quinta-feira, 18 de abril de 2013


Dilma atende a “grita” dos banqueiros e eleva a taxa de juros, PIG e “tomateiros” cumpriram seu “patriótico” papel...

O COPOM, organismo colateral do BC, decidiu na última quarta-feira (17/03) interromper a trajetória de queda na taxa básica de juros, iniciada há quase dois anos pelo governo Dilma. Em uma votação folgada de 6 votos contra 2, os membros do COPOM elevaram em 0,25% a taxa Selic, elevando-a 7,5% ao ano. Com o viés de alta no patamar dos juros o Brasil voltou a ocupar a quinta posição mundial no “campeonato” das taxas mais elevadas do planeta. A decisão do BC, na verdade, já tinha sido tomada pela equipe econômica palaciana há algumas semanas, com o aval da própria presidente Dilma, submetida a forte pressão dos rentistas que mobilizaram seus “funcionários” da mídia “murdochiana” para atingir seus objetivos. Logo após a decisão do COPOM a “imprensa livre”, que fraudou até a cotação do tomate nos supermercados, saiu a exigir uma política oficial mais “consistente” na direção da elevação dos juros na economia, acenando o velho fantasma da ameaça da retomada da inflação em nosso país. Para a receita neoliberal dos “respeitosos” jornalistas econômicos da famiglia Marinho é necessário acrescentar uma pitada de recessão na conjuntura, favorecendo é claro os trustes  internacionais, além de induzir o Estado a praticar maior “generosidade” com o setor financeiro. O resultado final seria o êxito da chamada “lei da seleção natural do mercado”, deixando o Estado sem nenhuma capacidade de investimento, com quase todo seu orçamento dedicado ao pagamento do spread dos títulos da divida interna. Os governos da frente popular tem se mostrado os melhores “parceiros” dos rentistas, nos últimos oito anos o setor financeiro  foi o mais dinâmico (rentável) da economia nacional, mas quando a “gerente” Dilma foi obrigada a alavancar timidamente o PIB (diante da estagnação da indústria) pela via de uma leve redução da taxa de juros, os banqueiros se rebelaram, acionando o PIG, a Tucanalha, o REDE de Marina e até a “oposição de esquerda” para nomear o “tomate” como paladino de uma grande “causa patriótica”: os juros altos!


Ao contrário do que afirma a esquerda reformista, a redução dos juros nunca foi uma bandeira da classe operária, que por sinal sempre perde na adoção das políticas de redução das taxas de remuneração financeira,seja em seu FGTS ou em sua pequena caderneta de poupança. Outra questão completamente distinta é fazer coro em bloco com os rentistas pela elevação dos juros. Os marxistas revolucionários devem manter completa independência política da burguesia industrial em sua cruzada pelos juros baixos concedido às grandes empresas. Quem não se lembra do megaindustrial José Alencar, vice de Lula, em campanha política permanente contra os juros altos, ou do “mantra” da FIESP repetido a cada vez que o BC sobe a taxa Selic. Os trabalhadores devem sim exigir uma política estatal de juros negativos, subsidiados pelo caixa do Tesouro Nacional, para os pequenos produtores e comerciantes, conectando esta reivindicação à luta direta pela estatização do sistema financeiro, sem nenhuma indenização aos rentistas e parasitas do mercado de capitais. Somente com esta plataforma transicional o proletariado manterá sua autonomia de classe diante do cabo de guerra entra a burguesia financeira e industrial, uma disputa patronal onde sempre sai perdendo, independente da ala capitalista vitoriosa.

O clã dos Setúbal, proprietários da holding Itaú, maior conglomerado financeiro da América Latina, descontentes com o crescimento dos bancos estatais, vem apostando pesado no projeto político da ex-senadora Marina Silva, financiando abertamente o dispendioso processo nacional de legalização do REDE. Representantes de todo um segmento da burguesia nativa com fortes vínculos estabelecidos com o imperialismo ianque, os Setúbal não acreditam na possibilidade dos Tucanos reunirem forças eleitorais para derrotar Dilma já em 2014. Com a sinalização dada pelo governo, de retomada da escala de juros aos patamares anteriores, é possível que o REDE venha a perder o seu principal suporte econômico e por consequência nem venha a se viabilizar institucionalmente para a corrida presidencial. Por outro lado, com a decisão do COPOM e na possibilidade de novas altas da Selic, Dilma acaba jogando “água na fervura” da candidatura de Eduardo Campos que começa a ganhar corpo com a falência política precoce de Marina. De qualquer forma, os rumos determinados pela equipe econômica do Planalto, incluindo a direção do BC, terão ingerência direta na campanha eleitoral de 2014 e, ao que tudo aponta, os neopetistas do governo Dilma caminham para reatar as boas relações com a velhacaria da banca financeira, os verdadeiros mandatários da asquerosa mídia “murdochiana”.

Não há possibilidade no horizonte econômico do próximo biênio do Brasil pelo menos aproximar-se dos níveis de crescimento dos países que integram os BRICs. A política de sustentar uma elevação minimamente positiva do PIB pela via da enorme bolha de crédito já demonstra os primeiros sinais de fadiga. Por isso mesmo, o BC resolveu frear um pouco o consumo elevando a taxa de juros, desta forma tenta “acertar dois coelhos” com uma única pancada. Faltam projetos estruturantes para o desenvolvimento do país, o governo da frente popular é refém do modelo capitalista neoliberal, que nos coloca na divisão internacional das forças produtivas como semicolônia exportadora de commodities agrominerais. Apesar da vocalização do discurso demagógico “desenvolvimentista”, o PT aprofundou a dependência do país aos fluxos de capitais especulativos, que tem procurado preferencialmente nosso mercado para investimentos financeiros em função da grave crise europeia. Deitada em um confortável colchão de Dólares, Dilma vai manejando mediocremente a economia no limite de garantir sua reeleição, oferecendo generosamente a cada setor capitalista parte da “bonança” que atravessa o tesouro estatal. Para o proletariado não há nenhuma conquista histórica sob as gestões petistas, apenas a falsa euforia de um mercado de consumo muito aquecido. O combate de classe por um genuíno governo operário (ditadura do proletariado), no curso da luta pela revolução socialista, mantém toda sua vigência programática e continua a ser o norte estratégico dos marxistas leninistas.