quinta-feira, 16 de outubro de 2014


PSTU e sua “alma gêmea” no PSOL (CST) afirmam o devaneio que o voto em Alckmin e Aécio são a “expressão da rebeldia popular”. Para quem apoiou a OTAN contra a Líbia a vitória da Tucanalha é muito “progressista”...

O PSTU e os Morenistas da CST acabam de lançar artigos em que se somam ao coro dos revisionistas do trotskismo que caracterizam não haver uma “Onda Conservadora” no Brasil. Junto com outros membros da “grande família” (LER, EM...), os Morenistas são categóricos em afirmar pérolas que apresentam os votos em Alckmin e Aécio como um “fenômeno progressivo”, “um voto de castigo contra o PT”. Exagero da LBI? Leiam atentamente com os próprios olhos o que nos diz o candidato do PSTU à Presidência, José Maria de Almeida: “Estes milhões de votos são votos de oposição a tudo que aí está, são votos por mudanças, por melhoria nas condições de vida dos trabalhadores e do povo pobre. E, mais uma vez, pela funcionalidade do sistema eleitoral brasileiro, são canalizados para a candidatura que tem chances de derrotar o atual governo, o PT. São ‘votos castigo’ no PT e, para isto, os trabalhadores usam o que têm às mãos: a candidatura do PSDB. Mas não tem nenhum tipo de alinhamento programático com o candidato tucano”. (Sobre onda conservadora, voto nulo e alternativas da esquerda socialista, 14/10). Não é nenhuma surpresa que os apoiadores das “revoluções made in CIA” na Líbia, Síria, Egito e Ucrânia avaliem agora que o apoio eleitoral ao tucanato baseado em sentimentos xenófobos e anticomunistas são “votos por mudanças” no Brasil. Somente os estúpidos revisionistas do PSTU, CST e afins conseguem enxergar um “voto sem alinhamento programático” em Alckmin/Aécio para apresentar o apoio aos tucanos como uma expressão de “rebeldia das massas”. O míopes que viram no golpe militar no Egito ou na ação dos fascistas na Ucrânia uma “revolução” realmente só podem mesmo enxergar o voto nos tucanatos como uma escolha “por melhoria nas condições de vida dos trabalhadores e do povo pobre”! Para o delirante esquema político morenista, as “Jornadas de Junho” abriram um caminho revolucionário no Brasil, portanto o crescimento das tendências fascistas e de grupos de extrema-direita, além do fortalecimento da bancada conservadora no parlamento, da vitória do Opus Dei Alckmin em primeiro turno em SP e do incremento da votação de Aécio a nível nacional são apenas um “detalhe” que provaria o justo repúdio ao PT. Nada disso seria produto do retrocesso da consciência de classe do trabalhadores a nível mundial, que no Brasil avançou ainda mais desde junho de 2013 devido a ausência da intervenção organizada da classe operária e pela inexistência de um partido revolucionário com peso social e político em nosso país.

