terça-feira, 19 de fevereiro de 2013


REDE, PSOL, PCB e PSTU: será esta a nova formação da “Frente de Esquerda” para as eleições presidenciais de 2014?

O REDE, partido gerado do ventre do “Movimento por uma nova política” impulsionado pela ex-senadora Marina Silva, acabou de ser lançado no último dia 16/02 em Brasília. O primeiro encontro nacional do REDE não poderia ser definido como um “grande sucesso”, como pretendiam seus organizadores, nem do ponto de vista da militância política e tampouco da adesão de “personalidades” que habitam o mundo do parlamento burguês. Do ponto de vista virtual, o encontro do REDE, que teve seu nome inspirado na internet, não conseguiu atrair muitas atenções em sua transmissão “on line” no Twitter, mas o destaque mesmo ficou por conta da presença da vereadora Heloísa Helena, que conseguiu trazer das entranhas do PSOL a “emblemática” corrente MTL (Movimento Terra e Liberdade) dos também vereadores Jefferson Moura do Rio e Elias Vaz de Goiânia. O “experiente” (em vigarices políticas) dirigente do MTL, Martiniano Cavalcante, que disputou em 2010 as prévias internas do PSOL com o veterano Plínio de Arruda, é um dos nomes cotados para presidir nacionalmente o debutante REDE. O ingresso do MTL ao REDE acontece como produto de mais uma manobra da dupla Heloísa e Martiniano, pois formalmente o MTL se dissolveu para permitir que a deputada carioca Janira Rocha permanecesse no PSOL, ou seja, é a velha tática de um “ovo em cada cesta”, os vereadores do MTL recém eleitos embarcam imediatamente no REDE, já a deputada estadual Janira espera a legalização pelo TSE do novo partido para aderir oficialmente. O REDE tem até setembro deste ano para cumprir todos os requisitos que a legislação eleitoral vigente impõe, caso não consiga obter seu registro este ano sua participação nas eleições de 2014 fica inviabilizada completamente. Mas, mesmo na hipótese (bastante provável) de conseguir a legenda para as próximas eleições, o REDE disporá de pouquíssimos minutos de TV (propaganda gratuita obrigatória que o PIG sonha em acabar) para potenciar sua candidata ao Planalto, o que já obriga necessariamente Marina a “trabalhar” pela construção de uma frente política eleitoral com o PSOL e seus aliados de “esquerda”, PCB e PSTU.

É exatamente esta a principal “missão” do corrompido grupo de Martiniano e Janira, estabelecer uma “ponte” entre o REDE e o PSOL, deixando o antigo MTL posicionado em “duas frentes de batalha”. Mas é importante registrar que o MTL também goza de livre trânsito com o PSTU, foi a principal tendência do PSOL a permanecer no interior da CONLUTAS, após o racha de 2010, onde a quase totalidade dos psolistas se retiraram desta central sindical. Nas últimas eleições municipais em Maceió, mesmo quando Heloísa Helena já tinha anunciado sua adesão ao MNP de Marina, o PSTU reivindicou estabelecer uma frente eleitoral com o grupo de Heloísa, apesar de bastante consciente do conteúdo reacionário e pró-imperialista do MNP dirigido pela eco-capitalista Marina Silva. Quanto ao PCB, o outro aliado político de “esquerda” do PSOL, o REDE não terá grandes dificuldades de atraí-lo para uma coligação em 2014 levando em conta que os velhos reformistas participam até de alianças com o PTB e o DEM, como ocorreu recentemente na capital do Amapá. Afinal de contas, neste circo eleitoral da burguesia PSTU e PCB já se juntaram ao PCdoB, PTB, DEM e outras siglas menores de aluguel das oligarquias regionais. Quanto ao PSOL este não passa de um apêndice parlamentar da oposição Demo-Tucana no Congresso, como revelou a eleição da mesa diretora do Senado federal.

O REDE, apesar de declarar não combater o governo do PT, tem, portanto, nos integrantes da chamada “oposição de esquerda” seus melhores parceiros políticos para disputar as próximas eleições presidenciais, onde a candidatura de Marina Silva galvaniza desde os herdeiros do Banco Itaú, passando pelos ex-petistas do PRC, até a “radical” Heloísa e seus séquitos do MTL. A oposição conservadora Demo-Tucana deve desenvolver todos seus esforços para viabilizar o projeto eleitoral de Marina, sabendo de sua impossibilidade política em derrotar a frente popular. Para isto, se faz necessário maquiar de “esquerda” o máximo possível o embuste do REDE. Os tucanos até se dispuseram a ceder a sublegenda do PPS, controlada pelo venal Roberto Freire, mas os ex-estalinistas já estão “queimados” demais para posarem de “esquerda”, restando mesmo como opção preferencial para o REDE uma aliança com a “oposição de esquerda”, com a mesma formação que apoiou Heloísa Helena em 2006. Ainda é muito cedo para definir o vice na chapa de Marina, muito provavelmente o PSOL indique um de seus quadros que pertencem a hegemônica corrente APS, do deputado federal Ivan Valente, ainda que a própria Heloísa já tenha manifestado intenção de acompanhar como vice sua colega da época do Senado.

A vanguarda classista deve acompanhar atentamente os passos da chamada “oposição de esquerda” em direção o REDE que o imperialismo acaba de lançar. É bem verdade que os revisionistas mais “espertos” (PSTU e Morenistas do PSOL) tentaram confundir os melhores combatentes da classe com declarações “contundentes” contra o fechamento da aliança com o REDE, para depois admitirem que não há outro caminho possível para tentar eleger seus candidatos “socialistas”, já assistimos este filme recentemente na cidade de Belém. Os marxistas revolucionários desde agora denunciam vigorosamente este novo “projeto de poder”, batizado de REDE, urdido diretamente nos bastidores imundos da Casa Branca. Qualquer tentativa de aliança ou mesmo de um suposto “diálogo” com agentes do imperialismo, disfarçados de “apologistas da sustentabilidade”, deve ser caracterizada como uma enorme traição de classe aos interesses históricos do proletariado.