terça-feira, 17 de março de 2015


“Operação Lava Jato” e Marcha do 15 de Março: Duas faces da ofensiva para privatizar a Petrobras e criminalizar o PT

Na sequência da marcha de 15 de Março e da nova prisão de Roberto Duque (ferindo decisão anterior do STF) assim como no curso da ofensiva político-midiática para incriminar o tesoureiro do PT, João Vaccari, acusado de receber propinas das empreiteiras pela via das doações legais ao partido, a Operação “Lava Jato” completa hoje um ano de vida, fato que ganhou grande repercussão na mídia. Não por acaso, em sintonia com estas “comemorações”, os protestos deste domingo saudaram entusiasticamente a atuação do juiz Sérgio Moro e do Ministério Público Federal. Mas há o que “comemorar” com os resultados desta ação judicial sustentada amplamente pela mídia como paladina do combate a corrupção? Definitivamente não! Na verdade a operação comandada pela chamada “República do Paraná” visa criar as condições para a privatização da Petrobras, a entrega das obras públicas nacionais para empreiteiras estrangeiras, com a passagem do setor de construção naval e de estradas para os trustes imperialistas! No curso desta tarefa venal, Moro e seu séquito criminalizam o PT e desgastam o governo Dilma a fim de que a quadrilha do tucanato possa voltar ao Planalto em 2018 ou mesmo antes em caso de renúncia ou impeachment da presidenta. Esses são os verdadeiros objetivos da “Lava Jato”. É notório que a prisão dos empreiteiros e a denúncia de políticos do PT, PMDB e PP não está a serviço de nenhuma “moralização dos gastos públicos” na medida que as comissões (propinas) são parte do funcionamento do Estado capitalista desde sempre e essa dinâmica não mudará depois da Lava Jato! O que está em curso neste momento é uma operação de sangria do PT para justamente impedir a eleição de Lula em 2018 e transferir nos próximos anos o controle de ramos da economia nacional que eram controladas por empresas nativas com o apoio do limitado projeto de desenvolvimento empalmado pelo PT para grandes trustes imperialistas. O corolário deste processo será uma ofensiva geral contra o movimento operário e o conjunto da esquerda, como demonstram as manifestações do dia 15, onde Moro é apresentado como herói por fascistas e seus pares “verde-amarelos”! Desde a LBI, que denunciamos a farsa do “Mensalão” enquanto os revisionistas do PSTU, CST e LER saudavam a prisão do dirigentes históricos do PT como Dirceu e Genoíno, declaramos novamente que o “Petrolão” não passa de uma manobra para emplacar os interesses do imperialismo em nosso país. Não temos dúvidas que Vaccari, Dirceu e Lula fizeram várias negociatas em torno das obras da Petrobras e de todas as estatais, mas sabemos que o PT foi o partido que recebeu as menores comissões desde o advento da “Nova República”, não se comparando a bagatela que FHC, Aécio, Serra, Alckmin, Richa e os plumados tucanos receberam com as privatizações das estatais (Telebras, Vale...) e nas transações do Metro e do Banestado. Portanto não se trata lutar por “ética na política” como defendem os revisionistas por trás da genérica reivindicação de “cadeia para os corruptos”, uma bandeira tão simpática aos acólitos do 15M, mas de opor-se a política de recolonização nacional desferida pela "Operação Lava Jato", combate que o movimento de massas deve encabeçar para depois acertar suas contas com o PT pela via da superação da política de colaboração de classe da Frente Popular e não pelas mãos de “falsos” mocinhos a serviços do grande capital! 

O mais tragicômico é que enquanto Moro segue em sua cruzada contra o PT e a Petrobras, os escândalo envolvendo as contas bilionárias do HSBC na Suíça não é investigado porque além dos barões da mídia estarem envolvidos, operadores dos tucanos que levaram a frente as privatizações a partir da década de 90 tem seus nomes envolvidos.  Qual a relação destas contas com o processo de privatização na era FHC? Sabe-se que envolvidos no Trensalão abriram contas secretas no HSBC. Se o Juiz Sérgio Moro e a “Operação Lava Jato” sinceramente pretendesse apurar a remessa de dólares para o exterior (fruto das “comissões” generalizadas) começaria pelo escândalo do Banestado, que evadiu do país nada menos do que a soma de $20 bilhões de Dólares. Mas é claro que onde as digitais da tucanalha estejam presentes, neste caso de caciques como Álvaro Dias e Beto Richa, não haverá nenhuma investigação. Nem pensar é óbvio procurar saber onde FHC, Serra e sua gang enfiaram as “comissões” da privataria, as maiores recebidas desde a chegada de Cabral a costa brasileira. Para Moro a corrupção estatal foi uma “invenção genuína” do PT e o que é pior aplicada atualmente no âmbito exclusivo da Petrobras.

