segunda-feira, 26 de novembro de 2012


Burguesia promove megafesta para seu pop star Joaquim, o novo “homem do povo”

Uma megafesta a altura de uma posse de presidente da república, mas tratava-se “apenas” da presidência do Supremo Tribunal federal. Joaquim Barbosa foi promovido pela burguesia ao status de seu novo “pop star”, merecendo uma posse transmitida ao vivo em rede nacional de TV. Estiveram presentes ao evento cerca de três mil convidados em um buffet de alto luxo de Brasília, com direito a “celebridades” do mundo midiático como Lázaro Ramos, Martinho da Vila, Regina Casé, Djavan, Lucélia Santos, Nelson Piquet e Milton Gonçalves entre outros nomes “globais”. O ministro relator da ação penal 470 (conhecida como “mensalão”) e que agora assume a presidência da corte suprema do país não se fez de rogado, em seu discurso de posse utilizou uma retórica populista de “justiça socialmente injusta” ganhando as manchetes de todos os meios “murdochianos” como o mais novo paladino dos pobres e negros deste imenso e desigual Brasil... A operação política da burguesia ao promover Barbosa não se resume a megafesta de sua posse, tem o objetivo de fabricar uma imagem do novo “homem do povo” que conquistou um lugar na elite republicana, ao lado de Lula um ex-metalúrgico que chegou à presidência. O “queridinho” da burguesia de infância pobre no interior de Minas, se aproximou do PT talvez por identidade social com a trajetória de vida de seus quadros dirigentes, ganhando de Lula uma indicação do tipo “populista” para ocupar uma vaga no Supremo. Agora o mesmo “roteiro de criança pobre” serve para que a burguesia o utilize como ferramenta para atacar o PT, projetando nesta figura “deslumbrada” com os holofotes da mídia uma ofensiva de maior envergadura, para além da “interminável” ação penal 470. A operação da polícia federal “Porto Seguro” é parte integrante desta estratégia, balizada pelo “carrasco negro” serviçal da elite racista, representa apenas a ponta deste iceberg que agora ameaça o próprio Lula.

Ainda é cedo para fazer um prognóstico exato acerca da utilização política da personalidade que a burguesia está construindo em torno de Joaquim Barbosa, mas é quase certo que não se limitará ao espectro de sua atual função jurídico/criminal. O “factoide” Barbosa vem sendo preparado como um coringa do imperialismo, diante do colapso político da oposição Demo-tucana, uma figura que transita entre os dois campos eleitorais (governo e oposição) mantendo a confiança pessoal da presidente Dilma. A última manobra política da burguesia em produzir um “factoide” em caráter nacional ocorreu em meados dos anos 80, com o surgimento do “caçador de marajás”, o então governador Collor, justamente para combater a possibilidade de Lula chegar à presidência da República. Por ironia da história, em plena terceira gestão petista a frente do governo central, a burguesia tenta evitar de todas as formas o retorno de Lula ao Planalto. Não por coincidência, acaba de ser divulgada uma destas pesquisas “encomendadas” onde aponta que a ex-poste Dilma já supera Lula na preferência popular da sucessão de 2014.

O presidente do STF é uma espécie de versão atualizada no tempo (com uma conjuntura distinta) da mística que lançou Collor, Barbosa é o atual “caçador de corruptos”. No primeiro capítulo desta novela assistimos a caçada ao núcleo histórico do PT, preservando Lula, símbolo da colaboração de classes e estabilidade social do regime nos últimos anos. Não se pode descartar que Barbosa se volte agora contra algumas lideranças tucanas, como ex-governador Eduardo Azeredo, conhecido como o fundador do “mensalão mineiro”. Trata-se, é claro, da “lei das compensações” políticas, tão aplicada pela burguesia, mas que não se inscreve na Constituição Federal. Quanto a possibilidade de um futuro enquadramento penal de Lula, o principal operador do esquema de cobrança de comissões em seu governo, Barbosa terá que receber o sinal verde de um vasto condomínio político, abrangendo o próprio Palácio do Planalto. Nesta variante, ainda remota no momento, é o próprio Barbosa que se cacifa para ocupar a “gerência geral”, como um plano “B” da burguesia.

O veto político do imperialismo a um terceiro mandato de Lula não está baseado no medo de um governo “contra as elites”, ao contrário, a frente popular revelou-se como uma gestão de excelentes “negócios e oportunidades” para a burguesia. Acontece que o modo “Lulista” de governar, privilegiando a negociação e intermediação da burocracia sindical com o movimento operário, está esgotado nesta conjuntura mundial de ataques às conquistas históricas do proletariado. Não há mais “margem” para pactos e negociações com o movimento de massas e suas organizações, agora é necessário governar com a “mão de ferro” do neoliberalismo clássico. Este é o cenário projetado para o pós-2014, onde até o momento é a “gerentona” Dilma a opção preferencial das classes dominantes. Barbosa ainda segue como um ator coadjuvante desta “ópera bufa”, se ganhará o papel principal na ofensiva contra as conquistas sociais da população, só a evolução da luta de classes irá determinar.