sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Companheiro Roberto Bergoci dirigindo-se
ao sindicato (pelego) dos aeroviários de Guarulhos


Perseguição Política: TAM demite companheiro Roberto Bergoci, militante da Tendência Revolucionária Sindical após defender a greve dos aeronautas

No último dia 20 de janeiro o companheiro Roberto Bergoci, militante da Tendência Revolucionária Sindical (TRS) e membro da oposição classista aeroviária em Guarulhos-SP, foi arbitrariamente demitido pela TAM, empresa da qual ele era funcionário após apoiar o estado de greve dos aeronautas no fim do ano passado, que covardemente foi traída pela burocracia mafiosa do SNA-CUT. De acordo com o companheiro “eu estava trabalhando na base de Guarulhos SP, quando de forma sumária o supervisor do setor me chamou em sua sala com dois líderes de setor e seguranças na porta de entrada, me avisando que eu estava demitido, além de me intimar de forma agressiva a devolver o crachá e impedir que eu entrasse em contato com os trabalhadores do setor. O que aconteceu, e depois fiquei sabendo por trabalhadores, é que segundo a supervisão, eles não queriam 'terrorista' perturbando a ordem em seu ambiente de trabalho próximo ao período da Copa, o que se caracterizou claramente uma perseguição política e ao direito dos trabalhadores em se organizarem de forma independente dos patrões”. Após a demissão, Roberto foi cobrar uma posição do SINDIGRU-CUT que dirige a categoria, onde foi avisado de bate-pronto pela burocracia que nada poderia ser feito, pelo fato do companheiro ser militante de oposição, ficando patente mais uma vez o papel que cumpre a burocracia sindical, de verdadeiros acessórios da patronal na exploração dos trabalhadores. Por isto é necessário desenvolver um campanha nacional em defesa da reintegração do companheiro!

É importante ressaltar que neste momento, as empresas aéreas vem se movendo para promoverem verdadeiras reestruturações no sentido de cortarem custos em busca de um superlucro, significando na prática arrocho salarial, intensificação do ritmo de trabalho, diminuição dos benefícios econômicos e superexploração dos trabalhadores, com o aprofundamento das terceirizações e assédio moral, ataques estes que certamente impulsionarão a resistência dos trabalhadores que, num contexto de fortalecimento de um polo que aglutine a categoria contra tais políticas de precarização num período delicado como os eventos esportivos que serão realizados este ano resultando em aumento de demanda e elevado fluxo nos aeroportos, resta à patronal perseguir qualquer tipo de oposição classista abortando dessa forma, a luta independente dos trabalhadores, é neste sentido que envolve a demissão do companheiro. Segundo matéria do jornal Estadão, a TAM pretende contratar no período que envolve a realização da copa do mundo, aproximadamente mil funcionários terceirizados para cobrir o aumento na demanda dos voos: “A TAM solicitou à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) mil voos extras para atender a demanda durante a Copa do Mundo, entre junho e julho deste ano. A empresa informou que o investimento para operar os voos extras será de pelo menos R$ 50 milhões e as contratações temporárias vão totalizar cerca de mil pessoas.” (O Estado de S.Paulo, 14/01/2014). Outra que também caminha rumo a se reestruturar é a GOL, segunda no mercado da aviação civil que junto com sua concorrente a TAM- onde arquitetaram um verdadeiro oligopólio - detém nada menos que 75,2% do mercado brasileiro. Em matéria do jornal Correio Braziliense “A Gol anunciou nesta segunda-feira (20/1) uma reestruturação na organização da companhia. O objetivo, segundo a empresa, é reforçar a área de segurança” (20/01/2014). Assim como a TAM, a GOL começa sua reestruturação em setores não diretamente operacional para em seguida desferir os ataques contra os trabalhadores como as quase mil demissões na TAM em 2013 e as contratações terceirizadas de agora, que bem provavelmente se tornará fato rotineiro nas relações empregatícias da companhia posteriormente. É bom lembrar ainda, que o fenômeno que envolve este movimento de reestruturação das companhias aéreas não se restringe somente ao Brasil: na França por exemplo, a alemã Lufthansa - segunda maior companhia em operação na europa - planeja demitir 4 mil funcionários este ano, fato que de imediato encontrou resistência dos trabalhadores que em dezembro passado organizaram uma combativa greve contra a empresa, passando por cima da burocracia sindical.

