quinta-feira, 30 de outubro de 2014


Aumento dos juros e Trabuco no novo ministério, Dilma agradece aos rentistas sua reeleição 

Não se passaram nem 72 horas de sua recondução ao Planalto e Dilma já sinaliza claramente o que pretende dar continuidade em sua nova gerência do Estado burguês: a política de subordinação do país diante do capital financeiro! Logo na reta final do segundo turno, a semelhança do que havia ocorrido no primeiro, a equipe econômica palaciana decide ceder a chantagem do mercado cambial e ordena uma forte compra de Dólares pelo Banco Central, fazendo com que a moeda norte-americana atinja a maior cotação dos últimos cinco anos. Na sequência após a vitória eleitoral sobre o Tucanato, o COPOM determina a elevação da taxa de juros, retomando a escalada ascendente da SELIC. Para acalmar o "mercado" que anda muito "nervosinho" com o triunfo do PT, Dilma manda seus marqueteiros boatarem a nomeação do presidente do BRADESCO, Luiz Trabuco, para seu novo ministério. Os incautos que apoiaram "criticamente" Dilma para evitar a hegemonia dos "duros neoliberais" no Brasil, agora devem responder a seguinte questão: votar no PT impede ou avança a ofensiva do capital financeiro sobre as conquistas operárias da população? Em que medida traficar a ilusão no movimento de massas de que a direita prepara um golpe contra um governo tão alinhado aos rentistas internacionais eleva a capacidade de resistência do proletariado contra a burguesia? Deixemos que o arco reformista "crítico" ao governo Dilma mas que atenderam ao apelo eleitoral do PT supostamente contra a ameaça da direita, como o PSOL, Prestistas, PCR etc.., respondam esta questão (talvez pensassem que o drogado Lobão e os "sertanojos" pudessem encabeçar o putsch fascista). Quanto a genuína vanguarda classista, que não se deixou seduzir pelo engodo do voto útil, o momento é de organizar a ação direta contra as duas alas do neoliberalismo e que após o circo eleitoral agora estão bem unidas no ataque dos capitalistas aos trabalhadores. Ao que parece o "golpe" da direita veio mesmo pelas mãos da "esquerda", porém não se trata de um golpe de estado e sim de um verdadeiro estelionato eleitoral!

O “novo” governo da Frente Popular está diante de uma encruzilhada econômica, vem financiando os gastos estatais com um enorme rombo fiscal, aumentando desta forma sua dívida pública. Na medida em que eleva a taxa básica de juros, para "acalmar" os rentistas, também aumenta a dívida mobiliária da União, fazendo rolar a "bola de neve" de seu déficit estatal. Porém em um ano eleitoral o governo Dilma aumentou em cerca de 15% os gastos da chamada "máquina" de custeio, enquanto o PIB deste ano deve apresentar um " crescimento" próximo de zero. O resultado destes vetores econômicos em "conflito" já anuncia uma crise do "milagre" petista, esgotado em sua fórmula de combinar consumo aquecido e crédito fácil.

A saída do impasse econômico, após o fim do circo eleitoral, passa necessariamente pela adoção de duras medidas neoliberais, que segundo a gerência petista é a única opção posta na mesa. Está em marcha o anúncio ainda este ano de um "tarifaço" de produtos controlados pelo governo, como combustíveis e energia elétrica, que necessariamente deve desencadear um novo ciclo inflacionário no país. Nesta perspectiva o aumento constante da taxa SELIC deverá ser o amargo "remédio " adotado pela equipe econômica palaciana para deter a alta geral de produtos e serviços que já se delineia no horizonte próximo.

O grande "trunfo" econômico dos governos da Frente Popular (até 2013) está se esvaindo entre os dedos de Dilma sem que ela possa esboçar qualquer reação, trata-se da "gordura" cambial acumulada a partir do enorme superávit de nossa balança comercial. Esta confortável reserva cambial agora está sendo "atacada" por rentistas internacionais que forçam a massiva compra de Dólares pelo Tesouro, com a justificativa de conter a disparada da moeda norte-americana e por consequência segurar a meta inflacionária estipulada pelo BC. Como estancou a entrada de divisas no país, a compra de dólares pelo governo é financiada pela emissão de títulos públicos, estabelecendo o cenário dos sonhos dos banqueiros e rentistas de Wall Street.

No marco da orientação neoliberal dada pelo governo, o Brasil caminha a passos largos para uma recessão econômica com arrocho salarial e desemprego. É necessário combater a política de subordinação deste governo aos rentistas, exigindo o controle do câmbio e a estatização de todo o sistema financeiro sob o controle dos trabalhadores. O movimento de massas deve ganhar as ruas com a bandeira do não pagamento das dívidas interna e externa, lutando pelo confisco do capital dos grandes rentistas que "vampirizam" nosso povo.