segunda-feira, 9 de julho de 2012


OTAN “elege” coalizão comandada por Mahmoud Jibril, líder dos mercenários pró-imperialistas do CNT! LIT comemora “vitória da revolução democrática” na Líbia!

A gerência fantoche da Líbia controlada pelo CNT e instalada pela OTAN no ano passado após o brutal assassinato de Kadaffi realizou neste último sábado, 07 de julho, o que chamou de “eleições”. Tratou-se de um processo totalmente controlado e financiado pelas potências imperialistas para manter os mercenários “ex-rebeldes” a frente da frágil administração central do país, que se inspira no regime de Vichy, serviçal dos nazistas na França ocupada durante a II Guerra Mundial. A resistência nacional líbia chamou o boicote à farsa eleitoral, inclusive atacando cinco terminais petrolíferos, que foram obrigados a interromper o envio de óleo cru para as transnacionais. Apesar de toda campanha orquestra pelos meios de comunicação a soldo do imperialismo e pela OTAN para que houvesse um comparecimento em massa, segundo os próprios dados oficiais houve uma abstenção de mais de 40% dos eleitores inscritos para legitimar a “volta da democracia” na Líbia. Para os canalhas revisionistas do trotskismo (LIT, UIT...), a votação desse sábado seria a expressão concreta da vitória da primeira fase da “revolução democrática” depois da derrota do “regime ditatorial de Kadaffi”. Não por acaso, essa farsa eleitoral deu a maioria das cadeiras do futuro parlamento fantoche a coalizão “Aliança das Forças Nacionais” (AFN) que deve conquistar 60% dos assentos, alcançando sozinha a maioria absoluta. A AFN é uma frente política tutelada diretamente pela OTAN e dirigida por Mahmud Jibril, que esteve até pouco tempo no comando do CNT e “venceu as eleições” via imposição de uma fraude aberta para impedir a vitória eleitoral da Irmandade Mulçumana. Como parte do grande espetáculo montado, a votação foi considerada um sucesso por observadores internacionais da ONU, da UE e de ONGs: “Do ponto de vista da organização e da transparência, foi um grande sucesso”, disse Ian Martin, coordenador dos observadores da ONU (O Estado de S.Paulo, 09/07).

Segundo o próprio CNT, dos 4 milhões de habitantes apenas 2,8 milhões se credenciaram como eleitores e somente 60% destes votaram para escolher os 200 membros do Congresso Geral Nacional (CGN), uma assembleia que teoricamente irá formar um “novo” governo e escolher uma “comissão de juristas” para redigir um projeto de Constituição, tudo sob as vistas atentas do imperialismo ianque, em um processo que não passou de um teatro para fazer propaganda sobre a “volta da democracia” na Líbia em “eleições históricas”, onde compareceu a minoria da população. Para contemplar os diversos grupos mercenários que lutam pelo controle do botim estatal, o CNT decidiu impor cotas de assentos da Assembleia Constituinte para cada região, dividindo o país como se fazia sob o reinado do monarca Rei Idris I. Benghazi, berço das manifestações monarquistas e “pró-imperialistas”, ficou com a distribuição de 60 dos 200 assentos e a zona conhecida como Tripolitânia, com 100 postos, sendo o restante das cadeiras divididas entre regiões dominadas por pequenas tribos reacionárias alinhadas ao CNT. Seguindo as instruções dadas pelos patrocinadores da farsa eleitoral, o CNT não divulgou a data em que serão anunciados os resultados oficiais para melhor fechar um acordo com todos os grupos envolvidos no teatro eleitoral e promete dissolver-se após a primeira sessão da nova assembleia para fechar o novo gabinete de gestão dos negócios do imperialismo. Todos os candidatos tiveram de se submeter ao aval do CNT para poder “concorrer” às tais “eleições”.