É importante frisar que, o lucro destas companhias vem batendo recorde ano após ano, graças aos baixos salários, superexploração dos trabalhadores, benefícios fiscais recebidos dos governos burgueses e os altíssimos preços cobrados das passagens aéreas, fato que confirma a corrida pelo superlucro destas máfias. Segundo foi noticiado no jornal O Globo “Nem a crise global segura o setor aéreo. O lucro global de companhias aéreas somará US$ 12,9 bilhões em 2013 e um recorde de US$ 19,7 bilhões no próximo ano, devido a menores custos com combustível e melhora na eficiência, disse a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), nesta quinta-feira. As expectativas, avaliadas de perto, são maiores que as feitas pela Iata em setembro, quando a entidade previu lucro de 11,7 bilhões de dólares em 2013 e de 16,4 bilhões em 2014. Porém, a demanda por carga permanece estagnada, disse a associação. O ano de 2013 verá o número de passageiros chegar a 3 bilhões pela primeira vez, aumentando para 3,3 bilhões em 2014 - disse o diretor-geral da Iata, Tony Tyker, a jornalistas (...) Para a América Latina, a Iata estima que as companhias aéreas da região terão lucro de US$ 700 milhões este ano, crescendo para 1,5 bilhão em 2014. A margem de lucro antes de juros e impostos da região melhorará de 3,1% em 2013 para 5,1 por cento em 2014.” (O Globo, 12/12/2013). Ou seja, enquanto batem recordes de lucro, planejam descartar os trabalhadores pressionando os salários para baixo, aumentando de forma absurda o roubo da mais-valia relativa dos operários com toda cumplicidade da burocracia sindical criminosa.

Fato importante a se constatar também, é a forma de gestão da força de trabalho que estas companhias utilizam nas relações imediatas, operacionais que envolve a relação dos trabalhadores com os companheiros de trabalho bem como com os chefes, lideres e etc. Nesta questão, as empresas aéreas usam e abusam dos métodos mais manipulatórios do toyotismo no sentido de ganhar a subjetividade dos trabalhadores, despertando entre estes últimos, uma verdadeira guerra concorrencial premiando a delação por parte dos operários e estimulando metas completamente abusivas, resultando em não poucas doenças psicológicas entre os trabalhadores chamados de “colaboradores” - numa clara jogada psico-ideológica para comprar a submissão e o envolvimento destes com os interesses da empresa.

Neste momento de profundo ataque patronal aos direitos operários, faz-se necessário urgentemente a organização independente dos trabalhadores para a defesa de suas conquistas. A demissão absurda do companheiro Roberto Bergoci é a prova clara da impossibilidade do capital em sua faze atual de crise estrutural, permitir a luta independente dos trabalhadores pelos mais elementares direitos. O capital em sua faze neoliberal não permite mais concessões às massas operárias, a tendência histórica atual é o aprofundamento dos ataques da burguesia sobre as conquistas operárias adquiridas no bojo da revolução de Outubro, fato que exige a resistência a altura por parte do proletariado. Neste sentido, exigimos a imediata reintegração do companheiro Roberto; que o SINDIGRU organize uma campanha e paralisação em solidariedade ao camarada, claramente perseguido pela patronal, fato grave que atenta contra um direito fundamental de nossa classe que é o de organização em defesa de nossos direitos. Chamamos os sindicatos classistas e as organizações políticas a se somarem a esta campanha exigindo o retorno do companheiro ao trabalho e o fim das perseguições políticas, neste período incrementadas nos aeroportos com a proximidade da copa do mundo!



Em anexo Carta Aberta do companheiro Roberto ao Movimento Operário 


Carta às organizações de luta dos trabalhadores

Saudações às lideranças operárias,

Companheiros, no último dia 20 de janeiro fui arbitrariamente demitido da TAM, empresa em que eu que trabalhava, de forma sumária, ficando claro a perseguição política por parte da empresa em tal ato pelo fato de eu apoiar publicamente a mobilização dos companheiros aeronautas em sua mobilização de dezembro último. O que ficou mais patente ainda o motivo político e inquisitório de minha demissão, foi o fato de não haver nenhuma razão técnica para tal ato da empresa, visto que o setor em que eu trabalhava na verdade carecia de funcionários, o que obrigava os trabalhadores do setor a sofrerem sobrecarga laboral, bem ao estilo toyotista onde cada operário necessita ser polivalente e trabalhar por dois ou três companheiros, acontecimento que eu vinha denunciando aos trabalhadores, tornando também outro motivo para a ação despótica e ditatorial da TAM que foi minha demissão, na verdade um ataque ao conjunto dos trabalhadores.

Neste sentido, acredito poder contar com o apoio militante dos companheiros das entidades de luta de nossa classe. Venho aos companheiros solicitar uma moção pública em defesa de minha reintegração à empresa, ou até mesmo uma posição do SINDIGRU contra esta atitude covarde e criminosa da TAM, que na verdade nada mais é do que um tapa na cara do movimento operário brasileiro não podendo ficar sem resposta.

Desde já vai meus mais sinceros agradecimentos!

Fraternalmente, Roberto Bergoci, 24 de janeiro de 2014.”