quarta-feira, 26 de novembro de 2014


Ferguson (EUA) se levanta outra vez: O caminho para derrotar o racismo e a violência policial é a liquidação revolucionária do monstro imperialista pelos trabalhadores e o povo pobre!

Em várias cidades dos EUA explodiram manifestações nesta semana contra a decisão do tribunal de júri da cidade norte-americana de Ferguson, subúrbio de St. Louis, de absolver o policial Darren Wilson, responsável por assassinar a tiros o jovem negro Michael Brown de 18 anos em agosto passado. Os principais slogans dos manifestantes foram "Detenham e acusem o policial culpado do assassinato de Michael Brown", "Parem a ocupação dos policiais da cidade Ferguson", "Declarem anistia incondicional para aqueles que foram detidos desde 10 de agosto". A nova onda de protestos se iniciou na segunda-feira, dia 24, após a publicação da decisão absolutória do júri. O centro do levante é própria cidade de Ferguson, onde a polícia local com o apoio da Guarda Nacional enviada por Obama já prendeu dezenas de pessoas e atacou violentamente as marchas populares. Milhares de pessoas repudiam a decisão porque todos sabem que o assassinato do jovem negro ocorreu através de pelo menos seis tiros, todos disparados pela frente pelo policial (dois deles na cabeça), deixando Brown morto depois de perseguido, mesmo desarmado e de braços para alto, sob a falsa acusação de consumo de maconha e roubo. O aparato repressivo fortemente armado lançou granadas, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os manifestantes que responderam com coquetéis molotov. Este quadro expõe mais uma vez a divisão de classe e de cor no coração do monstro imperialista! Este cenário reafirma o estado de terror policial imposto contra o povo pobre enquanto o imperialismo ianque incrementa sua ofensiva belicista por todo o planeta. Para derrotar a ofensiva assassina do Estado capitalista e a bárbara ação policial deve-se construir comitês de autodefesa do povo pobre e dos trabalhadores, convocando uma paralisação geral nas principais cidades dos EUA! Os lutadores que estão nas ruas nos EUA não podem ter nenhuma ilusão na justiça capitalista e em seu Estado, são instrumentos de classe da burguesia contra os trabalhadores, como mostra a decisão de inocentar o policial assassino! Devem combater pela liquidação do imperialismo ianque unindo o povo pobre, negro com o conjunto da classe trabalhadora explorada contra o regime de opressão e espoliação capitalista mais forte do planeta!


Como ocorreu no caso Amarildo (morto no interior de uma UPP na Rocinha no Rio de Janeiro), também em Ferguson (EUA) a família do jovem Brown se declarou escandalizada com o que considera versões manipuladas divulgadas pela polícia e a mídia para tentar “responsabilizar a vítima e desviar a atenção”. Enquanto a comunidade negra enfatiza que Michael era um rapaz pacato que estava prestes a ser um universitário, comerciantes e neonazistas espalham pelas redes sociais que o jovem já tinha ficha policial, como se tal “crime” fosse motivo para assassiná-lo. A polícia de Ferguson, composta na maioria por policiais brancos racistas, demorou seis dias somente para divulgar o nome do policial que matou o jovem negro e ainda plantou informações para fazer crer que ele era suspeito de assalto a um estabelecimento comercial. Michael Brown foi o quinto homem negro desarmado morto pela polícia nos últimos 30 dias, com casos em estados diferentes do país, mostrando que o problema da perseguição ao povo negro é nacional. De acordo com um relatório do Sentencing Reform, um grupo que promove a reforma do sistema carcerário americano, um em cada três homens negros deverá ser preso pelo menos uma vez durante sua vida. O assassinato de Brown não é a única causa da revolta popular de Ferguson. É apenas a faísca que desencadeou o levante negro. A pobreza, a segregação, o desemprego e um clima de racismo antinegros próprio do capitalismo ianque senil e doente colocaram literalmente fogo na pequena Ferguson e a região metropolitana de St. Louis, no Missouri.