Não por acaso o alvo de Moro é o PT. A esposa do chefe da Operação Lava Jato é assessora do PSDB. Rosângela Wolff de Quadros Moro é assessora jurídica de Flávio José Arns, vice-governador do Paraná, eleito na chapa encabeça por Beto Richa (PSDB). Ela faz parte do escritório de Advocacia Zucolotto Associados em Maringá que defende várias empresas privadas do ramo do Petróleo, como: INGRAX com sede no Rio de Janeiro, Helix da Shell Oil Company, subsidiária nos Estados Unidos da Royal Dutch Shell, uma multinacional petrolífera de origem anglo-holandesa, que está entre as maiores empresas petrolíferas do mundo ávidas. Todas essas empresas desejam que a Petrobras seja esquartejada e privatizada, objetivo final da “Lava Jato”. Não bastasse isso, o primo do juiz, Cesar Moro Tozetto, financiou a campanha eleitoral de Richa com doações milionárias. Cesar Moro é proprietário da maior rede de Supermercados do Paraná, à Tozetto Supermercados e também é Presidente da Associação Paranaense de Supermercados. Como se observa, trata-se de uma ampla rede tucana que atua tanto para atacar as conquistas dos trabalhadores, como para abrir caminho para uma ofensiva da direita a nível nacional via a “Lava Jato”, tendo como base a destruição da Petrobras e a criminalização dos movimentos sociais. Neste longo elo de ligação está também o atual Secretário de Segurança do Paraná, o deputado federal tucano Fernando Francischini, que é delegado da PF e faz a ponte direta entre Moro e Richa. Francischini é conhecido no Paraná, como o “Rei dos Vazamentos”, fornecendo para a Veja, Folha e Globo, as informações sobre as “delações premiadas” (em tese em segredo de justiça) que tem como alvo o PT. A mando de Richa e em conluio com Moro, o tucano com fortes vínculos com a PF no estado é o principal responsável pelo “vazoduto” que tem instrumentalizado as manchetes de jornais, capas de revistas e longas reportagens nas TVs, que visam desgastar o governo Dilma, a Petrobras e o PT e encobrir os escândalos envolvendo os dirigentes do PSDB, como o do Banestado. Como se observa, a ofensiva de Richa contra os professores e demais servidores públicos é parte de uma cruzada mais ampla pela entrega da economia nacional aos trustes estrangeiros, em que Moro atua sob a fachada de "moralizador" mas no fundo é representante dos interesses imperialistas em nosso país, sendo parceiro do governador tucano nesta empreitada sinistra!

Devemos ter claro que para a “República de Curitiba” obter o resultado a que se propõe, “desmembrar” a Petrobras a serviço da ExxonMobil, é necessário desmoralizar o núcleo político que tenuemente pensou em alargar as fronteiras da estatal, embora ainda muito distante de um projeto radicalmente nacionalista. Por isso a perseguição a João Vacarri, tesoureiro do PT e a eterna acusação contra José Dirceu, tudo para chegar a Lula! Combater o embuste da “Operação Lava Jato” representa neste momento unificar na mesma pauta programática a luta contra a ofensiva neoliberal que pretende subtrair nossos direitos sociais e políticos pelas mão do ajuste de Levy e Dilma. Sem abrir mão do nosso programa estratégico da revolução socialista, os marxistas sabem diferenciar o embuste da reação imperialista e o campo político da Frente Popular. Sabemos bem que este governo é covarde e cúmplice diante da ofensiva direitista, entregando o comando da economia do país a um representante direto do capital financeiro internacional. Por isso mesmo é incapaz de esboçar sequer uma defesa mínima da Petrobras no curso deste ataque predatório da “Lava Jato”. Porém nossa trincheira é inflexível e nunca estabeleceremos nenhum “bloco político” com o imperialismo em nome do combate a corrupção estatal, setor que se expressou majoritariamente na marcha deste 15 de Março ao mesmo tempo que lutamos por enfrentar o ajuste neoliberal de Dilma e Levy por meio da ação direta dos trabalhadores e não subordinados ao fantasma do "golpe iminente" como faz a esquerda "chapa branca" e seus satélites.