quarta-feira, 12 de junho de 2013


Governo Dilma pretende mesmo conter a alta do Dólar ou beneficiar rentistas e os exportadores do agronegócio?

Uma certa “tensão” ronda os chamados “mercados emergentes”, como o Brasil, trata-se da possibilidade do FED (Banco Central) norte-americano alterar sua política de expansão monetária para combater a recessão interna e no bojo voltar a elevar as taxas de juros dos títulos públicos emitidos pelo Tesouro, congeladas desde o crash financeiro de 2008. Caso o FED decida tornar mais “atraente” a taxa de juro ianque espera-se uma corrida de investidores, que voltariam para o “lar” no sentido de especular com os “papéis” mais garantidos do planeta. A economia norte-americana apresenta leves sinais de recuperação após quatro anos de estagnação, o sistema bancário foi parcialmente “saneado” (não há ameaças de falência) e até mesmo os valores imobiliários voltaram a subir. Vale destacar que o custo social da “recuperação” econômica ianque é bastante elevado, os índices de desemprego ainda são praticamente os mesmos de 2009, acompanhado das perdas de conquistas operárias históricas com o fim do “Welfare State”. O Brasil foi diretamente beneficiado com a crise mundial de 2009, logo após o “susto” que implicou em uma interrupção momentânea do fluxo de crédito ao país, assistimos uma verdadeira “enxurrada” de investimentos financeiros “globais” a procura do binômio de juros altos e estabilidade política e social vigente no “reino” petista do pacto social. Mas agora a “onda” financeira promete virar da “periferia para o centro” e o desprestigiado Dólar ameaça tomar seu lugar de volta, esboçando uma valorização mundial, que no Brasil já chegou a casa de 6% em apenas 30 dias.


A forte desvalorização do Real pôs a equipe econômica palaciana em alerta máximo, pois coincidiu com a campanha midiática (em uníssono com a oposição Demo-Tucana) que alardeava a volta do ciclo inflacionário, elegendo até um novo “vilão” nacional, o tomate. Atendendo prontamente a histeria midiática, supostamente muito “preocupada” com os efeitos inflacionários no bolso da população, o governo Dilma retomou a escalada do viés de alta na taxa SELIC, acalmando desta maneira a ira dos rentistas contra a pequena redução dos juros praticada pelos bancos estatais. Mas se os tecnocratas do BC conseguiram manter o índice inflacionário dentro do teto das metas definidas pela autoridade monetária, o mesmo não pode ser feito quando a questão se trata da taxa cambial. Com a vigência da política do cambio flutuante, tão defendida pelos apóstolos do neoliberalismo, o Dólar (leia-se rentistas internacionais que detém debêntures de grandes empresas atreladas à moeda norte-americana) tem espaço livre para “voar” e promover um verdadeiro ataque especulativo às nossas “gordas” reservas cambiais.

As medidas adotadas pelo BC para conter a disparada do Dólar mais se assemelham à tentativa de “apagar um incêndio com gasolina”. Primeiro isentaram o IOF de aplicações estrangeiras em carteiras de renda fixa, o chamado “capital de motel”, como não surtiu efeito algum a não ser auferir mais lucratividade às ações dos agiotas internacionais, passaram a promover os chamados “swaps cambiais”, ou seja leilões de venda de dólares (contratos futuros) a um preço muito convidativo aos rentistas. O resultado foi somente o de “queimar” em um único dia mais de dois bilhões de nossas reservas cambiais e mesmo assim assistir de “camarote” a uma nova elevação da cotação da moeda norte-americana. O movimento especulativo em torno da taxa de câmbio também tem estimulado grandes empresas transnacionais que operam no país a aumentarem drasticamente suas remessas ao exterior para tirarem vantagem da alta do Dólar, como nossa economia possui um alto grau de desnacionalização esta movimentação financeira tem forte impacto negativo no balanço de nossa conta de transações correntes.

Mas não só os rentistas do mercado de capitais estão muito contentes com a política adotada pelo BC, em nome da nova “cruzada contra a inflação”, os exportadores do agronegócio que sempre clamaram pela maxi-desvalorização do Real vivem atualmente no “mundo dos sonhos”. Com as commodities agrominerais cotadas em um Real fraco, aumenta a competitividade das exportações brasileiras no mercado mundial, enquanto que para o consumo interno os preços se elevam em função da escassez de produtos alimentares. Em resumo, podemos afirmar que este governo da Frente Popular, como legíitimo representante do capital financeiro e do agronegócio, não toma qualquer medida efetiva no combate à especulação cambial, ao contrário caminha na direção oposta entregando o patrimônio nacional do país nas mãos dos grandes trustes imperialistas. A gerência do PT, pela sua própria natureza de classe, é incapaz de interromper a desnacionalização de nossa economia e adotar medidas elementares em defesa de nossa moeda, como o controle cambial e de remessa de lucros, assim como a estatização do sistema (cassino) financeiro nacional, medidas formuladas não por um governo “socialista”, mas pelo impotente nacionalismo burguês do presidente deposto João Goulart. Como a própria historia já demonstrou, somente a classe operária (suas organizações políticas revolucionárias) será capaz de realizar as tarefas democrático-burguesas pendentes, em plena etapa de decadência capitalista mundial.