A luta pelos assentos no CGN obedece ao interesse de ter maior incidência na redação da Constituição e na designação do premiê e seu gabinete, para substituir o CNT. A AFN disputou as “eleições” com o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (Al-Adala Wal-Bina), braço político da Irmandade Muçulmana e o Wattan (Nação), partido radical islâmico liderado pelo comandante “rebelde” Abdelhakim Belhadj. Essas foram as legendas apresentadas pela mídia murdochiana como “favoritas” e dividirão o controle do parlamento fantoche. Porém, quem controlará o governo por meio de uma fraude aberta será Jibril, homem alinhado diretamente ao imperialismo ianque e francês. A declaração do porta-voz da AFN é clara nesse sentido: “‘Nossas projeções indicam que vamos somar de 100 a 120 dos 200 assentos do Congresso Nacional. É um verdadeiro milagre’, disse ao Estado Mohamed Othman, um dos coordenadores da Aliança Nacional. ‘Estamos trilhando um caminho diferente da Tunísia e do Egito, que escolheram a Irmandade. Tínhamos fé na vitória, mas não esperávamos tamanho sucesso’. Em tom conciliador, Jibril convocou um ‘diálogo nacional’. Ex-líder da oposição no exílio, Jibril pode optar por não ser o primeiro-ministro, esperando as eleições presidenciais a serem realizadas em 18 meses. Em seu lugar, pode ser nomeado o diplomata Mohamed Shalgham, chefe da missão da Líbia na ONU em Nova York” (O Estado de S.Paulo, 09/07).

É importante ressaltar que os revisionistas do trotskismo alegam que a Líbia foi o país onde a “primavera árabe” chegou mais longe, pois derrubou pelas armas... da OTAN o suposto “ditador sanguinário” Kadaffi. De fato, depois da vitória da agressão imperialista apoiada taticamente por esses canalhas da LIT, UIT, LOI-DO, MR e CS argentina... o governo do CNT da Líbia é hoje o mais servil gerente dos interesses imperialistas da região e não por acaso as “eleições” deram a vitória aos mercenários “liberais” da AFN e não aos mercenários “islâmicos” da Irmandade Muçulmana, como ocorreu no Egito e na Turquia. Como se vê, a farsa eleitoral orquestrada pela OTAN “escolheu” a coalizão comandada por Mahmoud Jibril, líder dos mercenários do CNT e apesar disso os revisionistas da LIT saem a comemorar “vitória da revolução democrática” na Líbia!

Nesse exato momento, junto com Obama e a mídia murdochiana, a LIT também torce para que esse mesmo desfecho macabro se imponha na Síria! Por isso declara “Nós da LIT sustentamos desde o começo que na Líbia o que se passava era uma revolução popular e antiimperialista, pois enfrentava a ditadura sanguinária de Kadafi, um dos principais agentes do imperialismo na região. Coerentemente com esta caracterização de onde estava a revolução e onde estava a contrarrevolução, nos colocamos ao lado das massas líbias e saudamos como uma tremenda conquista democrática a destruição do regime Kadafista e o justiciamento do ditador pelas mãos das milícias populares” (sítio LIT). Assim como os morenistas estiveram no campo militar da OTAN na queda do Muro de Berlim, na URSS e na Iugoslávia em meados dos anos 90, agora com sua teoria da “revolução made in USA” integram política e militarmente o bloco dos mercenários líbios e sírios para derrotar governos burgueses não-alinhados integralmente com a Casa Branca. Não por acaso, estão a comemorar a “vitória da democracia”, a mesma que impõe a barbárie capitalista na Líbia! Até os mais crédulos no conto da “revolução árabe” começam a enxergar que esta cantilena não passou de uma transição conservadora a serviço do imperialismo ianque e seus sócios como Israel! Só os “cegos” da LIT e seus satélites, por serem cúmplices desse verdadeiro crime político, não veem (ou não querem ver) esta triste realidade que ajudaram a construir! Ah! Íamos esquecendo, onde estão os “verdadeiros revolucionários” entre os “rebeldes” que a LIT dizia existirem na Líbia em luta contra o imperialismo? Estes fantasmas inventados pelo delírio morenista nem mesmo com “lupa” seriam encontrados em alguma parte do território arrasado pela OTAN e seus títeres.