quarta-feira, 16 de outubro de 2013


Para estender a vitoriosa luta dos professores do Rio, construir a greve nacional dos trabalhadores em educação!

Neste dia 15 de outubro, dia do professor, o país foi tomado por manifestações em defesa da educação pública e gratuita. Particularmente no Rio de Janeiro, milhares de ativistas e lutadores saíram às ruas mais uma vez em apoio à greve dos professores da rede municipal de ensino, paralisados desde 8 de agosto. Outras cidades, como São Paulo, Brasília e Porto Alegre foram palcos de marchas contra os ataques aos direitos dos trabalhadores em educação e da juventude, nas quais vários lutadores presos. Como na manifestação anterior na capital fluminense, a polícia reprimiu duramente o protesto, que vem ganhando amplo apoio popular. O alvo principal da sanha fascistizante da PM de Cabral e Eduardo Paes foram os chamados “Black Bloc”, mas a repressão tem como objetivo intimidar o conjunto do ativismo classista. A força do movimento fez com que o STF decidisse na própria terça-feira (15) suspender o corte do ponto dos professores da rede estadual que estão em greve no estado do Rio de Janeiro, decisão que abre precedente para o mesmo valer para a prefeitura carioca. A justiça estadual, por sua vez, aceitou o pedido de liminar impetrado pelo sindicato dos professores (SEPE) e cancelou a seção da Câmara Municipal que aprovou o famigerado Plano de Cargos e Salários, na verdade um pacote de maldade encomendado por Eduardo Paes. A vitória do movimento depende exclusivamente da força de sua mobilização, por esta razão, mais do que nunca, é necessário estender esta luta ao resto do país de forma unificada através da construção de uma greve nacional dos trabalhadores em educação!

A greve dos trabalhadores em educação da rede municipal do Rio de Janeiro chegou a seu ápice 69 dias após o início da paralisação. Os governos do PMDB, que contam com a participação do PT e PCdoB, desejam derrotar o movimento nos próximos dias, seja através da repressão ou do corte de ponto, não estando descartada inclusive a prisão do comando de greve caso as mobilizações se radicalizem. A desocupação pela PM do plenário da Câmara dos Vereadores com extrema violência e prisão dos “Blacs Block” que apoiam o movimento mostrou o caminho fascistizante adotada por Paes e Cabral. Para barrar a repressão e fortalecer o movimento é necessário que a categoria entre nacionalmente em luta, já que está previsto um ataque aos trabalhadores em educação no começo do ano com o rebaixamento do índice de reajuste do piso salarial nacional dos professores, planejado anteriormente para ser em torno de 19% (custo-aluno), mas que os governadores de todos os partidos burgueses desejam reduzir para no máximo 8%! Com a derrota da greve dos bancários e dos trabalhadores dos correios, a paralisação dos professores do Rio de Janeiro é neste momento o único ponto de apoio para a intervenção classista do movimento operário, sendo fundamental que este movimento ganhe contorno nacional justamente para dar continuidade, pela esquerda, para as chamadas “Jornadas de Junho”.

Em São Paulo, mais de 50 lutadores foram detidos pela PM no curso da marcha em solidariedade a luta dos estudantes e professores das universidades estaduais paulista. A justiça burguesa deu 60 dias para que os estudantes desocupem o prédio da Reitoria da USP, ameaçando o movimento com a intervenção da PM. A repressão à manifestação deste dia 15 de outubro foi maior que na marcha anterior, justamente porque a fragilidade do governo Alckmin se acentua mergulhado no escândalo do metrô. Não por acaso, três carros do Consórcio Via Quatro, responsável pela Linha 4-Amarela do Metrô, foram alvos da justa ira popular, assim como várias agências bancárias. Em várias cidades do país ocorreram manifestações cuja marca foi a complete ausência dos grandes aparatos sindicais (CUT, CTB, Conlutas), que declaram solidariedade à greve do Rio e a ocupação da reitoria da USP, mas de fato se negam a chamar atos e mobilizações em apoio concreto a esta luta, principalmente porque o PT e o PCdoB estão nos governo do PMDB no Rio de Janeiro. A própria direção do SEPE, ligada ao PSOL e PSTU, declarou que a marcha na capital fluminense terminou as 20hs e não se responsabilizava pelos atos praticados pelos “Black Bloc” em uma clara tentativa de impedir a radicalização do movimento e a unidade de ação para barrar a repressão policial. A burocracia sindical de “esquerda” e de “direita” não vê com simpatia a presença da juventude rebelde e dos “Blacks Blocs” nas manifestações, consideram como “sagrado” o respeito à “ordem pública” e à “propriedade privada”. Frente a esta conduta escandalosa é necessário que o movimento discuta sua própria forma de autodefesa (contra a PM e os Nazifascistas) ao invés de fugir deste debate para depois facilmente “carimbar” os “Black Blocs” de “vanguardismo inconsequente” como faz o PSTU!

A construção de uma greve nacional da educação é uma tarefa colocada na ordem do dia, quando a luta dos professores da rede municipal do Rio de Janeiro tem destaque nacional e pode determinar os rumos do movimento de massas no próximo período, sendo um ponto de apoio para campanhas salariais em curso como metalúrgicos e petroleiros, no sentido que elas tenham um destino diferente dos bancários e correios, que foram derrotadas. A mobilização nacional dos professores deve se unificar com a luta contra o leilão do Campo de Libra marcado para o dia 21 de outubro. A CUT, CTB, Conlutas e Intersindical devem se colocar a frente deste chamado, mobilizando seus sindicatos para organizar uma ação unificada. A tarefa colocada neste momento, onde a burguesia desencadeia uma nova onda repressiva contra o movimento de massas, é redobrar as mobilizações e cobrir de solidariedade todos os segmentos que estão na luta, independente de nossas diferenças programáticas. A manifestação popular ocorrida neste dia 15 reflete uma tendência de continuidade das mobilizações de esquerda, até então bloqueadas pela política de colaboração de classes de suas direções, sendo necessário romper esta camisa de força desde as bases em luta e colocando os sindicatos a serviço da unificação do movimento!

Nota aprovada na plenária da Oposição de Luta dos Trabalhadores em Educação – Ceará

15 de outubro de 2013