sexta-feira, 7 de novembro de 2014


Receita neoliberal petista para fazer inveja a tucanalha derrotada nas urnas

Para quem esperava uma guinada à "esquerda" do governo após a vitória eleitoral petista, diante da polarização política estabelecida com o PSDB, deve estar se sentindo "traído". Como já tínhamos alertado o programa de governo da Frente Popular representava uma versão neoliberal da mesma cartilha seguida pelos tucanos. Porém agora veio a confirmação oficial do rumo que o PT pretende imprimir no segundo mandato da gerência Dilma, e pela boca do ministro demissionário Mantega: "Nós temos agora que fazer uma redução importante das despesas que estão crescendo, como o seguro-desemprego, abono salarial e auxílio doença". Não se trata de uma mera "carta de intenções", mas de um ataque as conquistas operárias já posto em marcha pelo governo Dilma, como o congelamento dos salários do funcionalismo público e a redução das verbas estatais para os setores de saúde e educação. O "couvert" do segundo mandato petista já subiu a taxa de juros e liberou a flutuação do câmbio para a farra dos rentistas. Para finalizar a semana a equipe econômica palaciana decretou um aumento do preço dos combustíveis, que embora menor do que exigido pelo "mercado" deverá desencadear uma forte cadeia inflacionária na cesta básica alimentar. Depois de todo este estelionato político ainda existem aqueles que afirmam que o grande "perigo" para a classe operária vem da parte de meia dúzia de fascistóides drogados que costumam desfilar pela Av. Paulista. Mais uma vez denunciamos o caráter estatal da ofensiva patronal em curso e responsabilizamos diretamente o PT pelo ataque aos direitos e conquistas da classe trabalhadora. A "direita" burguesa assiste passivamente a ala "esquerda" das classes dominantes (com o suporte do Estado) descarregar no país os "ajustes" que o capital financeiro exige para aumentar sua rentabilidade em períodos de crise. Quanto a possibilidade de um golpe da direita contra Dilma, só mesmo na mente de vigaristas políticos que pretendem traficar sua política burguesa de colaboração de classes no movimento de massas como sendo a melhor "expressão da esquerda" brasileira.

A senda capitalista de direita assumida claramente por Dilma após sua reeleição não se limita ao plano nacional. O governo da Frente Popular tratou logo de restabelecer plenas relações políticas com a Casa Branca, abaladas depois de Washington ter confessado publicamente que "grampeava" o Planalto. O vice-presidente Joe Biden telefonou para Dilma convidando a presidente para uma visita aos EUA, o que foi prontamente atendido pela "gerentona" neoliberal: "Parece-me extremamente oportuno que comecemos a planejar desde já minha visita de Estado". Por sua vez Biden não se fez de rogado: "Fiquei muito feliz com sua vitória. A senhora é uma grande amiga que temos na América do Sul", declarou o chacal ianque.

A falácia de que o governo petista poderia representar algum contraponto as investidas imperiais na América do Sul não se sustenta diante dos fatos. O papel de "moderador" das lutas sociais em nosso continente, protagonizado pelo PT, só serve ao governo Obama para acentuar sua escalada de combate as forças verdadeiramente antiimperialistas do Cone Sul. Por outro lado, a gerência petista vem "encorajando", com recursos estatais é óbvio, a burguesia brasileira a explorar mercados vizinhos em nome de uma suposta "integração latino-americana" (capitalista!).

O movimento operário e popular não pode se deixar iludir por uma polarização interburguesa (direita versus esquerda) que não conduz a nenhuma conquista política ou social para o proletariado. Estamos diante de uma ofensiva capitalista neoliberal dirigida pelo governo do PT e este deve ser nosso inimigo central! Vamos organizar um amplo movimento de resistência e luta para derrotar a política de "ajuste" da gerência petista, patrocinada com todo "entusiasmo" pelos barões de Wall Street associados a Casa Branca.