quarta-feira, 8 de outubro de 2014


PSTU consolida seu papel de apêndice do PSOL auxiliando os reformistas a alcançarem o coeficiente eleitoral para a eleição de seus parlamentares. Será mesmo uma grande “vitória” dos Morenistas?

Nos estados em que o PSTU coligou-se com o PSOL, constituindo a “Frente de Esquerda”, como São Paulo, Pará, Ceará ou mesmo Rio Grande do Sul, os candidatos do PSOL só foram eleitos com os votos dos candidatos proporcionais do PSTU e da legenda morenista! Como um “bom aliado útil” do PSOL no circo eleitoral, os providenciais votos do PSTU garantiram por exemplo a eleição de Ivan Valente (SP) e Edmilson Rodrigues (PA) para a Câmara Federal assim como de Renato Roseno (CE) e Pedro Ruas (RS) nos legislativos estaduais. Em resumo, enquanto o PSTU não elegeu nenhum parlamentar em 05 de Outubro porque o PSOL negou a coligação em estados onde a aliança poderia beneficiar o PSTU (Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte), aceitou de bom grado a “Frente de Esquerda” para viabilizar a eleição de seus candidatos! Os números não mentem nestes casos! Por exemplo, Ivan Valente (ex-APS) obteve 168.928 votos para deputado federal mas o coeficiente eleitoral exigido em SP foi de 299.952! A diferença de mais de 100 mil votos para que Ivan, presidente nacional do PSOL e representante da ala mais a direita do PSOL, garantisse mais um mandato no parlamento nacional veio (além dos diversos candidatos “laranjas” do PSOL) majoritariamente do PSTU, mais particularmente da candidatura de Toninho, que obteve quase 23 mil votos. O próprio Toninho fez os cálculos “Ficamos em segundo lugar na Frente de Esquerda, com uma votação de quase 23 mil votos. Como a Frente elegeu apenas um deputado, vamos ficar de suplente do companheiro Ivan Valente nesta legislatura. Faltaram por volta de 60 mil votos para a Frente de Esquerda eleger 2 deputados. A votação total da frente foi de 462,992. Minha candidatura obteve 22.854 votos. Além dos votos de legenda do PSTU, que somaram 9.086 votos” (Blog do Toninho, 05/10). Assim foi pelo Brasil afora! No Pará, o PSTU “retribuiu” a eleição de Cléber Ribeiro a vereador em 2012 quando coligou-se até mesmo com o PCdoB para conseguir sua vaguinha no legislativo municipal. Agora o PSTU aliou-se novamente com o PSOL no estado. Edmilson Rodrigues obteve 170.604 votos mas precisava de 203 mil para garantir sua vaga na Câmara Federal. Estes preciosos votos, além dos demais candidatos “laranjas” do PSOL, vieram de Cléber e da legenda morenista, que somou quase 10 mil votos. No Ceará, Renato Roseno (Insurgência) conquistou cerca de 59,8 mil votos. Somando os votos de todos os seus candidatos a deputado estadual, o PSOL conseguiu pouco mais de 94 mil, número insuficiente que não alcançaria o coeficiente de 97 mil. Sem os votos dos candidatos do PSTU, o PSOL não teria eleito o candidato preferencial da pequena-burguesia “ética” cearense. Ou seja, os 11 mil votos do PSTU no estado foram mais que necessários para o PSOL eleger seu único representante na Assembléia Legislativa. Por fim, o Rio Grande do Sul, onde o PSOL é controlado pelo MES de Luciana Genro e Roberto Robaina, cujas candidaturas receberam financiamento de grupos capitalistas como a mega-rede de Supermercado Zaffari. Pedro Ruas foi “eleito” deputado estadual com 36.230 votos mas o coeficiente eleitoral era de 111.078. Adivinhem quem ajudou o PSOL a ultrapassar esta barreira??? O PSTU é claro, obviamente sabendo que o MES bancava parte da campanha com o dinheiro “doado” pelos capitalistas! A vergonhosa política morenista de estabelecer coligações com o PSOL deveu-se a identidade programática este partido, mas enquanto seus “irmãos” psolitas foram beneficados nas urnas, o PSTU amargou uma fragorosa derrota política e eleitoral, com seus votos servindo apenas para engordar a bancada do PSOL nos estados e na Câmara Federal enquanto seu candidato a presidente, Zé Maria, não alcançou nem os 100 mil votos!

