quinta-feira, 11 de julho de 2013


Nova alta de juros: A única voz que este governo atende é a dos banqueiros e rentistas internacionais

Pela terceira vez consecutiva o COPOM, organismo colateral do Banco Central, deliberou por um aumento de 0,5% ponto percentual na taxa Selic, atendendo assim a “reivindicação” dos banqueiros e rentistas internacionais. A nova política de juros do BC é resultado de uma ampla campanha do PIG a favor do aumento do superávit primário, possibilitando assim que o governo Dilma destine recursos do orçamento para o pagamento dos spreads da dívida interna. Ouvindo as “queixas” dos banqueiros de que o governo “gasta demais”, o Ministro da Fazenda Guido Mantega anunciou um corte de 15 bilhões no orçamento federal, apesar do recorde positivo de 6 bilhões obtido no mês de maio. A decisão de retomar o ciclo de juros altos, tomada por unanimidade pelos tecnocratas do BC, teve como base o suposto combate à inflação, alimentada artificialmente pelos especuladores e grandes atacadistas. Outro ponto que balizou a decisão do governo foi a disparada do Dólar, que atingiu no Brasil os mesmos patamares de cotação da crise financeira de 2008. Remunerando o capital acima das taxas médias praticadas no mercado mundial, o governo Dilma pretende retomar a política monetária da era FHC, onde o país era um porto generoso de atração de capitais voláteis, gerando retração na produção industrial e incentivo à exportação de commodities agro-minerais, para aproveitar a maxidesvalorização do Real. Em pleno momento onde as massas saem as ruas exigindo mudanças estruturais no regime burguês, o governo da Frente Popular segue a direção política exatamente contrária, aprofunda o modelo neoliberal para beneficiar o capital financeiro, tentando desta forma inutilmente acalmar a ira do PIG que saliva a derrota do PT em 2014.

O pagamento da dívida interna (principal e spread) é o principal elemento econômico que “engessa” o governo para realizar investimentos em áreas sociais, como saúde, educação, transporte e habitação, restando somente para o orçamento estatal (descontado os valores destinados à dívida publica) a função de alocar verbas para as grandes empreiteiras, o chamado PAC. Com um montante acumulado de mais de três trilhões de Reais (o BC mascara os dados verdadeiros com truques contábeis), só com juros de “rolagem” o governo paga ao mercado financeiro cerca de 500 bilhões por ano pelos serviços da dívida. Com um modelo baseado na contração internacional de crédito, principalmente pela via do BNDES, o Brasil viu sua dívida interna duplicar, enquanto o governo Lula afirmava enganosamente que a dívida externa teria sido “zerada”. O mecanismo de maquiar a dívida externa com a metodologia de criar um “super” banco nacional de fomento (BNDES), captando recursos internacionais com juros baixos, começa a mostrar sinais de esgotamento, principalmente no cenário de uma retomada parcial do crescimento econômico norte-americano.

Por outro lado, as projeções do crescimento do PIB em 2013 recuam a cada “análise” do mercado, obrigando o governo a conceder a burguesia mais subsídios e isenções fiscais para manter aquecido o consumo interno. Na ausência de um projeto nacional de desenvolvimento capitalista, não existem recursos sequer para construir novas refinarias para processar o “pré-sal”, a equipe econômica palaciana vai “empurrando com a barriga” e administrando o “pibinho” diante de um quadro de relativa gordura em reservas cambiais. A guinada monetarista realizada pelo BC, sob a orientação direta dos rentistas, ameaça inclusive o frágil equilíbrio econômico nacional, que vem garantindo taxas relativamente baixas de desemprego.

Os marxistas revolucionários vem há muito denunciando a completa subordinação deste governo aos “barões” do mercado financeiro. Não existe nenhuma alternativa para o atendimento das reivindicações populares que não passe pela anulação completa de toda a dívida interna e externa, vinculada à estatização do sistema financeiro nacional sob controle dos trabalhadores. Esta sim deve ser uma bandeira programática prioritária a ser levantada em todas as manifestações que forem realmente protagonizadas pela esquerda comunista e o movimento operário.