terça-feira, 3 de setembro de 2013


Janira Rocha faz “rachadinha” na ALERJ e desvia recursos do Sindsprev-RJ: Apenas a ponta do iceberg no mar de corrupção que está mergulhado o MTL, PSOL e o parceiro PSTU

A deputada estadual Janira Rocha (PSOL-RJ) ganhou as manchetes dos jornais e Tv’s (ver vídeo do G-1 http://g1.globo.com/videos/v/ex-assessores-de-deputada-do-psol-sao-acusados-de-venda-de-dossie-no-rj/2798932/) depois que dois ex-assessores de seu mandato foram presos acusados de extorsão quando tentavam negociar a entrega de um dossiê contendo denúncias contra a dirigente do MTL para a também deputada e agora Secretária estadual de Defesa do Consumidor, Cidinha Campos (PDT). Segundo a imprensa eles cobravam R$ 1, 5 milhões para repassar a adversária política da deputada psolista documentos e gravações que provavam o uso de verbas do Sindsprev-RJ para bancar a campanha eleitoral de Janira para a ALERJ em 2010 assim como a aplicação da chamada “rachadinha” no salário de seus assessores. Note-se que estes assessores (Cristiano Ribeiro Valadão e Marcos Paulo Alves) não eram meros funcionários e sim militantes do PSOL, do MTL e ativistas ligados ao Sindsprev, tanto que em entrevista acusaram Janira de embolsar o dinheiro para uso privado e não para projetos coletivos. Segundo Marcos Paulo, do salário de aproximadamente R$ 7.000, R$ 4 mil eram devolvidos a deputada: “Porque fazia a cotização, dizia que era para os nossos projetos, para as nossas coisas e no final não tinha nada disso” (G1, 03/08). Já Cristiano Valadão declarou: “Ela fez um acordo político. A proposta de cotização foi para que a gente bancasse o nosso movimento popular. Isso nunca aconteceu. A deputada estadual é uma farsa. Ela prega o socialismo e é não socialista” (Idem). No dossiê, além de documentos, os dois juntaram fitas de áudio gravadas durante conversas com Janira. Em um destes diálogos, ela admite que usou verbas do sindicato e propõe a elaboração de um relatório para disfarçar o uso do dinheiro: “A gente pode botar no relatório que o dinheiro foi para atividades políticas, mobilizadoras, não pode dizer que foi pra construção de PSOL. Foi para disputa, para eleger deputado. Isso não pode, isso é crime, então é um crime tanto do sindicato quanto um crime nosso, né? Crime eleitoral” (Ibdem), o mesmo ocorrendo com a “rachadinha”. O escândalo já provocou o afastamento de Janira da presidência do PSOL fluminense e da liderança do partido na ALERJ. Não temos dúvida que Cidinha Campos, aliada do odiado Cabral usou as denúncias dos ex-assessores de Janira para desgastar a deputada do PSOL que faz oposição ao governador do PMDB na ALERJ. Mas uma coisa é reconhecer o uso político pela direita das denúncias em meio à disputa política, outra coisa é acreditar ou fingir crer que os “desvios” não são verdadeiros. Está claro que a “rachadinha” e o uso do dinheiro do Sindsprev-RJ ocorreram, até porque são práticas corriqueiras na esquerda reformista que tem grande parte de sua “militância” dependente materialmente dos cargos de “assessores” e dirigentes sindicais liberados, sendo o pagamento de seus salários a garantia de “fidelidade política”. Apesar de seus deputados e dirigentes sindicais posarem como paladinos da “ética na política”, defensores da “autonomia dos sindicatos” e contrários ao suposto “aparelhamento das entidades”, justamente para se apresentarem como respeitáveis cumpridores da legislação burguesa, estes farsantes são na verdade os que mais se locupletam para o uso privado dos recursos dos mandatos e dos sindicatos, fazendo da conquista dos postos parlamentares seu objetivo central, mesmo que para isso tenham que se aliar aos partidos burgueses, como o Rede de Marina Silva e fazer negócios com empresários, como é prática do MTL e do PSOL. Em resumo, estas práticas venais nada tem a ver com a conduta de um parlamentar revolucionário como cinicamente balbuciou Janira em sua defesa!

