sexta-feira, 27 de dezembro de 2013


APRESENTAÇÃO

Apresentamos aos nossos leitores e simpatizantes o lançamento da décima quinta edição da revista anual da LBI, Marxismo Revolucionário (MR). Coincidentemente neste ano de 2013, em que MR com quinze anos de existência está comemorando sua “festa de debutante”, o país foi surpreendido com as multitudinárias mobilizações populares que viriam a ser batizadas de “Jornadas de Junho”. Afirmamos que a “surpresa” do gigantesco fato político ocorrido se concentrou justamente na ausência de qualquer prognóstico a seu respeito, como pela inexistência de uma direção (política ou sindical) que apontasse previamente para sua materialização. As “Jornadas” tiveram como centelha a combativa luta contra o aumento das tarifas do transporte urbano, que rapidamente ganharam a simpatia de amplos setores de massas, afluindo solidariamente em suas convocações enfrentaram corajosamente a selvagem repressão policial dos governos neoliberais do Rio e São Paulo. A partir deste momento, ainda embrionário, se montou um vasto “mosaico” de possibilidades na conjuntura nacional, uma destas era fundamentalmente abrir uma fenda para a direita fascista e seus aliados (PIG, rentistas e setores da FFAA) protagonizar o movimento pelo “Fora Dilma”. Com índices de popularidade bem altos (baixo nível de desemprego, programas bem avaliados de assistência social etc...) o governo da Frente Popular somente poderia ser “abatido” pela via de um golpe midiático, estimulando o movimento reacionário da classe média e o lúmpen a exigirem o “primeiro mundo aqui e agora!”. Logo a hegemonia política das justas mobilizações pela redução das tarifas do transporte e do passe livre, agora nacionalizadas e assumindo outro caráter, passa para as mãos da direita que ameaça fisicamente a presença do conjunto das organizações de esquerda nas passeatas e atos políticos. A LBI foi a primeira corrente marxista (oposição operária ao governo Dilma) que caracterizou o alto risco político da ausência de uma direção proletária nas mobilizações de junho, configurando a seguir o fracasso da tentativa de deflagração de uma greve geral “chapa branca”. Nesta edição de MR oferecemos uma ampla cobertura analítica deste complexo processo, que por um lado finalizou com a demagogia estatal do “mundo do faz de conta” e pelo outro com o tradicional exitismo da esquerda oportunista que novamente enxergou nas “Jornadas” o prenúncio de sua pseudo revolução “catastrofista”. Não por mera coincidência neste final do ano o povo é “convocado” pelos estafetas da famiglia Marinho a sair novamente às ruas em 2014, no mesmo ponto em que coincidem com os vorazes apetites eleitorais da oportunista “Frente de Esquerda”.

Em outro tópico da conjuntura nacional MR analisa a farsa da Ação Penal 470, mais conhecida pela alcunha de “Mensalão”. Montada juridicamente para ser concluída pelo STF em 2012, no curso das eleições municipais, este processo teve como objetivo central recrudescer as instituições do regime democratizante contra o conjunto da esquerda e o movimento de massas, colocando no fulcro do debate nacional uma suposta moralização republicana operada pelo “herói” (fabricado pelo PIG) Joaquim Barbosa. Na sequência da dinâmica da etapa política caracterizamos uma fácil vitória em 2014 para o projeto “gerencial” de colaboração de classes (profundamente fincado nos princípios do neoliberalismo), representado pela presidente Dilma, embora alertamos para os claros sinais econômicos do esgotamento do “modelo” baseado na franca expansão do consumo e crédito. Longe de uma “falência múltipla” em 2014 a Frente Popular ainda joga um papel político determinante como “condutora” de nossa tacanha e dependente burguesia nacional, mesmo sabendo que terá obrigatoriamente que ceder o governo central em 2018.

No plano internacional esta edição de MR aborda vários fatos que marcaram a luta de classes neste período, destacando a morte (na verdade assassinato) do comandante Chávez na Venezuela e a tarefa dos Marxistas em impulsionar as massas no enfrentamento com o imperialismo. Tendo como único ponto de apoio concreto (pela ausência do partido revolucionário) o governo nacionalista burguês de Maduro, o proletariado venezuelano deve superar, no próprio terreno concreto do combate anticapitalista, a ofensiva neoliberal do capital financeiro internacional que pretende recolonizar seu país. Mas a ofensiva imperialista que devastou completamente a Líbia, teve um importante revés na Síria onde os chacais da Casa Branca tentaram “exportar” a mesma metodologia de uma “revolução made in CIA”. Diante do anúncio de uma iminente intervenção militar direta, em função do fiasco do “Exército rebelde”, Obama foi obrigado a recuar de seus objetivos de mais uma pilhagem. Foram essencialmente duas as razões da “amarelada” do “presidente imperial”: a primeira ocorreu devido a heroica resistência das massas sírias que mostraram estar dispostas a entregar suas vidas em defesa de sua nação e a segunda razão se encontra na firme determinação do regime Assad em resistir militarmente a este ataque pirata do sionismo, apoiado pelas forças da OTAN comandada pelo governo dos EUA.

Esperamos que esta edição histórica de MR possa auxiliar politicamente as novas gerações de ativistas e militantes, que são torpedeadas diariamente com a reacionária cantilena da “morte do Marxismo Leninismo” e da impossibilidade da construção do partido revolucionário. Da parte dos editores da MR existe a firme determinação, e esta décima quinta edição da revista é a prova viva disto, em dar continuidade teórica e programática às lições abstraídas pelo Marxismo Revolucionário da luta de classes mundial. Nós da LBI continuamos absolutamente “crentes” na afirmação de Leon Trotsky, onde conclui que o futuro socialista da humanidade reside na capacidade do proletariado em construir uma nova direção revolucionária internacional!