Para além dos números, esta política é completamente suicida para o PSTU. Tal orientação coloca a relação política entre ambos partidos completamente subordinada em favor do PSOL, cabendo ao PSTU no máximo puxar votos para o PSOL via a “Frente de Esquerda” e colocar sua estrutura sindical a serviço desta cretina política eleitoralista. Aos buscar a conformação da “Frente de Esquerda” com o PSOL a nível nacional e não concretizá-la justamente por conta da não coligação no RJ e RN, o PSTU acabou “regionalizando” o pleito. Neste terreno, todas as supostas “profundas diferenças programáticas” vieram por água abaixo e a direção morenista aceitou fazer coligações onde avaliava que ainda poderia tirar algum proveito eleitoral. Trata-se de uma completa desmoralização!O caso mais esclarecedor foi em São Paulo. Neste estado, o PSTU fez um acordo ultra-oportunista com o grupo de Ivan Valente para tentar conquistar a segunda vaga da “Frente de Esquerda” na Câmara Federal. O experiente Ivan sabia que tal aritimética beneficiaria diretamente sua candidatura e não os apetites eleitorais do PSTU tanto que fechou a aliança, contestada pelas “correntes da centro- esquerda” no interior do próprio PSOL, que alertaram o PSTU de fortalecer o bloco “marineiro” do PSOL. Este mesmo bloco já havia descartado a aliança nacional com o PSTU quando indicou Randolfe Rodrigues e vetava as coligações no RJ e RN! A LBI já tinha inclusive denunciado não só esta política mais o resultado final desta manobra eleitoreira. No artigo “PSTU coliga com o PSOL em SP: Morenistas afirmam não ter ‘acordo programático’ para apoiar Randolfe, mas com o chefe Ivan ‘convergência é total’!” (13/06) denunciamos “Aqui está o segredo do ‘porquê’ da aliança em SP. Os morenistas têm um acordo de bastidores com Ivan Valente para garantir os votos necessários para o parlamentar do PSOL conseguir o coeficiente eleitoral de sua reeleição a deputado federal. O PSTU avalia que seu candidato a deputado federal (Toninho Ferreira) tem condições eleitorais para, pelo menos, ficar na primeira suplência do próprio Ivan e deve assumir o mandato por algum período com uma licença pré-acordada do parlamentar do PSOL a fim de catapultar o nome de Toninho para a eleição a vereador em SJC em 2016. A aliança via coligação proporcional a deputado federal entre PSOL e PSTU beneficiaria ambos os partidos, já que Ivan precisa dos votos de Toninho para atingir o alto coeficiente eleitoral em São Paulo e o PSTU seria ‘premiado’ com meses de mandato e verbas às vésperas da eleição municipal”. Ocorre que as forças centrífugas da luta de classes agem sobre a militância do PSTU e mais esta derrota eleitoral “demonstra” a inviabilidade de seu projeto eleitoral enquanto o PSOL se confirma como uma “alternativa” mais palpável para os carreiristas que estão dentro do PSTU. Até as eleições de 2016 os apetites eleitorais desta “fração psolista” no interior do PSOL vão crescer e se o PSTU não conseguir se coligar com o PSOL na próxima disputa municipal em muitas cidades (o que é improvável), antecipadamente setores no interior do PSTU devem pular do barco em busca de se elegerem sob o guarda-chuva do PSOL!

Como se observa, estamos diante de um fato que revela a completa fraude política que são as justificativas “programáticas” para não integrar-se nacionalmente a FE com o PSOL. Como se pode aferir, as supostas “divergências” que o PSTU afirmava ter com o PSOL acerca da “independência” frente aos patrões, não passavam de barganha para justificar seus esforços de entrar a qualquer custo na Frente de Esquerda, nem que fosse pela porta das alianças estaduais. Mas até esta política fracassou! Vimos porém o PSTU aplicar a política de cretinismo eleitoral com vista a galgar a todo custo postos eleitorais mas acabar dando uma “ajudinha” para eleger apenas os parlamentares do PSOL. Para este resultado desastroso sacrificou totalmente a independência de classe. As declarações em defesa de um programa “socialista” como condição para compor a Frente de Esquerda, se monstraram absoluta letra morta na medida em que seus melhores aliados internos no PSOL são os campeões do reformismo e de uma política policlassista de integração ao Estado capitalista. Apesar do PSTU se “declamar” a favor de uma plataforma “anticapitalista”, o que interessa mesmo são os cargos... nem que seja via suplência de um parlamentar do PSOL!!! Não por acaso Toninho declarou após as eleições que “Agradecemos a todos que de uma forma ou de outra contribuíram com esta campanha. A unidade alcançada em torno da minha candidatura em todo o estado foi um marco histórico. Um grande apoio nas ruas, nas fábricas, junto a intelectuais de esquerda. A campanha foi vibrante. Valeu a pena. A luta continua. Agora mais forte ainda, ao lado da classe trabalhadora e em defesa da população pobre. Vamos fazer da suplência um mandato popular e vamos fazer jus a ele” (Blog do Toninho, 05/10).

Esta crise “existencial” no interior do PSTU se incrementa na medida que o partido avaliava que seria beneficiado eleitoralmente com os “ventos” das Jornadas de Junho nas urnas. Como a LBI já caracterizava ocorreu justamente o contrário (a exceção foi o PSOL que teve um relativo crescimento eleitoral muito focado no Rio de Janeiro), todas as forças “à esquerda” foram varridas nas urnas. Marina Silva foi quem capitalizou, pela direita, o descontentamento expressos pelo Jornadas. PSTU, PCB e PCO tiveram votações inexpressivas, o que força estes partidos a se submeterem cada vez mais a dinâmica da política direitista do PSOL. Não por acaso estes agora lamentam a não constituição da “Frente de Esquerda”, como fez publicamente o PCB! Por seu turno, a raquítica votação de Zé Maria para presidente demonstrou que longe de sua campanha ser uma “vitória” ela não expressou nenhuma evolução política e eleitoral, pelo contrário, o PSTU não passou de uma sombra do PSOL, consolidando seu papel de apêndice dos reformistas!