terça-feira, 5 de agosto de 2014


74 anos após o assassinato de Trotsky: Legado do velho bolchevique segue vigente para enfrentar a ofensiva da contrarrevolução mundial

Estamos há 74 anos da morte de Leon Trotsky. No dia 20 de agosto de 1940 ele foi covardemente atingido na cabeça com golpes de picareta por um agente da KGB no México. O velho bolchevique logo entrou em coma e morreu no dia seguinte. Estes 74 anos correspondem a um período relativamente curto para a história da humanidade, mas de intensa transformação no planeta, onde desgraçadamente a “roda da história” moveu-se no sentido contrário aos interesses do proletariado mundial e da revolução socialista. No curso deste intervalo de tempo somos obrigados a constatar que a causa do comunismo sofreu um duro revés. O maior deles foi justamente a liquidação contrarrevolucionária da URSS no começo dos anos 90, com o fim do Estado operário soviético que o velho bolchevique ajudou a construir ao lado de Lênin com vitória da Revolução de Outubro. O próprio assassinato de Trotsky no México, depois de vagar pelo planeta desde sua expulsão da União Soviética em 1928, foi uma expressão dramática da situação de perseguição e isolamento que sua corrente política estava sofrendo por parte do stalinismo e do imperialismo. Para os que até hoje defendem seu legado político e as lições programáticas que deixou o velho bolchevique há o imenso desafio de manter de pé a construção do partido revolucionário internacionalista em meio a uma etapa histórica de profundo retrocesso político e ideológico das massas. Os dias de hoje estão marcados por uma brutal ofensiva imperialista mundial que ganhou ainda mais impulso com o fim da URSS e foi reforçada na atualidade com a fantasiosa “revolução árabe” que acabou por possibilitar que a Casa Branca fizesse uma transição conservadora em países estratégicos como o Egito, fato que agora se revela em toda sua plenitude com a imposição do golpe militar pelos generais financiados pelo Pentágono e pusesse fim a regimes adversários como o comandado por Kadaffi na Líbia. O cerco imperialista ao Irã, a Síria e a Coreia do Norte e neste momento a ofensiva genocida sionista por parte do enclave de Israel contra o povo palestino fazem parte desta nefasta estratégia guerreirista do império ianque, que está ancorada em uma perda de referência da vanguarda proletária nos postulados políticos e teóricos do comunismo revolucionário.

Guardadas as proporções, os marxistas revolucionários de hoje estão tão isolados como Trotsky em 1940, que foi assassinado por um agente da KGB em um momento em que a IV Internacional recém-fundada não passava de um frágil grupo de propaganda sem influência de massas. Os acertos programáticos dos genuínos trotskistas na luta de classes provam que 74 anos após seu assassinato, o legado de Trotsky segue vigente, apesar da escassa ressonância no seio da classe operária mundial!

Trotsky teve uma vida plena de revolucionário desde a juventude. Formulou a teoria da Revolução Permanente. Dirigiu a revolução de 1905. Quando a social democracia se converte em agente do imperialismo em 1914, rompeu com a II Internacional juntamente com os bolcheviques e Rosa Luxemburgo. Ingressou no Partido Bolchevique em 1917 para dirigir com Lenin a Revolução de Outubro. Presidiu o Comitê Militar Revolucionário que tomou o poder de assalto, organizou o Exército Vermelho e fundou a III Internacional. Diante da burocratização da URSS, impulsionou a Oposição de Esquerda, sendo expulso e perseguido primeiro da URSS, Turquia, França, Noruega até ser assassinado no México. Seu “destino pessoal” esteve sempre atado às vitórias e derrotas proletárias. Foi dirigente do primeiro Soviete da história, em 1905. Tomou o poder em 1917 a partir do maior e mais consciente levante dos trabalhadores até os nossos dias. Perdeu o poder e tornou-se o homem mais caluniado e perseguido de sua época, em meio à degeneração do bolchevismo e da URSS, a crise capitalista de 1929 e a ascensão do nazismo. Apesar de todo isolamento político, Trotsky desmascarou o papel criminoso das direções stalinistas e socialdemocratas nestas derrotas (ascensão do nazismo na Alemanha, traição das revoluções na China, França e Espanha...). Organizou o Tribunal Internacional presidido pelo educador John Dewey que se contrapôs aos abjetos Processos de Moscou, a farsa judicial que justificou a liquidação de toda a geração revolucionária de 1917 e que tinha Trotsky como principal acusado.

