sábado, 29 de março de 2014


Exaurido o farsesco circo da Ação Penal 470 “famiglia” Marinho dispensa os “serviços” do seu herói JB

A organização mafiosa Globo, comandada hoje pela trinca de herdeiros do finado “Capo” Roberto Marinho, decidiu por um fim ao seu “noivado” com o atual presidente do STF, Joaquim Barbosa, um efêmero “herói nacional” construído pela mídia com o objetivo específico de defenestrar os antigos dirigentes da corrente política (interna) do PT, “Articulação dos 113”. A corrente “Articulação”, hoje mais conhecida como “Campo Majoritário”, surgiu em 1983 através de um “manifesto nacional” assinado por 113 dirigentes do PT. Neste novo “bloco” partidário majoritário, composto da fusão das lideranças do grupo sindical do entorno de Lula, membros da chamada “igreja popular” e de antigos membros da “esquerda revolucionária” Castrista, se concentrou as decisões políticas que o PT viria a adotar até a eleição de Dilma Rousseff em 2010. Para a burguesia nacional era necessário, a partir do novo governo petista, “quebrar” a hegemonia absoluta da “Articulação” no interior do PT, abrindo caminho para outras tendências abertamente neoliberais, mais identificadas programaticamente com a presidenta Dilma. Nesta complexa “operação política” de decepar a cabeça da “Articulação” e ao mesmo tempo preservar a liderança maior de Lula, a Ação Penal 470 caiu como uma perfeita luva. O primeiro passo, para a burguesia, foi o de cooptar o relator do processo no STF, que até então muitos dos “melhores” analistas políticos supunham “que não ia dar em nada”. A indicação de Joaquim Barbosa para relatar o processo do chamado “Mensalão” não poderia ser melhor, primeiro porque tratava-se de um ministro “nomeado” pelo próprio Lula, e segundo era um “negro” de origem social nas camadas mais pobres da população brasileira, que protagonizara embates recentes com o ultrarreacionário Gilmar Mendes. Com o cenário armado e os “atores” já contratados só faltava para a mídia “murdochiana” acender os refletores e “gravar”, o que viria a acontecer no início de agosto de 2012 não por coincidência um ano eleitoral...

O farsesco circo do julgamento da AP 470 transcorreu de forma “espetaculosa”, abraçada pelas organizações Globo como uma verdadeira trincheira de guerra contra tudo o que poderia parecer com algum resquício de esquerda ou “socialista”. Logo a bandeira “negra” do combate a corrupção estatal (é claro que somente da “era lulista”) foi levantada “heroicamente” por Joaquim Barbosa, da mesma forma feita por Jânio Quadros e Collor, ambos ex-presidentes que não chegaram a concluir seus mandatos em virtude da “farsa” eleitoral que armaram para chegar ao Planalto. Os Marinho abstraíram esta lição da história, mas JB não, e cobrou da Globo a promessa feita a ele de que seria o próximo presidente da república. Afinal se a Globo “nomeou” para chefe da nação um “caçador de marajás” porque não elegeria o vestal togado. Mas exaurido o circo do “Mensalão”, com a completa desmoralização midiática realizada contra as trajetórias de Dirceu, Delúbio e Genoino não havia porque “oferecer” a conquista do Planalto a Barbosa, no máximo uma vice na chapa do tucano Aécio e mesmo assim com a certeza de uma rotunda derrota que sequer alcançaria o segundo turno, além de desconstruir por completo a imagem de “isenção” do julgamento foreado no STF.

Rompidas as “promessas do casamento”, que seria celebrado entre Joaquim e os Marinho na rampa do Planalto em outubro de 2014 , o cheiro fétido de esgoto do falido “pacto” das elites contra o PT (incluindo o conjunto da esquerda) já começa a contaminar as redações da mídia corporativa. Primeiro foi JB que está processando criminalmente um articulista de “primeira linha” de O Globo, Ricardo Noblat, para logo depois desferir um ataque insano de ódio contra um jornalista da sucursal de Brasília da revista Época, Diego Escosteguy. Nos bastidores do STF comenta-se que JB promete ainda maiores retaliações contra os Marinho, que em vão lhe ofereceram uma vaga para disputar o Senado pelo estado do Rio. Acontece que o “imperador” fora de época, picado pela sedução do poder de presidir a Corte de “justiça” maior da nação, não aceita de forma alguma uma mera cadeira no “esculhambado” Congresso Nacional. Para JB parecia até pouco tempo atrás que o “céu era o limite”, digo melhor uma “nova caneta dourada” para assinar decretos no Palácio do Planalto. Como Eduardo Campos (ao que tudo indica ungido para ser o “elemento novo” no segundo turno da corrida presidencial) não cede seu “posto” de cabeça de chapa nem para o “furacão Marina” e tampouco o “mineirinho do pó” abre mão de sua vaga nem para seu padrinho FHC, Barbosa foi forçado a concluir que as promessas de “poder” feitas pela Globo eram tão falsas como as suas “bandeiras” em defesa da “ética e da probidade pública”. Agora o pseudo ”herói da moral brasileira” só serve mesmo para os barões da mídia para manter arbitrariamente preso em regime fechado o ex-guerrilheiro Dirceu, eleito pelas classes dominantes o inimigo número 1 da nação.

Para a burguesia nacional, que caminha majoritariamente para avalizar um novo mandato para a “gerentona” neoliberal Dilma, a AP 470 já é uma página virada da história republicana do país. Lula foi preservado, mas não postulará a sucessão de Dilma, anulando o que afirmara para a militância de esquerda da Frente Popular em 2010, ou seja que o governo da neopetista (sua ex-“chefe de gabinete”) seria apenas de um “mandato tampão” para o seu retorno em 2014. Já para a classe operária o “legado” político da AP 470 ficou sendo o recrudescimento do combalido regime democratizante, desatando uma brutal ofensiva institucional (jurídica e policial) contra o conjunto dos movimentos sociais. Desgraçadamente uma parcela da esquerda revisionista, em nome de confrontar os rumos neoliberais desastrosos dos governos petistas, escolheu dar uma “mãozinha” a farsa do julgamento do “Mensalão”, jurando uma falsa neutralidade entre “dois campos burgueses”. Nós Marxistas Revolucionários da LBI, que fomos a primeira corrente de esquerda no país a se postar como oposição operária ao governo da Frente Popular, não poderíamos legitimar este monumental ataque das forças reacionárias ao “campo democrático”, muito conscientes de que o PT na atualidade não passa de mais um dos instrumentos políticos de dominação da burguesia contra nosso povo explorado e oprimido.