sábado, 31 de janeiro de 2015


Dilma e "Lava Jato" sabotam um tímido projeto de soberania nacional: Cancelamento das refinarias "Premium" e drástica redução nas obras da COMPERJ e Abreu Lima

Agora é oficial, a diretoria da PETROBRAS apenas confirmou o que já era aguardado por todos os que analisam seriamente os objetivos reais da chamada operação "Lava Jato", a construção das duas refinarias do Nordeste (Premium) estão definitivamente canceladas e a conclusão das plantas de Abreu Lima (Pernambuco) e Comperj (Campos, RJ) seriamente ameaçada. Alertamos que não se trata de um decisão meramente técnica ou mesmo financeira/comercial por parte do governo Dilma, a criminosa deliberação da PETROBRAS envolve uma questão estratégica de soberania nacional. Sem as cinco novas refinarias (o complexo do COMPERJ estabelecia a construção de duas unidades de refino) que inicialmente seriam concluídas em 2016, o país ficará completamente dependente da importação de combustíveis fósseis, em sua grande maioria refinados por transnacionais imperialistas. Este quadro é ainda mais grave quando constatamos que o surpreendente déficit apresentado pela balança comercial brasileira em 2014 deve-se fundamentalmente a chamada "conta petróleo". Para tomar a desastrosa decisão o governo da Frente Popular não levou sequer em consideração os enormes prejuízos do cancelamento total das refinarias Premium (que seriam instaladas no Ceará e Maranhão), só nos projetos destas plantas a PETROBRAS já havia investido cerca de 3 bilhões de Reais, e os dois governos estaduais algo em torno de 800 milhões de Reais. Mas parece mesmo que a única preocupação da atual gerência petista é agradar a mídia corporativa que continua ofensiva com seu "carnaval" sobre os escândalos de "corrupção na PETROBRAS", para a oligarquia "murdochiana" as comissões obtidas pelos ex-diretores da estatal são bem mais significativas do que acumular um rombo de quase cinco bilhões com o aborto das novas refinarias. Por sinal a própria diretoria da PETROBRAS parece estar bem "sensível" aos apelos da Globo, disposta a inserir no balanço da empresa vultuosos valores negativos como "fruto da corrupção generalizada". Lógico que os interesses da famiglia Marinho passam bem longe de qualquer escrúpulo ético, pretendem no mercado desvalorizar ao máximo o patrimônio da maior estatal brasileira para iniciar posteriormente a campanha pela "privatização já!". A desaceleração das obras da COMPERJ e Abreu Lima, incluindo a redução de sua capacidade industrial, colocam o Brasil na condição de exportar 100% da extração do "Pré-Sal", já que as poucas refinarias em funcionamento no país não possuem a capacidade de processar óleo pesado. Isto significa que toda a produção das plataformas marítimas da PETROBRAS (com altíssimo custo de operação) estarão voltadas exclusivamente para a venda internacional como uma commoditie mineral que no momento atinge uma cotação muito baixa. Esta "lógica" de submissão adotada pelo governo Dilma, ou seja vender óleo cru a "preço de banana" para depois comprar "na alta" o diesel e a nafta processada dos trustes anglo/ianques, levará inexoravelmente a futura quebra da PETROBRAS! As "propinas" e comissões contraídas pelos gestores da PETROBRAS e supostamente investigadas com muito "rigor" pela operação "Lava Jato", são apenas a cortina de fumaça de uma manobra do imperialismo para liquidar a estatal e sepultar de vez um tímido projeto de soberania energética, elaborado por Lula em 2005. O pano de fundo da privatização da PETROBRAS está armado com a vertiginosa queda mundial no preço do barril de petróleo, os EUA querem subordinar os BRICS (também países do entorno como Venezuela e Irã) ao seu domínio econômico e militar, desgraçadamente o governo Dilma parece estar disposto a ceder diante da ofensiva política da Casa Branca.

Os arautos do neoliberalismo, hoje determinantes nos rumos econômicos do suposto governo "neodesenvolvimentista", logo saíram em defesa das medidas autofágicas adotadas pela alta cúpula da PETROBRAS. Para esta escória tupiniquim, que veste as "cores" de Washington, não valeria a pena processar industrialmente o óleo extraído em nossa costa em função do baixo preço que atualmente está cotada a commoditie. Sob esta orientação de " curta mira" o papel da PETROBRAS no contexto nacional seria mesmo de calcificar- se como um grande " fazendão" do petróleo, fornecedora " in natura" para os oligopólios internacionais que controlam a energia não renovável do planeta. Os intelectuais do PT não querem vislumbrar qualquer projeto estratégico de estado capitalista soberano, ao contrário "idolatram" a dependência tecnológica e científica do país como sendo uma " maldição divina". Sequer abstraíram as trágicas lições da história, sabendo que a primeira ação dos golpistas de 64 foi solicitar dos EUA que enviassem a nossa costa navios tanques de diesel e querosene azul para abastecer a frota militar que estava sob o comando do general Castelo Branco. Um país que importa até o combustível de suas Forças Armadas não pode se considerar "independente".

Porém a questão em jogo vai muito além do aspecto "militar", embora esta abordagem não deve ser desconsiderada nos chamados "tempos de paz" (conceito muito relativo se considerarmos a etapa guerreirista do imperialismo), o refino do petróleo envolve o desenvolvimento de todo o setor da química fina, essencial para alavancar um moderno parque industrial no Brasil. Em especial o COMPERJ estaria focado neste "gargalo" nacional, possibilitando a gestação de um avançado polo petroquímico em um centro produtor do "Pré- Sal". Mas o que admiram o atraso do país conseguiram uma espetacular vitória com o mutilamento do projeto original que deveria ser implantado na cidade de Campos. Não temos dúvida alguma que grupos como a Bayer, Schering, Johnson, Rhodia, etc... tiveram sua "digital" na decisão de amputar o COMPERJ, mas é claro que o caráter destas "propinas" não interessa a "zelosa" mídia patronal.

Em seu conjunto a esquerda revisionista "percebe" a crise da PETROBRAS como uma consequência de problemas "éticos" no interior da empresa, tendo pouca ou nenhuma relevância os rumos estratégicos da estatal. Tudo se resume a um binômio de falta de "moral e democracia" na PETROBRAS. Os falsos vestais, como o PSTU, LER e afins, seguem a pauta "murdochiana" e se escandalizam com a cobrança das comissões no âmbito de todas as instâncias do Estado burguês, como se de repente descobrissem que no regime capitalista todos os gestores são corruptos e patrimonialistas. A questão fulcral é que esta "prática" não é nova (não foi introduzida por FHC ou Lula, se arrasta desde o império!) e tampouco restrita a PETROBRAS. No compasso vigente da operação "desmonte" a PETROBRAS está com os "dias contados", sangrando até a falência ou sua privatização (como medida "salvadora"), é urgente compreender a "jogada" rapineira do imperialismo, travestida de "Lava Jato". Somente uma intervenção enérgica do movimento operário e dos próprios trabalhadores da estatal poderá reverter este curso integralmente nocivo aos interesses da nação.