quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013


Na esteira reacionária do julgamento do “mensalão”, Ministério Público (Tucano) encaminha prisão de estudantes que ocuparam a reitoria da USP!

O Ministério Público de São Paulo, controlado pelo PSDB, acaba de denunciar os 72 estudantes que ocuparam a reitoria da USP, acusando-os de “formação de quadrilha, danos ao patrimônio, pichação e descumprimento da ordem judicial”. Agora, a denúncia tucana será analisada por um dos juízes do Fórum Criminal de São Paulo que pode sentenciar os alunos em, no mínimo, oito anos de prisão. A decisão está inspirada claramente na ofensiva reacionária que o STF promoveu contra lideranças históricas do PT (Dirceu e Cia) via “denúncia” do Procurador-Geral da República e chefe do Ministério Público Federal, Roberto Gurgel. Como advertimos, o julgamento do “mensalão” abriu caminho para o ataque ao conjunto do movimento operário e popular. Pateticamente as correntes revisionistas que aplaudiram a ação do STF, como o PSTU, CST e LER-QI, agora denunciam a ação do Ministério Público paulista, sem fazer qualquer ligação entre estes dois fatos emblemáticos e o recrudescimento do regime político burguês! Na época de desocupação da reitoria, uma verdadeira operação de guerra foi montada pela Polícia Militar a mando do governo Alckmin (PSDB) e do facínora reitor Rodas para desocupar o prédio da USP, ocupada por estudantes justamente para protestar contra a presença da PM no campus. Efetivos das forças especiais da polícia, como o GATE, Batalhão de Choque e GOE, apoiados pela cavalaria e helicópteros, invadiram não só a Reitoria como cercaram diversas unidades da universidade impedindo a circulação de estudantes, professores e funcionários. Depois de retirados à força pela PM, ônibus da tropa de choque levaram os 72 alunos presos. A ofensiva reacionária contra os métodos de luta direta a privatização da universidade e o regime repressivo imposto em seu interior, expressa claramente a etapa mundial de profunda reação ideológica e ofensiva em toda a linha do imperialismo. Quando a farsa democrática do “diálogo” não é capaz de manter a juventude e os trabalhadores dominados, a burguesia recorre a métodos de guerra civil para impor seus objetivos, usando também suas "instituições republicanas" para desferir ataques ao movimento de massas.

O mais escandaloso é que o processo interno na USP se encerrou no mês passado e a pena máxima contra os estudantes foi a suspensão de 15 dias, o que demonstra que tais “penas brandas” adotadas por Rodas não passaram de uma armadilha para enfraquecer o movimento, enquanto a justiça burguesa e o Ministério Público tucano preparavam um verdadeiro golpe contra os estudantes e suas organizações políticas. Não por acaso, a Rede Globo deu grande destaque a decisão do Ministério Público com uma longa matéria no Jornal Nacional. O papel da mídia “murdochiana” contra a ocupação da USP seguiu o mesmo script que esses vendidos meios de comunicação orquestraram na Líbia e agora na Síria, cuja farsesca “revolução árabe” também é apoiada por estas mesmas correntes revisionistas. TVs, jornais e rádios ficaram de plantão em frente à ocupação para apresentarem os ocupantes como “radicais” e “agressores da imprensa livre”, os quais, encapuzados, usavam “coquetéis molotov e métodos autoritários de luta”, demonizando-os para legitimar a ação repressiva da PM. Os estudantes que agora correm o risco de passar, no mínimo, oito anos na cadeia são vítimas de suas “coberturas jornalísticas” armadas a soldo da classe dominante contra os “terroristas” da USP.

Sem dúvida, a ofensiva contra os estudantes da USP foi fortalecida com o julgamento do “mensalão”. Como já denunciamos, o julgamento “espetaculoso” no STF contra um setor do núcleo histórico do PT depois da denúncia do Ministério Público Federal (Roberto Gurguel) foi montado sob encomenda pela mídia “murdochiana” como parte desta ofensiva da burguesia e nada tem a ver com nenhuma inflexão “moralizadora” do regime vigente. Disseminar a ilusão de que o STF estava “abrindo uma nova página na história” ao condenar dirigentes corruptos de um partido governante, como fazem os canalhas da “oposição de esquerda” (PSOL e PSTU) e seus satélites (LER, TPOR), significa colaborar com um ataque aos mais elementares direitos democráticos da classe operária que está se voltando contra o conjunto das lideranças da esquerda classista, como ora de observa na USP!

Evidentemente, que o ataque contra os estudantes da USP se trata de uma ação preventiva e exemplar para mostrar ao movimento estudantil e a classe operária em geral que o Estado burguês se voltará com todas as suas armas contra a radicalização das lutas. Não por acaso, várias greves nos último período foram colocadas na ilegalidade pela justiça burguesa e duramente reprimidas na medida em que as direções ligadas à frente popular não conseguem impor o seu fim. No caso da USP, a ocupação se deu totalmente por fora do controle do DCE, ligado ao PSOL, que auxiliado pelo PSTU, buscou sabotar o movimento. Quando a frente popular e seus satélites de “esquerda” não conseguem controlar as latentes tendências de lutas e estas se expressam pela ação direta radicalizada, os métodos repressivos entram em ação para barrar pela força esse processo de politização.
Frente à ação do Ministério Público de São Paulo e da justiça burguesa é necessário lutar contra a perseguição aos estudantes da USP e convocar imediatamente uma massiva assembleia, que vote pela greve geral de toda a comunidade universitária, pela reocupação da reitoria, pela expulsão da PM do campus e por ampla campanha de denúncia contra a repressão aos lutadores, com a realização o mais rápido possível de um ato político contra a ação do ministério público tucano! É necessário convocar a classe operária para este justo combate, que deve adentrar pelos portões da maior universidade do país com seus próprios métodos de ação direta para opor-se à ofensiva reacionária em curso. A partir do exemplo da própria USP, a vanguarda classista do proletariado e dos estudantes deve se armar de um programa revolucionário diante da conjuntura política que se abre com o julgamento do “mensalão”, construindo um tripé de reivindicações que inclua o combate radical aos monopólios capitalistas de comunicação, a derrota das investidas autoritárias e golpistas da justiça burguesa e, por último, a ação direta em defesa da universidade pública e gratuita sob o controle dos trabalhadores! Não à criminalização dos movimentos sociais e pela anulação imediata desta denúncia reacionária contra os estudantes e lutadores da USP!