quinta-feira, 24 de abril de 2014


Estado de terror policial no Rio de Janeiro: Povo pobre sitiado pelas FFAA e assassinado pela PM!

Os últimos dias foram marcados por uma verdadeira onda de assassinatos perpetrados pela PM do Rio de Janeiro contra o povo pobre. Logo após a desocupação da Favela da Oi pelo batalhão de Choque, deixando mais de cinco mil pessoas sem moradia, a polícia voltou a matar na Favela Pavão-Pavãzinho! Além de ter espancado e assassinado o dançarino DG, atacou ferozmente a manifestação de protesto contra sua morte, deixando um rastro de sangue com dezenas de feridos e um homem sem vida com um tiro na cabeça. Em apoio à bárbara ação da PM, as FFAA enviadas pelo governo Dilma estão estacionadas nos morros e favelas sitiando estas comunidades na operação de “Garantia da Lei e da Ordem” (GLO). Os explorados se defendem como podem e vem protestando nas ruas da cidade, como em Copacabana e no centro, formando barricadas, queimando carros, ônibus e resistindo, no que são atacados pela mídia “murdochiana” que os acusa de “vândalos” e reivindica mão dura do aparato policial sob as ordens do governo do PMDB. Esta realidade explosiva que percorre toda a cidade do Rio de Janeiro, coloca na ordem do dia a necessidade de cobrir de ampla solidariedade os protestos populares, lutando pela constituição de comitês de autodefesa nas favelas e morros e pela destruição da PM e suas UPPs assassinas, braço armado do Estado burguês, para a qual setores ditos de esquerda ainda tem a cara de pau de chamar o apoio a suas greves reacionárias por “melhores condições de trabalho”, ou seja, a fim de melhor atacar e assassinar os trabalhadores e o povo pobre!

A mãe do dançarino Douglas Rafael morto pela PM, Maria de Fátima, comparou a morte do filho ao desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, na Rocinha, no ano passado. O corpo de DG foi encontrado ("desovado") em uma creche na terça-feira (22), após ter sido brutalmente espancado e baleado pelos PMs, o que gerou revolta na comunidade do Pavão-Pavãozinho. Em decorrência deste ato bárbaro houve um autêntico protesto popular, com importantes ruas de Copacabana fechadas e um carro queimado. O Metrô chegou a fechar acessos da Estação General Osório. Helicópteros da PM sobrevoaram a região e o batalhão de Choque foi acionado atacando nas ruas a população oprimida. A mãe de DG disse não ter dúvidas de que seu filho foi espancado por policiais da UPP instalada na comunidade desde 2009: “Eles disseram que ele caiu na creche. Como, então, o atestado de óbito diz que o peito foi perfurado? Não tinha vergalhão nenhum naquela creche. Depois disseram que ele foi confundido com bandido no meio do tiroteio. Como assim confundido?” questionou. Ao falar da morte do filho, Maria de Fátima também citou ainda as mães de Acari – como ficaram conhecidas as mães das vítimas da chacina de Acari, em 1990. “Depois que se perde uma cria, a mãe vira fera. Eu vou virar uma mãe de Acari também. Não vou me calar. Alguém tem que dar um jeito de parar esse projeto falso de pacificação”, destacou a técnica de enfermagem.

Em março, a vítima destes carrascos de farda foi a trabalhadora Claudia da Silva Ferreira de 38 anos, mãe de quatro filhos, covardemente baleada por policiais militares quando saia de sua residência para comprar pão no Morro da Congonha, zona norte do estado, sendo em seguida colocada friamente no porta-malas do camburão de uma viatura, a qual saiu em direção ao Hospital Carlos Chagas na zona norte, quando em meio ao trajeto a porta da viatura se abriu e Claudia foi projetada para fora do veiculo, ficando pendurada pela roupa no para-choque, sendo arrastada no asfalto barbaramente por cerca de 250 metros. Transeuntes avisavam os policiais que a mulher estava sendo arrastada, fato ignorado pelos PMs que continuavam a guiar tranquilamente a viatura.

