlamentares. No caso do PSOL o objetivo inclui principalmente a prefeitura de Belém, onde os partidos da base aliada do governo Dilma, como PCdoB, PV, PTN e PTdoB, viraram parceiros! Cabe aos genuínos marxistas desencadear uma ampla campanha de massas pelo voto nulo, denunciando a democracia dos ricos e seu circo eleitoral voltado a “eleger” os algozes da classe trabalhadora!