sexta-feira, 27 de setembro de 2013


Há cinco anos da quebra do Lehman Brothers o FED continua socorrendo a burguesia ianque... e também a brasileira!

No dia 15 de setembro de 2008 era anunciada como uma “bomba” a quebra financeira do quarto maior banco de investimentos norte-americano, o Lehman Brothers. Era o “alarme” do chash financeiro anunciando que a crise dos títulos “Sub-prime” que afetara o mercado bursátil de Wall Street contaminava também o poderoso setor financeiro ianque. Em poucos dias, naquele “setembro negro”, tomou conta no mundo inteiro um clima de “catástrofe” econômica que levaria pânico a todos os mercados, desde as semicolônias até os centros imperialistas. Logo os boatos davam como certa a falência de grandes complexos industriais, como a General Motors por exemplo, de imediato ocorreu uma interrupção do fluxo financeiro internacional levando a uma abrupta retração do crédito, instalando-se uma recessão global generalizada. Somente dois “ícones” do capitalismo financeiro pareciam passar incólumes pela crise de 2008, o Dólar que apresentou robustos índices de alta e os próprios títulos do Tesouro norte-americano que continuaram atrair as reservas monetárias das principais economias do planeta. Para os marxistas revolucionários era um claro sinal de que a economia imperialista dos EUA estava bem distante de “colapsar” e que o “armagedon final” tanto difundido pelos rentistas e barões da indústria era uma manobra midiática para amealhar centenas de bilhões de dólares do botim estatal ianque. A esquerda revisionista logo “comprou” a versão do iminente “apocalipse” do regime capitalista, chegando a anunciar que o imperialismo não conseguiria sobreviver (política e economicamente) até o final de 2009. Quem pode esquecer os inúmeros artigos da imprensa da LIT, UIT ou mesmo da FT (PTS argentino) anunciando que: “muito em breve nossas seções nacionais terão milhares de militantes e deverão estar preparadas para tomar o poder” (PO, 10/2008). A LBI foi a única organização marxista a caracterizar cientificamente o fenômeno do crash financeiro de 2008, como o momento final de uma onda larga de expansão capitalista, iniciada logo após a crise dos mercados (“tigres”) asiáticos na década de 90. Alertamos que o modo de produção capitalista ainda detinha uma série de recursos para a recomposição parcial de suas taxas de lucro, mesmo seguindo sua tendência histórica irreversível de estancamento das forças produtivas. Passados cinco anos do ápice da crise econômica, o imperialismo master mostrou que não naufragou no abismo abissal vaticinado pela esquerda revisionista, as enormes reservas financeiras do Estado capitalista funcionaram como “salvaguardas” para os trustes ianques se recomporem e até alavancarem seus negócios. Aos que ficaram “surpresos” com o papel jogado pelas instituições estatais na recuperação dos oligopólios privados, o “velho” Marx já respondia a esta questão afirmando que o “estado não passa de um comitê central dos negócios da burguesia”.

Mas se a chamada política Keynesiana entrou em ação em uma época de plena apologia ao “livre mercado” e da tônica a um neoliberalismo radical, foi porque ambas políticas estatais são úteis à burguesia em momentos históricos distintos. É bem verdade que o atual Keynesianismo é mitigado com fortes doses de monetarismo e liberalismo econômico, mas não poderia ser diferente no período de crise estrutural do capitalismo. O enorme déficit do Tesouro norte-americano conseguiu suportar seu alongamento “forçado” pelo crash financeiro, ao contrário dos estados europeus, “amarrados” com um banco central único à serviço do imperialismo alemão. O FED atuou com energia e não negou “fogo” a sua própria burguesia, mas de quebra também acabou por impulsionar mercados emergentes, principalmente na América Latina, como o Brasil, avalizando o desvio de capitais especulativos para economias mais estáveis. O resultado prático desta “trilha” financeira foi a geração de uma enorme bolha de crédito, alimentando o consumo de uma “nova classe média” tupiniquim.

Com uma recuperação mediana, a economia ianque ao longo destes cinco anos ainda apresenta níveis elevados de desemprego, ainda que tenha demonstrado capacidade de elevação constante do PIB. Segundo o departamento de Comércio do governo ianque, informou nesta quinta-feira (26/09) que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu a uma taxa anual de 2,5 por cento no período de abril a junho deste ano. Também no mesmo relatório, o departamento estatal afirmou que seu índice de preços para as compras do consumidor, que é a principal medida de inflação do Federal Reserve, banco central do país, caiu a uma taxa de 0,1 por cento. Em resumo podemos concluir que a maior economia capitalista do mundo caminha “travada” com um crescimento pífio e inflação sob controle. Só não podemos dizer o mesmo dos lucros das transnacionais ianques, que acumularam cifras espetaculares de crescimento nos últimos três anos, refazendo os mesmos níveis de capitalização de antes da crise, isto tudo sem falar da “generosa” ajuda estatal a fundo perdido...

Com a política dos subsídios estatais a todo vapor, o FED deve retardar o aumento de sua taxa de juros ainda por um bom período. Esta posição continua por favorecer a burguesia brasileira, que vem atuando como “mediadora” do Banco Central em sua escalada de retomar o viés de elevação da taxa SELIC. Com o mercado nacional “encharcado” de capitais, nossa dívida interna não para de crescer, compensando assim o corte dos investimentos públicos (política de superávit primário). Desta forma a ausência de recursos estatais para o desenvolvimento de projetos estratégicos para alavancar a economia brasileira, é substituída pela “falsa euforia” de um consumismo sem limites, onde os rentistas do mercado financeiro e a burguesia agroexportadora (commodities agrominerais) são os principais “pilares” do nosso tacanho crescimento, associado e dependente do imperialismo ianque.