segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Leia o Editorial do Jornal Luta Operária nº 264, 2ª Quinzena de Agosto/2013

Abaixo a agressão imperialista contra a Síria! Esmagar a contrarrevolução “rebelde”! Organizar brigadas internacionalistas em unidade de ação com o governo Assad para combater a OTAN!

O imperialismo ianque já se decidiu pela agressão militar a Síria. Obama e seu staff político-militar sequer aguardou a saída dos inspetores-espiões da ONU do território sírio para anunciar detalhes dos preparativos da intervenção bélica norte-americana, prevista para ter início entre os dias 10 e 11 de setembro. Até lá, o “falcão negro” irá consultar o Congresso ianque sobre sua decisão a fim de repartir a responsabilidade pelo ataque com os Republicanos e angariar a ajuda de outras potências imperialistas agrupadas na OTAN. Os EUA contarão ainda com o suporte logístico das reacionárias petromonarquias do Oriente Médio agrupadas no Comando Geral do Golfo (CGG) e da Turquia, que enviaram nas últimas semanas centenas de mercenários para o território sírio via fronteiras turca e jordanica, além de ter o apoio entusiasta do enclave sionista de Israel. Segundo a Casa Branca, serão inicialmente lançados mísseis Tomahawk pelo ar (como ocorreu na Líbia) em uma operação de apoio aos “rebeldes” que combatem as tropas do exército nacional sírio por terra, incluindo entre os mercenários grupos ligados a Al Qaeda, responsáveis por orquestrar o ataque com armas químicas letais fabricadas pelos EUA para incriminar o regime Assad pela morte de crianças e mulheres, um total de 1400 vítimas fatais, justamente o pretexto usado por Obama para autorizar a ação militar ianque. Neste cenário, não resta qualquer dúvida que estamos presenciando os preparativos de uma guerra voltada a derrubar a governo da oligarquia Assad para impor em Damasco uma marionete servil aos interesses de Washington, ou seja, as forças políticas reacionárias e pró-imperialistas agrupadas em torno do Conselho Nacional Sírio (CNS) que nestes dois anos e meio de guerra civil receberam armas, munições, dinheiro e ajuda do Pentágono e seus aliados na região. Obama declarou que em um primeiro momento desferirá um “ataque aéreo limitado” e concluiu: “Não vai haver uma intervenção por terra, não vamos colocar nossas botas no chão, vamos atacar pelo ar a fim de destruir a infraestrutura militar de Assad” (G1, 31/08) em uma ação abertamente coordenada com a ofensiva em solo dos “rebeldes”. Não por acaso, logo após o anúncio de Obama, o porta-voz do Supremo Conselho Militar dos CNS, Qassim Saadeddine, vociferou: “Nossa esperança é tirar vantagem quando algumas áreas (controladas pelo governo Assad) forem enfraquecidas pelo ataque. Ordenamos a alguns grupos que se preparem em cada uma das províncias, que preparem seus homens para quando o ataque acontecer. Eles receberam planos militares que incluem ataques a alguns dos alvos que esperamos que sejam atingidos pelos ataques estrangeiros e alguns outros que esperamos atacar ao mesmo tempo” (Idem). Frente à “parceria” macabra tão evidente, desde já denunciamos que não passa de aberto distracionismo político dos revisionistas do trotskismo (LIT, UIT...) se declararem “Contra a intervenção imperialista” quando ao mesmo tempo pedem “armas para os rebeldes”. Na verdade, a batalha decisiva e de longo prazo na Síria será travada entre os mercenários que serão, de fato, a força militar de ataque em solo do imperialismo contra as tropas do governo Assad, apoiadas pelas milícias populares! Em meio a uma guerra que objetivamente coloca abertamente os “rebeldes” no terreno militar do imperialismo cabe aos revolucionários chamar a derrota de seus agentes em terra e nunca o reforço bélico destes! Quando se trata de uma guerra não há meios termos, como nos ensinou Trotsky. Honrando esta tradição revolucionária, a LBI declara que frente à agressão militar anunciada por Obama, os marxistas leninistas se colocam decididamente ao lado da nação oprimida síria e do governo Assad, defendendo desde a trincheira de luta a mais ampla unidade de ação para esmagar a contrarrevolução “rebelde” e a intervenção bélica do imperialismo, o maior inimigo dos povos e do proletariado mundial!