Obviamente, Janira Rocha já declarou que tudo não passa de uma armação de Cabral e seus aliados contra a “combativa” parlamentar. Ela declarou que “conheceu os dois homens nos movimentos sociais e os convidou para trabalhar em seu gabinete. Segundo Janira, eles foram exonerados em junho deste ano por mau desempenho. A deputada disse que já tinha sido chantageada pelos ex-assessores e encaminhou a denúncia ao Ministério Público e à Presidência da Alerj. Valadão era auxiliar especial e ganhava R$ 3.423,15. Já Alves era assessor parlamentar I, cujo salário é R$ 6.364,63. Os dois foram demitidos porque a deputada não estava gostando do trabalho deles, que era cuidar das relações políticas da parlamentar com o partido” (G1, 03/08). Não temos dúvidas que o PSTU e as correntes de “esquerda” do PSOL como a CST e a LSR vão reproduzir a mesma cantilena, com algumas ressalvas formais. Em nota, o PSOL informou que marcou para esta terça-feira (3) uma reunião para tratar do caso: “O documento trata da tentativa de extorsão por parte de filiados do partido. A Executiva Estadual já havia agendado reunião para amanhã, dia 3 de setembro, para decidir sobre o pedido de expulsão desses senhores e abertura de comissão de ética para investigar o conjunto das denúncias” tentando claramente tirar do foco os atos da deputada. Entretanto, o escândalo já provocou o afastamento de Janira da presidência do PSOL fluminense e da liderança do partido na ALERJ, ambas medidas aprovadas pela direção estadual, além da expulsão sumária dos militantes que denunciaram Janira, como relatou Marcelo Freixo em entrevista a CBN: “Os membros dos partido que fizeram a extorsão, que tentaram vender comprovadamente dossiê foi aprovada já a expulsão destas pessoas, não só dos dois mais de todos os envolvidos que chegam a nove” (rádio CBN, 03/08 - http://cbn.globoradio.globo.com/cbn-rj/cbn-rj/2013/09/03/JANIRA-ROCHA-DEIXA-DIRECAO-DO-PSOL-E-LIDERANCA-DO-PARTIDO-NA-ALERJ.htm). Estas medidas provam que a direção do PSOL acoberta a deputada psolista buscando abafar o escândalo e procura preventivamente proteger Marcelo Freixo, estrela eleitoral do partido no estado, que desde já defende o “cumprimento da lei”. Tamanha “solidariedade” dos membros da “frente de esquerda” tem como base a identidade política com Janira e a sua “gerência” no Sindsprev-RJ, um dos principais sindicatos filiados a CSP-Conlutas. Os revisionistas do PSTU são os mesmos que fecharam uma aliança com o PSOL e PCdoB em Belém, apoiando uma figura burguesa tão corrupta quanto a de Elias e Janira, trata-se do ex-prefeito petista Edmilson Rodrigues. Todos sabiam que o candidato derrotado da frente de esquerda em Belém, é um “velho” conhecido do PSTU, administrou a cidade oito anos em “companhia” dos tubarões capitalistas, além de uma “malta” de vereadores “picaretas”. O mesmo Edmilson que o PSTU apresentou escandalosamente como “socialista”, em sua conveniente amnésia, reprimiu violentamente todas as mobilizações do funcionalismo público municipal, em particular as greves dos combativos professores. Como se vê, a “obsessão” oportunista de eleger um parlamentar a qualquer preço a fim de ele fazer todo tipo de negócios não é “privilégio” do PSOL mas também contaminou o PSTU!

