quarta-feira, 12 de novembro de 2014


Mobilizações sacodem o México contra o terrorismo de Estado exigindo a renúncia do fascistóide Peña Nieto. A tarefa dos Comunistas é estabelecer a ponte entre a barbárie cometida e o conjunto do regime burguês!

O México está sendo palco de manifestações massivas desde o assassinato dos 43 estudantes da cidade de Ayotzinapa, no estado de Guerrero, ocorrido em 26 de setembro. Eles foram presos pela polícia quando retornavam de um ato público e, em seguida, foram entregues a integrantes do cartel Guerreros Unidos, grupo narcotraficante ligado ao prefeito local, do PRD. Os estudantes foram torturados, seus corpos trucidados, queimados e ao final jogados no rio Cocula. Mais de 100 escolas estão em greve e milhares de mexicanos saem às ruas diariamente exigindo a renúncia imediata do presidente Enrique Peña Nieto (PRI), já que a mobilização que os estudantes mortos fizeram antes de serem assassinados eram contra os ataques promovidos por seu governo em conluio com o PDR. O repúdio ao ataque aos “43”, como são agora conhecidos, capitalizou o ódio popular contra o conjunto dos partidos burgueses (PRI-PAN-PRD) e as instituições do regime. Desgraçadamente, a “esquerda” mexicana está atrelada ao nacionalismo burguês hoje agrupado no partido Morena de Lopez Obrador, que rompeu com o PRD para se alçar como uma alternativa burguesa ao desgaste dos partidos tradicionais. Os principais sindicatos do país que apoiam as mobilizações se limitam a protestar contra o assassinato dos estudantes sem apontar a deflagração imediata da greve geral. Neste momento é necessário estabelecer a unidade operário-camponesa-estudantil para passar a ofensiva contra a classe dominante e seu governo lacaio, que encontra-se blindado pelo imperialismo ianque. Para vingar a morte dos estudantes mexicanos é preciso cobrir a luta em curso no país de ampla solidariedade de classe internacional e apontar uma perspectiva revolucionária para a crise do falido regime burguês. A fraude eleitoral que levou Peña Nieto ao governo barrando a ascensão de Obrador confirmou o que agora se vê em toda a plenitude: o avanço das máfias e do narcotráfico no México em conluio com os políticos burgueses de todos os partidos revela que a burguesia e o imperialismo impuseram um regime ainda mais recrudescido e policialesco contra o movimento operário e as massas que somente pode ser derrotado pela ação direta dos trabalhadores e sem nenhuma confiança nas instituições apodrecidas da “República”, colocando inclusive na ordem do dia a destruição do assassino aparato de repressão estatal! Os reformistas de plantão tentam limitar as mobilizações contra a barbárie cometida pela máfia dominante nos limites da democracia burguesa, exigindo a “depuração ética” do Estado capitalista, para os comunistas leninistas a tarefa é colocar na ordem do dia a questão do poder proletário pela via da revolução socialista.

Hoje no México as mobilizações em curso enfrentam os mesmo limites políticos e ideológicos que ocorreu na próprio campanha presidencial de 2012 e depois da fraude. Naquele momento muito se falou do movimento estudantil e juvenil “YoSoy132” que questionou o resultado eleitoral, porém se colocou abertamente a serviço da candidatura de Obrador, sem denunciar seu papel de peça-chave na manutenção do regime político. O “YoSoy132”, uma espécie de “indignados mexicanos” como seu homólogo na Espanha, carecia de uma estratégia revolucionária justamente porque não tinha um programa de ruptura com a ordem capitalista e estava apoiado exclusivamente na pequena-burguesia, sem qualquer relação com o proletariado mexicano, duramente atacado pela crise econômica que lhe é imposta pela servil relação comercial com os EUA. Este quadro não se alterou durante os dois anos de governo do PRI.  

Durante o governo Calderón (PAN), que antecedeu Peña Nieto, foram mortas cerca de 40 mil pessoas em torno da disputa pelo controle do tráfico de drogas entre os cartéis que dominam o país, todos vinculados a setores da burguesia e ao próprio aparato do Estado. Por sua vez, ao lado de Honduras, o México é o país da América Latina que teve o maior incremento do índice de pobreza. Esta aberta tensão social se reflete na militarização do regime e demonstra que a atual “guerra contra as drogas” não é uma guerra entre o governo e o narcotráfico, mas uma disputa entre setores da classe dominante pelo controle de territórios e mercados. Leva-se a cabo chacinas e assassinatos brutais pela mercadoria oferecida: as redes de distribuição de entorpecentes proibidos e migrantes “ilegais”. Os diferentes grupos comerciais (Cartel do Golfo, A Família, Os Zetas, etc.) não poderiam existir sem seus vínculos com o Estado burguês, até porque a maior organização criminosa é o próprio Estado capitalista que expropria violentamente as massas. O assassinato dos “43” é a prova cabal do que afirmamos, já que matou aqueles que se opunham as “reformas” neoliberais levadas a cabo por Peña Nieto e o PRD.

Os crimes cometidos pelo consórcio PRI-PAN-PRD e o pacto estabelecido com Obrador pela estabilidade do regime político coloca como necessidade imperiosa a construção de uma direção revolucionária à altura da situação que o país se encontra. Forjar um partido autenticamente comunista, operário e internacionalista oposto aos atalhos patrocinados pelos revisionistas do trotskismo que atuam como uma sombra de Obrador é uma necessidade fundamental da vanguarda classista mexicana. Longe de avalizar sua política de colaboração de classe é preciso construir uma ferramenta revolucionária. Arrancar os sindicatos das mãos das corruptas máfias priiristas e da nefasta influência do PRD de Obrador, do “Morena” e seus satélites é parte fundamental da tarefa histórica dos marxistas revolucionários neste momento de profunda dor dos explorados mexicanos e contra o ataque em toda linha aos trabalhadores e suas conquistas, neste momento dramático que vive o país de Villa e Zapata. Nesse sentido, a tarefa dos comunistas é estabelecer a ponte entre a barbárie cometida e a denúncia do conjunto do regime burguês!