Já em marco de 2011, a LBI vinha denunciando que as “manifestações” pró-imperialistas organizadas contra Bashar al-Assad pela oposição direitista, que logo assumiram o caráter de ataques militares por parte dos “rebeldes”, tinham o objetivo de provocar uma guerra civil para desestabilizar o país. Enquanto a mídia burguesa e setores da “esquerda” apresentaram tais acontecimentos como expressão da “Primavera Árabe”, caracterizamos já no seu embrião que estava em curso um processo de contrarrevolução no Oriente Médio o qual comportava desde transições políticas manipuladas pela Casa Branca como ocorreu no Egito até intervenções militares em nome da cínica defesa dos “direitos humanos”. Na Síria, foram dois anos e meio de atentados perpetrados por grupos internos terroristas e provocações externas, como as organizadas pela Turquia e Israel, até o imperialismo ianque chegar atualmente à decisão de atacar diretamente a nação semicolonial. Com a vitória militar da OTAN na Líbia no final de 2011, depois que aviões-caças supersônicos F-16 bombardearam o país durante vários meses com mísseis Tomahawk, a fim de abrir caminho para avanço dos “rebeldes” do CNT por terra até estes mercenários tomarem Sirte e assassinarem o coronel Kadaffi, as potências capitalistas se sentiram fortalecidas para avançar sobre a Síria para chegar futuramente a seu objetivo final, o Irã e seu programa nuclear. Nesta senda belicista pretendem também debilitar e destruir o Hezbollah. A profunda derrota da luta anti-imperialista sofrida na Líbia, com a queda do regime nacionalista-burguês do coronel Kadaffi, potenciou os apetites vorazes do imperialismo na região, provocando a reprodução da estratégia ianque em um país que ainda representa limitadamente uma barreira de contenção à expansão sionista em toda região. Nos últimos dois anos e meio, os militares leais a Assad com o apoio resoluto do Hezbollah vinham impondo uma série de derrotas aos “rebeldes” pró-OTAN, que em vias de baterem definitivamente em vergonhosa retirada, montaram uma covarde operação fraudulenta usando armas químicas para chamar pelo socorro das tropas imperialistas justamente quando o país era “visitado” por inspetores-espiões da ONU que pisaram em solo sírio poucos dias antes para “investigar” o uso de armas químicas e agora saíram rapidamente como ratos para agilizar as condições à agressão imperialista! Neste sentido, é preciso ter claro que a agressão imperialista contra a Síria está sendo montada para impor a vitória dos “rebeldes”. Os estrategistas militares do Pentágono planejam uma clara divisão de tarefas, pelo menos inicialmente: ataques aéreos para debilitar o poder militar sírio e fornecimento de armas pesadas para os “rebeldes” avançarem por terra! A grande “massa” apoiadora da oposição que veremos nesse conflito é a massa de explosivos lançados pelos mísseis de cruzeiro do tipo Tomahawk contra o povo sírio em uma guerra que irá consumir milhões de dólares do orçamento militar ianque. No curso da guerra de rapina, a Casa Branca e seus aliados buscarão fortalecer o setor da oposição pró-imperialista que mais se aproximar de seus interesses políticos e econômicos. De fato, a disputa pelo controle político no interior da oposição pró-imperialista ao regime sírio tem se acirrado bastante, entre grupos islâmicos ligados a Irmandade Muçulmana e a Al Qaeda, “correndo por fora” ainda estão as forças ligadas aos sauditas e fundamentalistas do Qatar. O que une todos esses mercenários e o imperialismo ianque é o objetivo de derrubar Assad e negociar um acordo futuro para dividir o botim. A este amálgama contrarrevolucionário até a medula os canalhas revisionistas costumam classificar como “heroicos rebeldes” que estariam lutando contra uma “ditadura assassina”... A verdade é que a “oposição” síria não reúne as menores condições sociais de tomar o poder, sua tática se concentrava na ação militar terrorista como forma de minar paulatinamente o clã da oligarquia Assad, forçando-o a um pedido de renúncia. Como não conseguiu seu intento, recorreu ao imperialismo para forçar a derrubada de Bashar Al-Assad. Isto significaria reconhecer a invasão israelense das colinas de Golan como um fato histórico irreversível e abrir mão definitivamente da influência política síria sobre o Líbano. A anulação da Síria como “potência” militar regional, pela via da ascensão de um novo governo neoliberal, manietado diretamente pelos centros imperialistas, deixaria completamente isolados a Palestina e o Irã, parada final da ofensiva imperial sobre os povos árabes, ironicamente batizada pela Casa Branca de “Revolução Árabe”.