A “folha corrida” do MTL é longa e abarca vários de seus quadros! Denúncias contra Elias Vaz colhidas em escutas telefônicas da PF já ocuparam no ano passado as manchetes noticiando o envolvimento do vereador burguês corrupto de Goiânia e também do presidente do PSOL de Goiás, Martiniano Cavalcante, nos “negócios” de Carlinhos Cachoeira. A “parceria” do MTL com o bicheiro para além da política envolvia empresas de veículos e construção civil, remontando mais de uma década. A trajetória “político-empresarial” da dupla Elias Vaz e Martiniano Cavalcante vem de longe (formando cooperativas de transporte e abrindo postos de gasolina) e não é novidade para nenhum militante de esquerda, o mesmo pode-se dizer da prática de Janira Rocha. Lembremos ainda que Janira era fiel escudeira de Heloísa Helena dentro do PSOL. Quando a atual vereadora de Maceió foi para o REDE conseguiu trazer das entranhas do PSOL o MTL dos também vereadores Jefferson Moura do Rio e Elias Vaz de Goiânia. O “experiente” (em vigarices políticas) dirigente do MTL, Martiniano Cavalcante, é hoje homem de confiança de Marina Silva. O ingresso do MTL no REDE aconteceu como produto de mais uma manobra da dupla Heloísa e Martiniano, pois formalmente o MTL se dissolveu para permitir que a deputada carioca Janira Rocha permanecesse no PSOL, ou seja, é a velha tática de um “ovo em cada cesta”, os vereadores do MTL recém eleitos embarcaram imediatamente no REDE, já a deputada estadual Janira espera a legalização pelo TSE do novo partido para aderir oficialmente. O REDE tem até setembro deste ano para cumprir todos os requisitos que a legislação eleitoral vigente impõe, caso não consiga obter seu registro este ano sua participação nas eleições de 2014 fica inviabilizada completamente. Mas, mesmo na hipótese (bastante provável) de conseguir a legenda para as próximas eleições, o REDE disporá de pouquíssimos minutos de TV para potenciar sua candidata ao Planalto, o que já obriga necessariamente Marina a “trabalhar” pela construção de uma frente política eleitoral com o PSOL e seus aliados de “esquerda”, PCB e PSTU. É exatamente esta a principal “missão” do corrompido grupo de Martiniano e Janira, estabelecer uma “ponte” entre o REDE e o PSOL, deixando o antigo MTL posicionado em “duas frentes de batalha”. É importante registrar que o MTL também goza de livre trânsito com o PSTU, foi a principal tendência do PSOL a permanecer no interior da CONLUTAS, após o racha de 2010, onde a quase totalidade dos psolistas se retiraram desta central sindical.

Como vimos, o escândalo envolvendo a deputada Janira Rocha é apenas a ponta do iceberg no mar de corrupção em que está mergulhado o MTL e o PSOL, que negociam seu apoio a Marina Silva. Todos estes fatos demonstram que a tentativa de “vender” a ideia do suposto caráter “socialista” do PSOL, realizada pelos morenistas que estão dentro (CST) e fora do partido (PSTU), soa cada vez mais como ridícula. A estrutura política e material alcançada pelo PSOL através dos mandatos nas capitais vai incrementar ainda mais seus apetites eleitorais e o único caminho para crescer será ampliando seu leque de alianças burguesas e a corrupção que tal sendo inevitavelmente provoca. A esta estratégia determinada pela direção do PSOL está necessariamente colada a CST e o próprio PSTU, ainda que diga formalmente reclamar deste curso. Tais queixas não passam de mero ilusionismo, porque o PSOL, como se provou em Belém ou em Macapá, pode receber recursos de empresários, coligar-se com o PCdoB, ter o apoio do DEM/PSDB/PTB e se aliar a Marina Silva que os morenistas não rompem a aliança se esta lhe trouxer dividendos eleitorais. Os desvios de Janira apenas são mais um elemento desta longa lista. No Congresso Nacional ou no movimento de massas, o PSOL deve ser caracterizado da mesma forma, ou seja, um partido democratizante pequeno-burguês, totalmente alheio aos interesses históricos da classe operária. A prática política de Janira só comprova o que afirmamos. Os parceiros de “esquerda” do PSOL, o PSTU, trilham o mesmo caminho de corrupção material e alianças com a direita. Não é por coincidência que o PSOL e PSTU se mantém em silêncio absoluto diante da farsa midiática montada em torno da candidatura de Marina Silva, apresentada como “ecologista” mas que na verdade representa os interesses mais reacionários do imperialismo e do capital financeiro. Os revisionistas do PSTU é claro estão interessados em uma aliança eleitoral com o REDE em 2014, deixando esta tarefa “suja” para o PSOL “costurar” (o MTL é a ponte) para depois aderirem “criticamente”, como fizeram na eleição passada em Belém na coligação com o PCdoB.