Passados 74 anos da morte do grande revolucionário, a Quarta Internacional fundada por Trotsky já não mais existe, foi destruída pelos epígonos do trotskismo, que eufemisticamente ainda se reclamam formalmente (outros agora não mais) do legado de Trotsky. Estes revisionistas foram os mesmos que durante a destruição do Estado operário soviético pelo bando criminoso e restauracionista de Yeltsin saudaram o fim da URSS como uma “triunfante revolução democrática”, não tendo o menor descaramento de emblocarem-se com a contrarrevolução imperialista. Os shachtmanistas de hoje, tendo a cabeça os morenistas da LIT, não por coincidência, cometeram a mesma traição dos de ontem, ao renegarem a defesa incondicional da URSS. Como era evidente para os genuínos trotskistas que aprenderam com o velho bolchevique, “Stalin derrubado pelos trabalhadores é um grande passo para o socialismo; Stalin eliminado pelos imperialistas é a contrarrevolução triunfante” (Em Defesa do Marxismo, 1940). A restauração da propriedade privada dos meios de produção e a apropriação da mais-valia de quase 1/3 da população mundial que antes viviam em Estados operários só poderia fortalecer o domínio imperialista sobre o globo. A contrarrevolução triunfante impôs uma superexploração à classe operária, eufemisticamente batizada de neoliberalismo e globalização. A expressão militar desta ofensiva foi a recolonização bárbara dos Bálcãs e em seguida a “guerra ao terror” cujo orçamento, um trilhão de dólares, só foi menor do que o gasto pelos ianques na II Guerra, que catapultou os EUA a maior potência bélica do planeta. Agora, em nome da fantasiosa “revolução árabe” se colocam ao lado da OTAN e de seus “rebeldes” mercenários em nome de derrotar as “ditaduras sanguinárias” no Oriente Médio, quando na verdade está em curso um processo de desestabilização dos decadentes regimes nacionalistas daquela região!

Nos últimos dois anos de sua vida Trotsky se dedicou a formar a nova geração de militantes e a fundação da IV Internacional. Travou sua última grande batalha, desta vez, contra uma ala de seus partidários que por horror aos crimes do stalinismo sucumbiram à reação democrática imperialista. Morreu com a convicção de que “o dever dos revolucionários é defender todas as conquistas da classe trabalhadora, ainda que tenham sido desfiguradas pela pressão de forças hostis. Aqueles que são incapazes de defender as posições tomadas, nunca conquistarão outras novas” (Em defesa do marxismo, 25/04/1940). Nenhuma vida encarnou com tamanha profundidade as lutas, aspirações e tragédias da era imperialista como a de Trotsky. 74 anos após a morte de nosso maior dirigente, ao lado de Lenin, esta é a batalha que os bolcheviques leninistas da LBI estamos travando na atualidade. Mesmo sendo um pequeno núcleo militante sabemos honrar as lições nos deixadas pelo “velho”, combatendo o imperialismo e os revisionistas que defendem a contrarrevolução “democrática” patrocinada pela Casa Branca! Na Síria, em luta contra o imperialismo e os revisionistas, estamos honrando o legado do velho bolchevique que morreu lutando bravamente pela construção da IV Internacional! No Egito, denunciando os militares golpistas de que foram apresentados como “defensores da vontade popular” pela canalha pseudotrotskista. No Brasil, combatendo a frente popular sem estabelecer nenhum tipo de aliança tática com a direita reacionária. No combate ao stalinismo e a social democracia Trotsky impulsionou a ruptura com as correntes oportunistas e centristas pela construção da IV Internacional. Os “trotskistas” do século XXI fazem o caminho inverso, rompem em toda linha com os ensinamentos do mestre e se aferram a direções políticas hostis aos interesses históricos dos trabalhadores. Neste marco, reafirmamos que é tarefa dos autênticos trotskistas resgatar o último e mais importante combate da vida de Trotsky, lutando pela defesa incondicional dos Estados operários (Cuba e Coreia do Norte), dedicando o melhor dos nossos esforços para a reconstrução da IV Internacional.