sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015


Tucano Ricardo Semler "abre o jogo" 
na Globo News: Construtoras dos EUA 
e Japão estão prontas para assumir 
obras paralisadas pela "Lava Jato" 
e com preço já combinado!

Em entrevista ao jornalista Mário Sérgio Conti no programa "Diálogos" na grade da Globo News na noite desta quinta-feira (26/02), o "renomado" tucano Ricardo Semler resolveu "abrir o jogo" dos bastidores da Operação Lava Jato, comandada pelo juiz Sergio Moro seu "correligionário" de partido. Segundo Semler "não haverá risco de grandes demissões" caso algumas das maiores empreiteiras do país venham a falir, por impedimento legal. A razão da afirmação do empresário tucano (que se orgulha de ter sua ficha partidária abonada por Franco Montoro e Mário Covas) reside na "certeza" de que construtoras industriais pesadas dos EUA e Japão estariam prontas para assumir as obras paralisadas por conta da Operação "Lava Jato". Diante da taxativa declaração de Semler, Conti indaga se o preço dos contratos em andamento seriam atraentes comercialmente para as transnacionais, o que o tucano responde que... Sim! Semler só não explicou como superar as limitações constitucionais para que empresas estrangeiras do ramo da construção civil pesada participem de concorrências para grandes projetos estatais. Ricardo é sócio de um ex-presidente da Petrobras durante a gestão FHC, Henri Reichstul, e sua empresa já forneceu equipamentos para a estatal. No final do ano passado Semler contrariou a cúpula do PSDB quando afirmou que "nunca se roubou tão pouco no Brasil", se reportando ao percentual pago por empresários aos atuais gestores públicos, sob a égide dos governos petistas. Agora voltou a "virar a mesa" abrindo as verdadeiras intenções das manobras jurídicas da "Lava Jato", abrir o mercado nacional da construção pesada para os trustes imperialistas. Não que Semler tenha se mostrado contrário a medida, como bom tucano defende a "desregulamentação" das poucas reservas de mercado ainda existentes no país. Semler diverge apenas da aguda "hipocrisia" da mídia corporativa que pretende carimbar o PT como o "fundador da corrupção no Brasil", enquanto relata que desde os anos 70 quando seu pai comandava sua empresa do ramo metalúrgico já se pagava as "comissões" no âmbito da Petrobras, em pleno regime militar. O tucano com fama de "empreendedorismo" disse no programa de Conti que: "Achamos que moramos em um mundo cada vez democrático, mas a verdade é que a gente vive em uma monarquia e somos todos súditos do ‘King Cash’, o ‘Rei Grana’". Por sua própria natureza de classe burguesa, Semler se recusa a nominar o "King Cash" como sendo o modo de produção capitalista, do qual a corrupção (comissões, propinas ou outros termos) é parte sistêmica da acumulação do capital e somente poderá ser eliminada cabalmente pela via da revolução socialista! Porém alguns idiotas que se reclamam de "esquerda" (como os Morenistas e o ex-MR8/PPL) conseguem enxergar nas ações fraudulentas do Juiz Moro um correlato de novo "paladino da moralização do capitalismo", como se buscassem a legitimação ética do regime social da propriedade privada. Estes idiotas de "esquerda" tem sido muito úteis a campanha reacionária impulsionada pela famiglia Marinho e Civita, que em nome de "combater os empreiteiros corruptos" pretende na realidade destruir a Petrobras.

Para além dos oportunistas de "esquerda" de olho em algum dividendo eleitoral com um possível impeachment da presidenta Dilma, ativistas honestos podem questionar corretamente o fato de que as grandes empreiteiras são um dos polos da corrupção estatal no Brasil. Estamos plenamente de acordo com esta "fácil" constatação, que não é nenhum "monopólio" da Operação "Lava Jato". Acrescentaríamos somente uma observação: não são somente as grandes empreiteiras que pagam "comissões" aos agentes públicos para a execução de seus serviços superfaturados, todas as construtoras deste país (micro, pequenas, médias e gigantes) praticam o mesmo "metiê". E mais, não só construtoras pagam "comissões" para os políticos burgueses e seus "nomeados" no aparelho estatal, todas as empresas capitalistas seja de qualquer ramo econômico fazem exatamente o mesmo! É a lógica de ferro do patrimonialismo burguês, e não existe um único quadro político das classes dominantes que não tenha se beneficiado desta dinâmica do capital. Portanto se a "Lava Jato" tem intenções de "varrer" a corrupção vigente poderia "só para começar" decretando a prisão de todos os governadores eleitos desde 1982 (com a respectiva anturragem parlamentar), e assim sucessivamente com presidentes da República, ministros de Estado, prefeitos e secretários, superintendentes de empresas estatais etc...etc...etc...Mas se quiser incluir todos os gestores ainda vivos no período do regime militar seria melhor que a "Lava Jato" providenciasse também a construção de novos presídios no país para caber tanta gente...o duro mesmo é que receberia as "comissões" dos construtores....

A ironia revela uma questão bem mais profunda, não existe capitalismo sem corrupção e os embustes políticos e judiciais para tentar "moralizar" este sistema decadente são sempre instrumentos da reação e do imperialismo para desestabilizar regimes nacionalistas, como a história já demonstrou fartamente. Postar-se ao lado dos "vestais salvadores da pátria" é reforçar as iniciativas políticas da direita e nem de longe pode contribuir com a luta anticapitalista do proletariado. O "velho" Trotsky soube diferenciar muito bem a ofensiva do imperialismo contra o nacionalismo burguês, quando o então presidente do México Lázaro Cardenas estatizou a extração de petróleo daquele país. Os gringos ianques logo desencadearam uma infame campanha acusando o regime mexicano de estar afundado no "mar de corrupção".

Sem abrir mão do nosso programa estratégico da revolução socialista, os marxistas sabem diferenciar o embuste da reação imperialista e o campo político da Frente Popular. Sabemos bem que este governo é covarde e cúmplice diante da ofensiva direitista, entregando o comando da economia do país a um representante direto do capital financeiro internacional. Por isso mesmo é incapaz de esboçar sequer uma defesa mínima da Petrobras no curso deste ataque predatório da "Lava Jato". Porém nossa trincheira é inflexível e nunca estabeleceremos nenhum "bloco político" com o imperialismo em nome do combate a corrupção estatal. A classe operária tem a propriedade histórica de combater o inimigo principal no tempo justo da batalha imediata, para depois estabelecer a sua própria hegemonia social.