sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Agentes da Polícia Federal anunciam greve... Qual deve ser a posição dos revolucionários?

O Conselho de Representantes da Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) na quarta-feira (1/7) indicou para que a greve nacional da Polícia Federal comece no dia 7 de agosto, cujos agentes reivindicam uma “reestruturação salarial” em equiparação ao que ganham os delegados. Assembleias realizadas em todo país até o momento, 13 das 27 entidades sindicais haviam decidido pela paralisação no dia 7. A Fenapef leva adiante a sua campanha em defesa dos agentes da repressão: “fortalecer a Polícia Federal é valorizar os que atuam na linha de frente contra o crime”. A PF, sob a égide do governo da frente popular, tem um papel bastante peculiar dentro do Estado burguês na condição de ser o seu braço armado que disciplina a feroz luta entre as diversas frações mafiosas burguesas que disputam o botim do Estado, como vimos na Operação Monte Carlo que prendeu Carlinhos Cachoeira. Assim, as reivindicações de aumento salarial e melhores condições de trabalho para os policiais federais estão voltadas para recrudescer ainda mais o regime político atual. Frente a essa realidade, os revolucionários devem apoiar a greve dos agentes da PF? O PSTU, por exemplo, afirma que sim, porque os consideram “trabalhadores fardados”, na verdade uma cortina de fumaça para encobrir sua capitulação ao regime. Como dizia Lenin, policiais não fazem parte da classe operária, são “um destacamento ideologicamente preparado para servir a burguesia em seu ódio de classe contra a população pobre”. As polícias, como um todo (PM, Polícia Civil, PF), apesar das suas diferentes atribuições, cumprem o papel de guardiãs da propriedade privada e da manutenção do regime político através da repressão sistemática ao movimento operário a serviço dos grandes capitalistas. No caso específico da PF esta ainda serve, ao lado da ABIN, como agente de repressão política as organizações de esquerda, função herdada da ditadura militar em plena atividade na “democracia” dos ricos.

A Polícia Federal, controlada diretamente pelo Planalto e apresentada como uma das mais importantes “instituições republicanas”, é composta por um seleto grupo de agentes que formam a elite da repressão nacional, sendo o corpo policial mais bem treinado e municiado do país, recebendo não só treinamento militar, como também uma severa doutrinação ideológica para a manutenção da ordem burguesa, sendo responsável pelo monitoramento e perseguição aos movimentos sociais. Nesta “república” dos barões da indústria e do capital financeiro gerenciada pela frente popular, realmente a Polícia Federal é uma “instituição” que serve aos interesses destes senhores. Por outro lado, o serviço de inteligência e de pressão da Polícia Federal, longe de voltar-se para combater somente a “criminalidade” e a “segurança pública”, como também acredita e apregoa a esquerda reformista, mantém a mesma estrutura de polícia política dos tempos da ditadura militar. Desta forma, o aumento dos soldos e a contratação de mais agentes fortalece e amplia a elite do aparato policial burguês.

Há, no arco da esquerda, quem defenda a “moralização” e aperfeiçoamento da polícia, como é o caso do deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL-RJ, defensor do BOPE e almeja “UPPs para todos”, o equivalente a reivindicar a repressão ao povo pobre desferida pelas “tropas de elite”. Nesta mesma trilha, segue o revisionismo trotskista (PSTU, CST, TPOR, EM, MR, OT...) o qual defende incondicionalmente as greves policiais por “melhores condições de trabalho e salários”. Neste sentido, é necessário denunciar que os morenistas do PSTU apóiam, por uma questão de princípio, a reacionária greve da PF, como salientam explicitamente em seu site: “Queremos, com esta nota, expressar nosso apoio aos policiais federais em greve. Nos dirigimos, ao expressar nossa solidariedade aos grevistas, aos seus sindicatos e à sua federação nacional. Mas nos dirigimos também a toda sociedade brasileira conclamando-a a apoiar decididamente esta luta” (site do PSTU), não importando que mais tarde estes “homens de farda” se voltarão contra o movimento operário. Embora não apóiem a reacionária greve da PF, que tem como reivindicação a melhoria das condições para que os “carrascos” reprimam melhor a classe trabalhadora e suas organizações, os revolucionários marxistas se opõem a qualquer medida punitiva contra os grevistas, uma vez que o estabelecimento de um clima de “caça as bruxas” pavimenta o caminho dos ataques contra a classe trabalhadora como a proibição do direito de greve dos servidores públicos.

Levando às últimas consequências este programa, a democracia dos ricos dispõe a seu serviço uma polícia mais “satisfeita e pronta para trabalhar com eficácia” se valendo de armas novas, munições, coletes, viaturas, na repressão contra o movimento operário e a população pobre. A política da chamada “oposição de esquerda”, neste sentido, só serve para legitimar o recrudescimento do aparato repressivo do Estado burguês, jogando areia nos olhos do proletariado em sua consciência de classe e, portanto, configura-se numa tremenda desmoralização ideológica destas correntes. Os cretinos do PSTU, por exemplo, chegaram inclusive a se perfilar ao lado dos nossos inimigos de classe ao chamar a solidariedade à greve (policial) dos estupradores e assassinos que massacraram a ocupação no Pinheirinho! Aliás, desgraçadamente nos dias atuais, não é de se espantar que todo um campo da chamada esquerda se poste ao lado da reação, como foi no caso dos bombardeios da OTAN à Líbia e o iminente ataque militar ianque à Síria...

Os revisionistas do trotskismo encaram aos agentes da PF, este braço policial da inteligência do Estado burguês como se fossem trabalhadores, mostrando que não seguem o mínimo critério de classe. Ao apoiar uma greve da Polícia Federal, o principal aparato repressivo de inteligência ligado diretamente ao governo federal, responsável pela infiltração, monitoramento, perseguição e repressão aos movimentos sociais no país, estes adotam uma política criminosa para a luta política dos trabalhadores, de colaboração com o controle do Estado capitalista sobre as organizações do movimento de massas, que deve ser rechaçada pelo ativismo classista. Os revolucionários defendem a destruição de todo o aparato repressivo das polícias através da ação consciente do proletariado e não a sua “dissolução” através da “moralização ética”. Defender qualquer reivindicação, greve ou fortalecimento desta máquina programada para matar significa romper a barreira de classe e, consequentemente, aliar-se com os assassinos do nosso povo explorado e oprimido. A “vitória” dos policiais inelutável e fatalmente culminará no fortalecimento dos organismos de repressão. Somente o armamento dos explorados e a democratização da instrução militar com a formação de milícias operárias voltadas para desarmar e expropriar os capitalistas pode destruir o Estado burguês e seu aparato repressivo.