Esta cantilena também é utilizada pela CST ao declarar que “A sociedade está mais polarizada, mas os elementos conservadores, ultradireitistas e fundamentalistas que pululam pelo Congresso não são o determinante na situação política brasileira. As jornadas de Junho de 2013, que não foram derrotadas, desmentem essa tese. A expressiva votação da Luciana Genro, dobrando a votação do saudoso Plínio de Arruda Sampaio, depois de vários solavancos em nossa candidatura a presidente e o crescimento nas bancadas federal e estaduais são outro dado importante. A derrota histórica dos Sarney e dos Lobão depois de meio século governando o Maranhão, a fuga de Cabral, o fato do filho de Jader Barbalho ter que esconder o pai, a diminuição dos votos da coligação Dilma, o avanço no índice de votos brancos, nulos e abstenções e até a votação de Marina, ainda que de forma distorcida, são uma clara mensagem da vontade de mudança para furar a polarização PT-PSDB” (Deputados Federais do PSOL e a disputa do segundo turno, CST, 13/10). O “detalhe” é que os votos nas candidaturas da direita cresceram em todo o país, a começar com Marina que capitalizou o “espírito das Jornadas” como é forçada a reconhecer a CST. Mas não só isso, as lutas diretas foram derrotas no primeiro semestre de 2014 e, em seu lugar,impôs-se o circo eleitoral para abrir caminho para figuras como Bolsonaro, Feliciano, Moroni etc...além de fortalecerem tremendamente o Opus Dei Alckmin. As oligarquias saíram fortalecidas como a eleição do filho de Calheiros e Collor em Alagoas, a ida do filho de Jader Barbalho ao segundo turno no Pará! Os Sarney saíram de cena de forma administrada, mas o candidato do PCdoB que ganhou as eleições no Maranhão estava sustentado por uma aliança com o PSDB e se nega a apoiar Dilma no segundo turno! O PSB também vergou a direita nesse processo eleitoral!Esses elementos provam um giro eleitoral a direita que reflete o crescimento ideológico das tendências fascistizantes, as mesmas que queimaram as bandeiras vermelhas durante as “Jornadas” em 2013. Para a CST e o PSTU, que festejaram a derrubada da estátuas de Lenin na Ucrânia como uma “revolução”, nada mais normal que a “Primavera brasileira” tivesse em seu bojo a perseguição aos partidos que levantassem a bandeira da foice e do martelo, afinal de contas, como diz o PSTU “são trabalhadores que usam o que têm as mãos”, mesmo que sejam mauricinhos de classe média alta que usam porretes contra a esquerda revolucionária!!! 

O PSTU busca de todas as formas vender o verso de que as “Jornadas de Junho” abriram um situação favorável a luta dos trabalhadores, portanto os votos em 05 de Outubro expressam um fenômeno progressivo, mesmo se dados a Marina, Alckmin e Aécio. Vejamos seu delírio político, novamente no artigo de Zé Maria: “Sabemos das limitações que marcaram aquelas mobilizações, a ausência de uma participação da classe trabalhadora enquanto tal, da imensa confusão política e ideológica que permeou todo o processo. Aliás, não é por outro motivo que a candidatura que mais empalmou o processo de junho do ano passado foi justamente a de Marina Silva (que agora apoio Aécio Neves). Caíram como luva para ela as confusões e indefinições do processo. Mas tratou-se, de toda forma, de um processo tremendamente progressivo, em primeiro lugar porque se deu através de uma mobilização de massas que exigiu nas ruas mudanças no país, dos governos (das três esferas), o atendimento das demandas populares e que enfrentou e derrotou o aparelho repressivo do Estado. Esse processo levou a uma nova situação política no país, a uma mudança na relação de forças na sociedade, mais favorável aos trabalhadores”. Foram “mobilizações de massas” similares as que ocorreram no Brasil apoiadas acriticamente pelo morenistas que abriram caminho para a intervenção da OTAN na Líbia para derrubar Kadaffi apresentado como um “ditador” da mesma forma que a direita tupiniquim caracteriza a gerência “bolivariana” de 12 anos do PT! No Egito, a LIT e a UIT declaram que o golpe militar era uma “vitória das massas” porque então seria diferente em caracterizar que a vitória de Aécio no Brasil “abriria melhores condições para lutar” como chega a declarar Zé Maria: “É o voto de milhões de trabalhadores que muito provavelmente estarão nas lutas contra um eventual governo Aécio que irá trazer mais precariedade ao invés de melhoria nas condições de vida das pessoas. E que estarão nas ruas lutando contra um eventual governo Dilma que não prepara nada diferente do PSDB para a vida dos trabalhadores caso ganhe a eleição”. Em resumo, o que importa é a “massa na rua” independente que programa e que tendência política, social e ideológica expresse! Com esta concepção, Hitler e suas marchas nazi seriam saudadas pelo PSTU na Alemanha antes da sua ascensão ao governo central, como de fato recentemente foram apoiadas as manifestações fascistas em Kiev porque os morenistas alegavam o combate a “herança do totalitarismo stalinista” na Ucrânia.
  
