quinta-feira, 27 de junho de 2013


PM do governador Sérgio “Caveirão” promove chacina em favela do Complexo da Maré

A polícia do governo Sérgio “Caveirão” invadiu a favela Nova Holanda na noite do dia 24 de junho, do Complexo da Maré, se utilizando de 500 homens cujo operativo incluía o batalhão do BOPE (Batalhão de Operações Policiais Especiais), batalhão do Choque e de cães e seus odiados “caveirões”, além da Força de Segurança Nacional. A ação visava perseguir supostos bandidos que efetuavam arrastões durante uma passeata de protestos na Avenida Brasil, quando em troca de tiros um sargento da PM supostamente fora baleado e morto, possivelmente em operação de “queima arquivo” entre os próprios policiais. Não tardou para que o BOPE tomasse a favela com uma truculência e selvageria extrema a pretexto de prender o responsável pela morte do soldado. Esta operação de guerra se converteu em uma chacina que teve como saldo, nove mortos, vários feridos e presos, tudo após agredir violentamente moradores, chutar portas de residências e soltar cães aleatória e indiscriminadamente contra transeuntes e trabalhadores, ameaçar com retaliações, jogar bombas de gás, atirar granadas nas redes de energia elétricas deixando o local às escuras. Dos nove mortos, pelo menos quatro não tinham qualquer antecedente criminal, mas foram executados à queima-roupa com tiros na nuca, o que revela a orientação do alto comando de atirar para matar e “produzir provas” que atestem os mortos serem bandidos, tal como colocar armas e drogas nas mãos das vítimas. Assim testemunhou um parente de um dos assassinados que era adolescente: “Depois de morto botaram uma arma na mão dele para incriminar. Nem antecedentes criminais esse menino tinha” (O Dia, 26/6). Ou então, relata a cunhada de outra vítima “que era garçom, morreu no bar onde trabalhava com um tiro na cabeça, no Parque União. Estávamos dormindo e escutamos barulho de tiros, só tivemos conhecimento da morte do Eraldo quase meia hora depois” (idem). Nos “autos de resistência” consta que “eram todos bandidos”. Os assassinos fardados tomaram de assalto a favela para aparentemente vingar a morte do sargento, o que também é verdade, mas cumprem objetivamente a função política de espalhar o terror sobre a população pobre do Rio de Janeiro, onde o Estado capitalista exerce o monopólio da violência contra os explorados.

Esta criminosa operação de guerra cumpre a finalidade de espalhar o terror sobre as comunidades pobres das favelas do Rio de Janeiro, principalmente nesta etapa em que as manifestações de massas se desrepresam da camisa de força imposta pelas direções sindicais burocratizadas e no bojo da repressão às passeatas por parte do governo Cabral/Paes. Porém, helicópteros, “caveirões”, fuzis são utilizados indiscriminadamente contra os moradores do subúrbio, após uma passeata em defesa da redução do transporte público em Bonsucesso. Nesta trilha, no dia 20, a polícia de Cabral, com quase um milhão de pessoas nas ruas, foi mobilizada com um efetivo voltado para reprimir manifestações em diversos bairros da cidade. Na favela Nova Holanda, as forças foram desproporcionais e desmedidas, onde a troca de tiros e invasão de residências é prática rotineira da PM nas comunidades pobres cujas execuções sumárias são um método sistemático de extermínio levada a cabo pela classe dominante. Desta forma, “auto de resistência”, “resistência seguida de morte” e outros artifícios fraudulentos servem para acobertar os crimes do BOPE que é uma máquina de matar gente e impõe um verdadeiro estado de sítio sobre as favelas cariocas com as famigeradas UPPs. Evidentemente, que na periferia e favelas cariocas a polícia não usa “spray de pimenta”, mas fuzis e os equipamentos bélicos de última geração para efetivar a sua matança quase que cotidiana de pobres e negros.

Para o marxismo revolucionário, a ocupação das favelas tem um preciso conteúdo de classe: serve para oprimir e aterrorizar a população local (policiais estupram, roubam, traficam, chantageiam moradores etc.). Assim age no âmbito internacional o imperialismo para acobertar sua política genocida sobre países invadidos como o Iraque, Afeganistão, Líbia... dando vazão para que ações deste tipo adquiram um conteúdo universal de belicosidade militar e ideológica, logo assimilados e colocados em prática por governos de plantão como o de Dilma Rousseff, Cabral, Alckmin etc. Nesta ótica, fica claro o conteúdo de classe contra a população explorada das periferias e favelas. Os figurões da burguesia consomem cocaína de alta qualidade em abundância, importam carregamentos bélicos para alimentar o crime organizado e comanda sua distribuição em associação com Cabral e os demais políticos burgueses que controlam o Estado e o aparelho de repressão (alfândega, monitoramento de fronteiras, entrada e saída de cargas em portos e aeroportos, etc...). Nesse cenário, a população pobre do Complexo da Maré, da Rocinha, do Alemão, Vidigal, Chácara do Céu... são vítimas desse esquema mafioso e repressivo! A invasão da PM às comunidades deve ser repudiada pelo conjunto do movimento operário como mais uma ação voltada a criminalizar o povo trabalhador que vive nessas áreas completamente desassistidas, em saúde e educação dignas, enquanto os barões capitalistas da “high society” e sua mídia “ética” fazem todo tipo de negócios e depois buscam “laranjas” nos morros para encobrir seus crimes e justificar a ação da máquina de repressão estatal. Um negócio bilionário como a distribuição de cocaína e de armas só pode ser gerido por peixes graúdos do sistema capitalista, onde os maltrapilhos traficantes são meros “corretores” ou parceiros da valiosa “mercadoria”, descartáveis frente aos interesses dos verdadeiros reis do tráfico da estirpe do “Cabralzinho do pó”, como é conhecido o governador nos meios “cheiradores”. Quer dizer, os maiores barões do tráfico não estão nos morros e favelas, mas sim nos palácios e condomínios de luxo.

Nestes episódios fica absolutamente cristalino o grande “equivoco” da esquerda revisionista em apoiar as reivindicações corporativas da Policia Militar, sob o pretexto de solidariedade sindical indiscriminada de “defesa das greves”. Apoiar as reivindicações salariais do braço armado do Estado burguês implica necessariamente dotar a tropa de melhores condições para reprimir os trabalhadores e a população oprimida.

A tarefa de derrotar a PM assassina, as FFAA, as milícias e o narcotráfico está nas mãos da classe trabalhadora e do povo pobre. Este não pode continuar indefeso contra a violência organizada do Estado capitalista e seus bandos mafiosos. Precisa dar um basta a estas chacinas, organizar comitês de autodefesa pela expulsão do aparato repressivo das favelas, pela destruição das polícias como parte de um programa revolucionário que, através da unidade com os trabalhadores da cidade e do campo, exproprie a burguesia para que sobre os escombros desse Estado burguês corrupto e assassino se construa um poder de novo tipo, capaz de erguer um modo de produção social que garanta condições dignas de vida para o conjunto dos que trabalham e não que sirva para acumular capital a fim de engordar os bolsos de um punhado de parasitas mafiosos.