Os revisionistas do trotskismo, como a LIT e a UIT, que sempre apresentaram a ação dos “rebeldes” na Síria como parte da “revolução árabe” (assim como fizeram na Líbia) e chegaram a pedir que Obama armasse os mercenários, inclusive reclamando do “tímido” apoio da Casa Branca ao ELS, agora fingem que agressão imperialista tem como objetivo “barrar o avanço revolucionário”. Cinicamente, dizem que “As declarações públicas dos EUA enfatizam que a medida será uma resposta à utilização de armas químicas, porém não um apoio ao campo militar rebelde... A proposta militar americana, de bombardeios a partir do mar, serão incapazes de destruir os tanques da ditadura, que se encontram nos centros urbanos. A menos que os americanos estejam dispostos a destruir bairros inteiros, algo que causará muito mais sofrimento que alívio ao povo, a artilharia do regime não será eliminada. Para derrotar o tirano sem destruir o país, é necessário armar os rebeldes. Mais do que nunca é necessário deixar clara nossa posição política de apoio à revolução, apoio ao armamento dos rebeldes e total oposição à intervenção imperialista no país. Derrubar Assad sim, destruir Damascos pelo ar, não. O levante popular, por democracia e justiça social se encontra cercado de inimigos: do estalinismo ao imperialismo e o fanatismo islâmico, todos unidos contra a luta do povo sírio. Mais do que nunca, está colocada a tarefa da classe trabalhadora internacional proclamar em alto e bom tom: Viva a revolução, não ao ataque imperialista! Armas sim, bombas não!” (O crime de Assad - Não à intervenção imperialista na Síria! Abaixo o regime genocida de Assad!Sítio PSTU, 28/08). Esta política é apenas uma cortina de fumaça para encobrir a verdadeira “frente única” entre os revisionistas e Obama. A LIT nos diz: “Derrubar Assad sim, destruir Damascos pelo ar, não”, ou ainda “Armas sim, bombas não”... O que significa esta política senão pedir ao imperialismo que ajude os “rebeldes” pró-OTAN para derrubar Assad!!! Afinal de contas, algum militante anti-imperialista acredita que é possível ocorrer uma “revolução” utilizando as armas da OTAN e contar com a ajuda de Obama? Como se vê, os canalhas do PSTU e da LIT dizem que sim! Somos mais uma vez forçados a “esclarecer” os revisionistas do trotskismo que é impossível os “rebeldes” se transformarem em lutadores anti-imperialistas porque estes foram desde o início do conflito armados e orientados pela CIA e o imperialismo como estes mesmos reconhecem publicamente!!! Até o maior dos bucéfalos já chegou à conclusão do que ocorre na Síria não é uma revolta popular como a que se iniciou insipientemente no Egito e na Tunísia há cerca de dois anos e muito menos uma “revolução de massas”, mas sim uma investida contrarrevolucionária coordenada militarmente pela OTAN e politicamente por Obama. Para quem tem as mãos sujas do sangue do povo egípcio, já que a LIT caracterizou como “progressivo” o recente golpe militar, não deve ser muito difícil juntar-se a Obama, Cameron e ao rato Hollande para “exigir” a renúncia de Assad e a transferência do poder para os assassinos “rebeldes”, afinal seria uma repetição do que ocorreu na Líbia onde a tal “revolução” da OTAN dilacerou o país entregando todos os seus recursos naturais para as transnacionais do petróleo! Já o PCO que sempre classificou os “rebeldes” como “revolucionários”, agora nos diz que a “oposição a Assad corresponde aos interesses do imperialismo mundial e a sua política de terra arrasada”. Seu zigue-zague é completamente inconsistente, já que não está baseado em uma autocrítica de sua posição anterior. Causa Operária sempre apoiou a mal-chamada “Primavera Árabe” e chega a declarar que “O ascenso da chamada ‘Primavera Árabe’ levou às ruas milhares de pessoas, em março de 2011, contra as políticas do governo de al-Assad” (Sítio PCO – Síria: O que está por trás da ameaça de invasão imperialista?, 28/08). Por esta razão, apesar de proclamar “Não a invasão imperialista da Síria”, o PCO segue como papagaio do morenismo ao declarar que “O ataque é proposto com caraterísticas cirúrgicas, com ‘apenas’ 50 alvos em princípio, limitados a dois dias de duração, usando mísseis Tomahawks, os mesmos que foram testados no Afeganistão, no Iraque e na Líbia. Só este fato mostra que o objetivo não seria derrubar o regime de al-Assad, nem mesmo de destruir os arsenais de armas químicas... O objetivo do imperialismo, portanto, não seria derrubar o governo de al-Assad. Segundo a própria representante do Departamento de Estado, Marie Harf, declarou recentemente, o objetivo não seria uma ‘mudança do regime’” (Idem). Causa Operária, que parece acreditar também em “Papai Noel”, quer fazer crer que a intervenção militar da OTAN é para “ajudar Assad a conter a revolução” como chegou a afirmar na Líbia? É preciso que o proletariado mundial e sua vanguarda militante abstraiam as lições da barbárie imposta na Líbia pelo imperialismo e o governo atual governo dos ex-“rebeldes” para impedir que estas mesmas traições de classe sejam cometidas novamente na Síria em nome da “revolução”!

