quarta-feira, 2 de julho de 2014


Com o refluxo das “Jornadas de Junho” e o “êxito” da Copa, Dilma volta a crescer nas pesquisas

A última pesquisa eleitoral do DATAFOLHA, publicada na noite desta quarta-feira (02/07), foi obrigada a reconhecer o que já apontava este período da luta de classes, ou seja, uma clara recuperação política do apoio popular ao governo Dilma. A candidata do PT à reeleição presidencial cravou 38% das intenções de voto, um crescimento de quatro pontos percentuais em relação à pesquisa anterior do mesmo DATAFOLHA. Os outros dois candidatos da burguesia, Aécio e Eduardo, oscilaram na margem de erro da pesquisa marcando 20% e 9% respectivamente. A nova aferição do “instituto” de pesquisa da “famiglia” Frias, uma das oligarquias da mídia “murdochiana” mais feroz em relação ao PT, trouxe um certo alívio ao governo Dilma empenhado neste momento em capitalizar ao máximo o relativo “sucesso” da Copa no Brasil. A recomposição eleitoral de Dilma acontece em momento crítico da conjuntura nacional, onde o candidato Tucano ao Planalto conseguiu ampliar seu arco de apoio entre os partidos burgueses, já tornando o segundo turno uma realidade concreta. Porém, o mais importante para o retorno da estabilidade do governo foi o atual refluxo do movimento de massas, após uma etapa anterior turbulenta, onde as greves que cruzaram o país de março a junho indicavam uma reedição das “Jornadas de Junho” para 2014. Mas as principais lutas foram sendo derrotadas uma a uma, fruto da política burocrática das organizações políticas revisionistas que tem como centro estratégico o parlamento burguês. A greve dos metroviários paulistas representou o ápice deste assenso de massas e sua fragorosa derrota às vésperas da abertura da Copa produziu um bloqueio para uma nova evolução das “Jornadas”. Na sequência e seguindo o mesmo “roteiro” do reformismo, as direções sindicais burocráticas conseguiram também “enterrar” a greve dos professores do Rio de Janeiro e, por último, a dos operários da construção civil de Fortaleza, ambas as categorias que apesar da combativa paralisação saíram do movimento sem conquistas econômicas e políticas. Por último, não pode ser desconsiderado o fator “Copa”, elemento político onde o governo pretende “dar a volta por cima”. Afinal, se mesmo com o grande descontentamento popular com a “farra” das empreiteiras e o falso “legado” social do evento da mafiosa FIFA, o movimento de massas não voltou às ruas com a mesma intensidade de 2013, só restou a anturragem “chapa branca” proclamar o grande “êxito” do governo Dilma.

A burguesia brasileira tem pleno conhecimento do limiar esgotamento do “projeto de poder” do PT, na verdade as “Jornadas de Junho” muito mais do que a abertura de uma nova etapa histórica da luta de classe representaram o primeiro “estalo” político do início do fim de um longo ciclo estatal baseado na colaboração de classes. Mas ao mesmo tempo em que as classes dominantes “farejam” a falência da Frente Popular, não construiu ainda uma alternativa confiável para pôr em seu lugar. Por isso mesmo a reeleição de Dilma é necessária para a estabilidade do regime político mesmo que seja para impor um “cordão sanitário” em seu novo mandato. O atual candidato Tucano, Aécio Neves, não preenche os padrões mais elementares para substituir o PT, para a burguesia é necessário mais tempo para forjar uma opção da direita mais ortodoxa, disposta a enfrentar o movimento de massas com métodos de guerra civil.

As classes dominantes ergueram no país após a transição do regime militar uma “paródia” de democracia burguesa, onde asseguraram a manipulação da soberania popular, elemento fulcral da democracia representativa, pela via da fraude da urna eletrônica. Por este mecanismo que não exige a comprovação material da vontade política do cidadão expressa nas urnas, único em todo planeta, a burguesia nacional vem “selecionando” as diversas frações partidárias que melhor se “acomodam” aos seus interesses econômicos e a conjuntura política do momento. A Frente Popular legitima este engodo, do qual já foi a própria “vítima” nas eleições de 1994, exatamente porque também se beneficia pacificamente do rodízio de “gerentes” imposto fraudulentamente pelas oligarquias financeiras dominantes.

Diante de uma eleição absolutamente fraudulenta em todos seus aspectos, que mais se assemelha a uma grande “concorrência estatal”, onde os candidatos de todas as legendas irão “aquecer” o mercado com cerca de dez bilhões de Reais em suas campanhas, não existe a menor possibilidade dos comunistas legitimarem institucionalmente este processo viciado até a medula. Nós da LBI advogamos a vanguarda classista o lançamento de uma anticandidatura operária à presidência da república, como um contraponto revolucionário a este circo comercial que se transformou a eleição brasileira. Desgraçadamente, nossa posição não encontrou eco nas fileiras das organizações que se reivindicam Leninistas, que optaram por seguir o “curso oficial” determinado pelo TSE. Desta forma, restou a LBI encabeçar o chamado ao boicote eleitoral, se dirigindo as amplas massas para denunciar o descarado estelionato da soberania popular, representado pela urna eletrônica e pelo poder econômico das corporações capitalistas que de fato “elegem” seus candidatos preferenciais à revelia da verdadeira vontade da população.