terça-feira, 3 de setembro de 2013


Popularidade e PIB novamente em alta, céu de brigadeiro para o governo Dilma?

Parece mesmo que a “catástrofe” faltou ao encontro marcado, previsto pelos revisionistas e Tucanos, depois das “Jornadas de Junho”. O governo Dilma retomou os níveis de popularidade nos patamares anteriores à “crise política”, se é que realmente os perdeu, e o mais importante: alavancou a economia brasileira no último trimestre com o mesmo ritmo do crescimento chinês! O PIB teve expansão de 1,5% no segundo trimestre na comparação com o período anterior. A alta foi a maior nessa base de comparação desde o primeiro trimestre de 2010, quando teve elevação de 2%. Em termos nominais, o PIB do segundo trimestre somou R$ 1,2 trilhão, um resultado para “tapar a boca” dos catástrofistas de plantão que pensam que só é possível fazer política revolucionária enganando a militância de base e anunciando como profetas oportunistas o “armagedon”. Mas se o governo da Frente Popular saiu das “cordas” e partiu para a ofensiva política depois de junho, também contou com a “generosa” contribuição dos próprios revisionistas que optaram pelo credenciamento das verbas estatais para suas “centrais” sindicais ao avalizarem a fraude da “greve geral” chapa branca do dia 11 de julho (para não falar do fiasco de agosto). Com a economia nacional reagindo razoavelmente bem à retração do mercado capitalista mundial, o PT espera um embate eleitoral mais tranquilo em 2014, onde enfrentará a candidatura ungida diretamente pela Casa Branca, Marina Silva. Mas alertamos para os ufanistas do Planalto que o país está bem longe de conseguir manter o “ritmo chinês” ao longo deste ano e do próximo. O medíocre crescimento econômico em torno de 3% ao ano, comemorado como a “conquista da copa do mundo”, só retarda um pouco a estagnação de um desenvolvimento estrutural, produto da ausência de projetos estratégicos de longo prazo, por parte dos governos neoliberais do PT. Portanto se a Frente Popular praticamente assegurou mais uma gestão estatal perfazendo quatro gerências capitalistas consecutivas, incorporando uma enorme massa de crédito internacional e voltando as exportações para os BRICs, deixará o país com níveis de atraso e dependência ainda maiores do que quando assumiu o governo em 2003.

A política econômica levada a cabo pela anturragem palaciana está bem distante daquilo que costuma se autoproclamar, ou seja, neodesenvolvimentista. Os “fundamentos” econômicos defendidos pelo PT vão mais ao encontro de um neomonetarismo tupiniquim, lastreado na expansão do crédito e no acúmulo de uma gigantesca dívida pública. Passa bem longe da “brilhante” mente dos intelectuais petistas implementar outra “agenda” econômica que não seja diretamente ordenada pelo mercado financeiro internacional. Por conta disto o país sofre com o imenso atraso tecnológico e um forte retrocesso em seu parque industrial. Mas o governo Dilma está muito mais na direção de sedimentar a economia do país em um “grande fazendão” para suprir de commodities o mercado consumidor dos centros imperialistas, do que desenvolver um projeto capitalista autônomo, como parcialmente fazem hoje China e Rússia.

Os ventos da agressiva guinada neoliberal do governo Dilma já começam a produzir seus primeiros “resultados”. A balança comercial do país, pela primeira vez ao longo dos últimos dez anos, apresenta um déficit acumulado neste ano de quase 4 bilhões de Dólares, o pior saldo para os oito primeiros meses do ano desde 1995. O principal gargalo continua a ser o da importação de derivados refinados do petróleo, em virtude do colapso de nossas poucas e sucateadas refinarias (a mais “moderna” foi inaugurada nos anos 70). A equipe econômica do governo ainda se confia no espesso “colchão” de nossas reservas cambiais, quando o país acumulou divisas com saldos comerciais superavitários anuais na casa dos 50 bilhões de Dólares. Mas as reservas cambiais tem limite, ainda mais quando se tenta conter a abrupta alta do Dólar “queimando” as divisas do Tesouro Nacional. Na outra ponta do neoliberalismo crônico do PT está a crença de que retomando as privatizações, principalmente no setor de petróleo, poderá se refazer o caixa estatal retraído pela diminuição do fluxo internacional de capitais para o Brasil, em virtude do aquecimento da economia norte-americana.

Para os marxistas os parâmetros para aferir os “sucessos” de uma década de gerência petista, administrando a crise estrutural do capitalismo, não podem ser os da lógica do mercado. Não se confere desenvolvimento “sustentável” a um país (mesmo na dinâmica da acumulação capitalista) simplesmente alargando temporariamente suas margens de consumo, como tentam nos fazer crer os apologistas da Frente Popular. Se estamos longe do “apocalipse final” do capitalismo, este ainda detêm uma serie de recursos para contornar suas crises cíclicas, não há motivo algum para comemorar os pífios resultados econômicos apresentados pelos governos do PT. A classe operária deve construir historicamente seu próprio projeto revolucionário de poder, o único capaz de desenvolver as forças produtivas de forma independente do imperialismo e seu parasitismo financeiro. Somente a instauração da Ditadura do Proletariado, pela via da insurreição de massas, poderá apresentar uma perspectiva progressiva para a humanidade, diante da barbárie social que nos aponta o capitalismo e sua feroz ditadura de classe, disfarçada institucionalmente de “democracia”.