Frente a essa realidade dramática está mais do que na hora dos países que se opõem em palavras à agressão neocolonialista contra a Síria (Irã, Rússia, China e Venezuela) forneçam armas e enviem brigadas anti-imperialistas ao país, assim como o Hezbollah e a resistência palestina ataquem Israel, que patrocina os mercenários do ELS. As milícias populares que apoiam o governo Assad ou se colocam contra a agressão ao país devem exigir, por sua vez, que o governo sírio abra os depósitos de armas e munição para os militantes nacionalistas e voluntários de outros países. Uma posição revolucionária neste exato momento passa por estabelecer uma frente única militar com as forças que estejam dispostas a lutar na defesa do atual regime, contra os rebeldes da reação imperialista, com absoluta independência de classe em relação ao governo nacionalista burguês. O único caminho para derrotar a ofensiva contra a Síria é chamando a unidade anti-imperialista em nível mundial. As manobras diplomáticas da China e da Rússia na ONU para protelar a ação militar dos EUA de nada servem, já que os EUA estão incrementando via Turquia, Catar e Arábia Saudita o envio de armas, homens e munições para os mercenários, enquanto organizam o ataque pelo ar! Por sua vez, nada indica que Rússia e China vão intervir militarmente ao lado da Síria. A agressão contra a Síria ocorre em um momento muito peculiar, os “rebeldes” não conseguem avançar sob Damasco e Aleppo exatamente pela absoluta carência de base social de apoio. Nesse sentido, o desenvolvimento de atividades internacionalistas como atos de protesto nas embaixadas e consultados dos EUA que possam galvanizar a vanguarda de massas em apoio à vitória militar do exército nacional sírio sobre os “insurgentes”, apoiados logisticamente pela OTAN e agora com o apoio dos bombardeios pelo ar, se impõe como uma tarefa prioritária para os bolcheviques leninistas. Não confundir este chamado a formação de “comitês contra a intervenção imperialista” que sejam integrados por correntes políticas como o PSTU, CST, “O Trabalho” e seus papagaios revisionistas que apoiam os mercenários “rebeldes”, como vimos na guerra contra a Líbia, política oportunista que a LBI combateu. Não é possível rechaçar a ação do imperialismo em “comitês” compostos pelos defensores dos agentes da OTAN em solo sírio! Qualquer iniciativa contra a agressão imperialista a Síria necessariamente deve estar unida ao chamado pela derrota dos “rebeldes” pró-OTAN!

Desde nossas modestas forças militantes, a LBI conclama as correntes revolucionárias, internacionalistas e anti-imperialistas a se somar a nosso chamado por esmagar a contrarrevolução “rebelde” e a por abaixo a agressão imperialista contra a Síria, organizando brigadas internacionalistas em unidade de ação com o governo Assad para combater a OTAN! Como trotskistas, defendemos incondicionalmente o direito da Síria e do Irã a utilizar todos seus recursos militares (convencionais ou não) contra a agressão imperialista à soberania de seu território. Ao mesmo tempo, lançamos um chamado a todas as correntes se reivindicam anti-imperialistas sobre a necessidade da conformação de uma frente única de ação contra o imperialismo, mesmo com as profundas divergências dos revolucionários com o governo burguês da oligarquia Assad. O combate ao imperialismo, coloca como tarefa central dos genuínos revolucionários a derrota da intervenção imperialista e de seus “rebeldes” made in CIA que são apoiados por várias correntes revisionistas. O estabelecimento de uma frente anti-imperialista é concebido pelos revolucionários como uma frente única de ação com objetivos anti-imperialistas bem delimitados, sem a constituição de um bloco de apoio político comum com setores da burguesia nacional. Na mesma trincheira de luta forjamos as condições para construir uma alternativa de direção revolucionária para o proletariado sírio e mundial, independente das direções burguesas nacionalistas, que leve a cabo o combate consequente ao principal inimigo dos povos, o imperialismo.