A população negra se torna a maior vítima em potencial desta política de extermínio com contornos “malthusianos” caracterizada por uma guerra de classe declarada pela burguesia e seu Estado contra o proletariado, principalmente à sua parcela mais oprimida e superexplorada que são justamente os trabalhadores negros. Para levar adiante esta política assassina contra os trabalhadores nos bairros pobres e favelas, a burguesia articula através do PIG uma verdadeira campanha de manipulação acerca do trafico de drogas. Esta política é resultado direto das ordens emanadas dos corredores da Casa Branca e sua doutrina de “tolerância zero”, baseada totalmente na criminalização da pobreza e higienização social, visando afastar a população pobre das regiões de interesse principalmente da especulação imobiliária, o que tem ocorrido de forma recorrente mais intensamente em São Paulo e no Rio de Janeiro. A tática da burguesia e do capital financeiro é implantar as UPPs a ferro e fogo através dos criminosos do BOPE, para depois impor um verdadeiro estado de sítio contra as comunidades, tornando a vida dos trabalhadores insustentável expulsando-os para as regiões mais afastadas da cidade, muitas vezes para zonas de risco como morros, córregos, aterros sanitários etc.

Diante de uma situação de extermínio da população trabalhadora desde seu local de moradia pelas mãos do Estado burguês, não resta outra alternativa que não seja a resistência direta e sua autodefesa contra os facínoras fardados. Dessa forma, é imperativa a criação de comitês de autodefesa pelos trabalhadores que estão sendo brutalizados pela PM como fizeram os Panteras Negras nos EUA nas décadas de 60 e 70, como forma de sobrevivência de todas as comunidades moradoras das favelas e periferias do país, bem como a articulação de uma frente única de luta de favelas. Dessa forma, ao contrário do que pregam os revisionistas do PSTU e PSOL que desejam desmilitarizar essa corporação, o movimento de resistência tem que se basear num dos princípios mais fundamentais da luta de classe elaborada por Marx e Engels que é a destruição violenta de todo aparato repressivo da burguesia. Por este motivo deve-se denunciar todas as forças políticas que apoiam as greves reacionárias das PMs como as que ocorreram recentemente na Bahia e no Rio Grande do Norte. Entre as correntes pseudotrotskistas, não só as morenistas apoiam essas greves reacionárias. Também a TPOR diz que “apoia a greve dos policiais militares e bombeiros por suas reivindicações de aumento salarial” (Massas, 19/04), alegando em um sindicalismo vulgar que “O problema fundamental está no fato de que os policiais militares e bombeiros estão sob a direção de lideranças burguesas ou pequeno-burguesas” (Idem). Esses canalhas nos dizem que os policiais são “trabalhadores fardados” e nesta condição vítimas da exploração e arrocho salarial como os outros servidores públicos, cabendo apenas superar suas direções como em outra qualquer categoria de trabalhadores. Os policiais, como uma categoria social, realmente são assalariados (e na sua grande maioria de origem proletária) e nisto se resume seu único “denominador comum” com os trabalhadores. Como um destacamento de “serviços especiais” do Estado burguês, os policiais não fazem parte da classe trabalhadora. A polícia cumprindo a função social de um destacamento armado para preservar a propriedade privada dos meios de produção, jamais poderia ser considerada parte integrante da classe trabalhadora, pelo menos para os que têm referência no marxismo. Somente revisionistas mais decompostos podem acreditar que a função da polícia em uma sociedade de classes é cuidar da “segurança pública”, de todos os cidadãos independente de sua posição na cadeia produtiva. A verdadeira “proteção” da polícia é dada apenas à burguesia nos momentos em que se sente “ameaçada” de seus lucros pelas lutas do proletariado.

A brutal ação da PM ao povo pobre, nas jornadas de junho e nos atuais protestos contra a Copa mostrou que esta política suicida deve ser rechaçada pelo ativismo classista, que neste momento deve tirar a lição elementar de prestar qualquer apoio ou solidariedade a essa corporação militar reacionária que não tem nenhum interesse em comum com os da classe operária! Ao contrário de subordinar as organizações de massas à reacionária greve policial, como fazem os reformistas de todos os matizes, é preciso convocar a mobilização dos trabalhadores, os protestos contra a Copa do Mundo e impulsionar a formação de comitês de autodefesa e milícias operárias, educando o proletariado para a necessidade da destruição do aparato repressivo do Estado burguês!