O mais grave é que o PSTU, apesar de não ter eleito um único parlamentar e obter menos de 100 mil votos para presidente, segue caracterizando que “as massas estão em ofensiva no Brasil” menosprezando o crescimento das tendências fascistas e conservadoras. O mesmo Zé Maria nos explica em um malabarismo primário que “Tudo isto acaba por compor um quadro de maior polarização social e política no país e esta é uma característica da nova situação da luta de classes aberta pelas mobilizações de junho de 2013. É importante compreendermos esta totalidade, buscando evitar uma análise simplesmente jornalística do cenário político. É preciso ir ao processo mais estrutural, identificando os movimentos mais profundos das massas e da classe trabalhadora. Enxergar a reação dos setores mais à direita sem ver a ofensiva das massas que a detonaram vai levar a uma leitura errada da conjuntura”. Esta “tese” tragicômica, levou os morenistas a apoiarem os neo-monarquistas na Líbia contra Kadaffi, os “rebeldes” terroristas financiados pela CIA na Síria contra Assad, os fascistas na Ucrânia contra a Rússia e os generais no Egito contra a Irmandade Muçulmana. Segundo esta pérola com as massas nas ruas, a ofensiva da direita tende a ser superada “naturalmente” mesmo que não haja direção revolucionária e sim grupos reacionários a cabeça das manifestações de massas, afinal de contas segundo estes canalhas (a que se inclui a LER), estão em curso “revoluções inconscientes” pelo mundo afora! Não por acaso, a CST e o PSTU que exigem a Obama armas para os “rebeldes” na Síria são os mesmo que no Brasil exigiram que o reacionário STF prendesse Dirceu e Genuíno, inclusive reivindicando “cadeia para Lula”, medidas draconianas de recrudescimento do regime político burguês que somente levaram e levariam a um ataque ao conjunto da “esquerda” por um Tribunal político reacionário controlado pelas frações políticas mais conservadoras do Estado burguês, o mesmo que entregou Olga Benário a Hitler!


Por fim, é preciso alertar que o Voto Nulo pregado pelo morenistas tem um caráter claramente direitista, considerando o PT como o “centro do mal” e que também reconhece a legitimidade deste circo eleitoral. Por esta razão eles desprezam o significado da “Onda Conservadora” em curso e menosprezam o avanço das tendências reacionárias em nosso país, advogando em seu mundo da fantasia que as massas “avançam em todo linha” no Brasil. Neste delírio, a CST declara “Amplos setores de massa estão demonstrando nas ruas e nas urnas que querem uma nova direção à altura para superar o câncer PT/PSDB e seu modelo econômico e social. Não é apoiando Dilma que vamos nos postular para essa difícil tarefa. Por isso, no segundo turno sou 50! Voto nulo!”. Por sua vez, o PSTU assevera que “A nossa classe necessita avançar na construção de uma alternativa operária e socialista, que possa reconstruir a esperança e trazer para a luta não só os milhões de operários e trabalhadores que neste momento, ainda que críticos, acham que é melhor votar no PT contra Aécio. Mas também aos milhões de operários e trabalhadores que acham que o melhor é castigar o PT com um voto no PSDB. Ou seja, uma alternativa que se constrói na luta contra as duas candidaturas que disputam o segundo turno”. Como se observa os morenistas desejam “dialogar” com a base eleitoral do tucanato e, por esta razão, escodem seu móvel direitista. De nossa parte, compreendemos que melhor maneira de barrar a “Onda Conservadora” é denunciando o próprio circo eleitoral e politizando os votos nulos, em branco e os milhares de trabalhadores que se abstiveram em 05 de Outubro, tratando até o dia 26 de fazer uma campanha ativa pelo boicote eleitoral nos locais de trabalho e estudo. No centro deste combate político, é dever dos genuínos trotskistas que defendem o Voto Nulo desmascarar os revisionistas que tanto no Brasil como na Líbia, Síria, Egito e na Ucrânia se perfilam ao lado da reação fascista e pró-imperialista contra os governos nacionalistas burgueses, frente populistas e reformistas. Ainda que no campo eleitoral PSTU e CST advoguem “nem Dilma, nem Aécio” negam o avanço das tendências conservadoras para melhor encobrir sua política de ventríloquos da Casa Branca aqui e no resto do planeta!