Como denunciaram vários jovens amigos de Brown, sua morte é o resultado concreto do assassinato em massa de adolescentes nas periferias dos grandes centros urbanos, sendo parte de uma política de estado nos EUA, herdeira da legislação racista que foi “reformulada” depois da luta pelos direitos civis nos anos 50 e 60. A mídia ianque apoia plenamente a legislação racista justamente para reprimir os setores descontentes com a crise econômica. Um relatório feito pelo instituto Pew Center, em 2011, revelou dados estarrecedores sobre o caráter racista do verdadeiro “estado policial” que reina no coração do monstro imperialista, que é responsável por nada menos do que 5% da população carcerária mundial (e 25% do continente americano). Apesar de corresponderem a 12% da população estadunidense, negros estão no topo de todas as estatísticas policiais. Nas prisões, existe um branco para cada 11 negros. Pesquisas indicam que quatro de cada cinco jovens negros serão aprisionados em algum momento de suas vidas. E o destino traçado pelo sistema pode ser ainda mais trágico: cerca de 40% dos que estão nos corredores da morte são negros, proporção que chega a 60% em estados como a conservadora Pensilvânia (onde a população negra não chega a 10%).

Em setembro, após apoiar a repressão policial em Ferguson, Obama declarou cinicamente que a morte do jovem era uma “tragédia”, porém pediu “calma a população” e que a “lei será cumprida”. De fato ela foi aplicada, julgando inocente o policial que assassinou o jovem Brown. O lobo em pele de cordeiro só não disse que as “leis” estão a serviço da burguesia e seu estado policial... A execução de Michael Brown faz lembrar um caso recente, mas que tomou rumo totalmente contrário. O jovem negro Troy Davis foi executado com a pena capital após ser acusado com testemunhas falsas de ter matado um policial branco. Num caso, um jovem negro é executado no meio da rua e o policial assassino é protegido pelo Estado burguês. Noutro caso, a justiça penal não teve muitas dúvidas do que ocorreu e executou Troy Davis em setembro de 2011. Outro exemplo é o de Mumia Abu Jamal até os dias de hoje preso por acusação falsa de ter morto um policial. O “falcão negro” não deseja desagradar seus anos capitalistas brancos e já prepara a transição para um governo de corte abertamente fascista em 2016, possivelmente sob o comando de Hillary Clinton em parceria com o Tea Party ou algo afim.


Os ataques de claro conteúdo fascista e racistas estão em consonância com a época de ofensividade bélica e de reação ideológica preconizada pelo imperialismo ianque do qual Obama é porta-voz, como vemos, por exemplo, na Ucrânia, cujo governo golpista é apoiado pelos EUA. Como não há um contraponto revolucionário à degradação de uma sociedade doente que recorre a um estado policial contra seu próprio povo, a humanidade tende a caminhar para a barbárie imposta pelo império decadente. Desgraçadamente, se não houver uma direção política que aponte uma saída comunista para os trabalhadores de todo o planeta, assassinatos racistas, carnificinas neonazistas e guerras genocidas acontecerão como norma de sobrevivência do regime capitalista senil. Sem a intervenção do proletariado nesta conjuntura fascistizante em defesa da liquidação deste estado policial e pela liberdade imediata dos negros e trabalhadores encarcerados, o capitalismo não se extinguirá, nem cairá de podre, ao contrário, arrastará a humanidade para a barbárie. Estamos vendo a volta com força do fascismo ianque em escala interna e planetária. Para que não se repitam novas cenas sanguinárias como o assassino do jovem negro Michael Brown dentro e fora dos EUA, somente a ação revolucionária do proletariado mundial poderá reverter estas tendências nefastas, se valendo da luta pela liquidação do modo de produção capitalista e tendo como estratégia a imposição de seu próprio projeto de poder socialista.