quarta-feira, 7 de janeiro de 2015


Todo apoio à greve dos operários da Volks. Não as demissões! Derrotar a política de conciliação de classes da direção do Sindicado dos Metalúrgicos do ABC e da CUT!

Mais de 800 operários da planta da Volks de São Bernardo do Campo foram demitidos neste dia 06 após retornarem das férias coletivas. Trata-se de um ataque fulminante ao emprego e as condições de vida dos trabalhadores que se negaram no final de 2014 a aceitar o acordo de redução de salário em nome da suposta manutenção do emprego, como defenderam a empresa e a da direção do Sindicado dos Metalúrgicos do ABC! A Volks rompeu até mesmo o acordo celebrado no final de 2012 que previa a ocorrência de demissões somente através do PDV ou de trabalhadores que se aposentassem, valido até 2016. Porém já no fim do ano passado a multinacional anunciou que iria implantar um PDV de 2100 trabalhadores e o congelamento dos salários até 2016. Como os trabalhadores não aceitarem a chantagem patronal veio as demissões! A resposta dos operários foi a greve! Esse golpe contra os metalúrgicos se insere nos ataques que o governo Dilma disferiu no final do ano contra os direitos e conquistas dos trabalhadores do setor privado segurados pelo INSS, com o fim da pensão integral vitalícia e obstáculos para o seguro-desemprego. O momento agora é de cobrir da mais ampla solidariedade a greve na Volks e estendê-la para outras fábricas da região e demais montadoras para demonstrar a força do proletariado. Para que esta luta possa vencer é necessário superar a política de colaboração de classes da direção do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, controlado pela CUT e berço da Articulação Sindical (PT), que foi obrigado a convocar a paralisão diante da resistência dos trabalhadores de base de aceitarem a política de acordos rebaixados com a direção na montadora alemã. Ao mesmo tempo que defendemos o fortalecimento da greve, com uma campanha nacional em solidariedade a luta dos operários de São Bernardo do Campo, devemos apresentar um pauta classista para a paralisação que além de impor o cancelamento das demissões dos 800 trabalhadores, contemple a redução dos ritmos de produção e da jornada de trabalho sem redução de salário;  Escala móvel de salários, onde os contratos coletivos de trabalho devam assegurar aumento automático dos salários, de acordo com a elevação dos preços dos carros e a escala móvel por horas de trabalho, para absorver a mão de obra metalúrgica desempregada. Com essa medida o trabalho disponível deve ser repartido entre todos os operários existentes e esta repartição deve determinar a duração da semana de trabalho, com o salário médio de cada operário sendo o mesmo da antiga semana de trabalho. Não ao banco de horas! Fim dos empréstimos do BNDES às transnacionais que só engorda os bolsos dos patrões e financia as demissões! Frente à ameaça de novas demissões da fábrica da Volks da unidade de SBC, é preciso defender a estatização da empresa sob controle dos trabalhadores e sem nenhuma indenização. Para isso é preciso organizar nacionalmente uma campanha contra as demissões sem nenhuma ilusão nos inócuos apelos a Dilma sob o eixo da ocupação das empresas que demitirem, assembleias intersindicais unificadas, paralisações de verdade e a construção da greve geral da categoria. É fundamental para enfrentar a ofensiva dos patrões a retomada dos métodos de luta e ação direta, com assembleias massivas democráticas e greves unificadas para arrancar verdadeiros aumentos salariais e fazer avançar a consciência política da classe, a fim de aumentar o potencial de combate contra os seus inimigos de classe que têm imputado derrotas econômicas, sociais e políticas aos trabalhadores. Está colocado para os setores mais avançados da classe operária romper com a camisa-de-força imposta pela CUT, UNE e MST, aproveitando este momento para responder à ofensiva capitalista com mobilizações que não se limitem apenas à luta econômica, buscando superar no curso desse combate as direções que conciliam com a burguesia em nome da estabilidade do regime político.

Com as demissões a Volks utiliza o desemprego dos trabalhadores para pressionar o governo Dilma a voltar a política de redução de IPI, finalizada em primeiro de janeiro de 2015, visando incrementar suas vendas à custa do não pagamento de impostos. Como o ajuste fiscal (leia-se incremento do caixa do governo para pagar os rentistas) é o carro chefe do novo mandato da “gerentona” petista, Joaquim Levy e Nelson Barbosa insistiram sobre a importância de o governo não recuar da decisão de elevar o IPI dos automóveis, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro. Para a equipe econômica, “este é um novo momento, de ajustes, em que é preciso que sejam feitos sacrifícios”... por parte dos trabalhadores!!! Desde a crise de 2008 até janeiro de 2014, o governo abriu mão de arrecadar R$ 12,3 bilhões em IPI das montadoras, que continuaram neste período chantageando os operários com PDV´s e demissões, como vimos na própria Volks e antes na GM. O ministro Armando Monteiro, do “Desenvolvimento e Indústria”, defendeu a demissões como solução para a queda nas vendas: “O entendimento no governo é que as montadoras passam por dificuldades, assim como o restante da indústria. É uma conjuntura própria das flutuações em todos os mercados. Outras empresas também têm feito ajuste em seus quadros porém com menor repercussão política do que a vista no setor automobilístico”. (G1, 07.01). Segundo Monteiro, a Anfavea não pediu ajuda ao Planalto. A conversa com as montadoras restringiu-se a uma explicação sobre por que a Volks realizou as demissões. O Presidente do PT, Rui Falcão, com sua demagogia de sempre afirmou: “Naturalmente a preservação do emprego, principalmente de empresas que tiveram algum tipo desoneração ou benefício, é uma coisa que vamos defender” (Idem). 

Como se observa, a saída não virá de inúteis apelos ao governo Dilma como fez o PSTU e a Conlutas no caso das demissões na GM e na Embraer mas da luta direta para derrotar a ofensiva patronal, jogando o ônus da diminuição das vendas na redução dos lucro das montadoras e na sua estatização se demitirem! Para barrar as demissões em massa na Volks é necessário, desde já, uma mobilização nacional, unitária e centralizada dos trabalhadores, baseada num programa operário e anticapitalista, capaz de defender os empregos através da greve com ocupação de fábrica. Para vencer, o proletariado precisa superar as direções das centrais governistas e a própria linha política da Conlutas, já que só com sua ação direta e não lançando inócuos apelos a Dilma e aos patrões pode-se derrotar a ofensiva capitalista!

Os sindicatos e os ativistas da vanguarda classista devem aproveitar a reunião nacional que o MTST está convocando para o dia 19 de janeiro em São Paulo para organizar um calendário de lutas (inclusive um amplo e democrático encontro nacional que organize a resistência operária e popular contra as demissões por parte da patronal e os ataques aos direitos e conquistas pelo governo Dilma), apontando a necessidade urgente de uma paralisação em todo o país que busque neste início de ano dar uma resposta da classe operária e do conjunto dos explorados as investidas que estão sendo desferidos pela burguesia e seu governo contra os trabalhadores da cidade e do campo! Só desta forma poderemos romper com a paralisia que as direções “chapa branca”, em seu pacto social implícito com o governo da Frente Popular e os capitalistas, submetem a luta dos trabalhadores em nosso país!