quarta-feira, 29 de julho de 2015


DEPOIS DE PARALISAR OBRAS DAS NOVAS REFINARIAS "LAVA JATO" AGORA ATACA A CONSTRUÇÃO DA USINA NUCLEAR DE ANGRA 3: TÊNUE SOBERANIA ENERGÉTICA DO PAÍS VAI "PRO ESPAÇO" E CASA BRANCA ELOGIA MORO, MERA COINCIDÊNCIA?

A etapa "radioativa" da operação jurídica/policial "Lava Jato" alcançou o incipiente programa nuclear brasileiro, paralisando a construção da usina de Angra 3 (sob a suspeição de superfaturamento) e prendendo o presidente licenciado da Eletronuclear, Almirante Othon Luiz Pereira da Silva. A "Lava Jato" depois de inviabilizar a ampliação do refino industrial do petróleo brasileiro, suspendendo as obras do Comperj (já reduzida à metade de seu projeto inicial) e Abreu Lima (PE), além do cancelamento total das refinarias Premium I e II, agora avança para acabar não só com Angra 3 mas com os projetos dos reatores de propulsão nucleares para novos submarinos e porta aviões da marinha brasileira. Preso por Moro, o Almirante reformado da Marinha, Othon Luiz, comandou por mais de vinte anos o programa de enriquecimento de urânio não só para fins de produção de energia mas também para a possível utilização em equipamentos militares. Em 1994, ano da eleição de FHC, Othon, que também é engenheiro naval, foi colocado na reserva da Marinha. Em 1998 sob a imposição da Casa Branca o presidente Tucano assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), sepultando a possibilidade do Brasil desenvolver a chamada "Bomba Atômica", um projeto "secreto" das FFAA em andamento desde o final dos anos 70. Obviamente um país que detém a tecnologia do armamento nuclear, independente de seu regime político, é visto pelas potências imperialistas como um obstáculo a sua hegemonia belicista mundial. Othon era "persona non grata" pelos EUA que o considerava "pai" do embrionário programa atômico militar nacional. Indicado por Lula para chefiar a Eletronuclear em 2005 foi sob a gestão de Othon que as obras da usina de Angra 3 foram retomadas, após duas décadas do início da construção. Em abril deste ano Othon se licenciou do comando da Eletronuclear em função da acusação da "Lava Jato" de recebimento de "comissões" por parte de um consórcio de empreiteiras responsáveis por parte das obras de Angra 3. As "investigações " de Moro apontaram que a empresa particular de consultoria de Othon teria recebido "propina" de cerca de 5 milhões de Reais, sempre seguindo o relato (única prova) dos "voluntários delatores". Não podemos afirmar se o Almirante teria ou não recebido as "comissões" das empreiteiras, o certo mesmo é que não existe neste país um só único contrato comercial celebrado entre qualquer instância estatal e a iniciativa privada que não envolva o pagamento de algum tipo de "propina" a gestores públicos. O fato "curioso" na Lava Jato é só são investigados e punidos previamente aqueles que têm algum tipo de relação com o governo da Frente Popular (PT). Porém mais grave ainda é o foco exclusivo da Lava Jato, centrado na inviabilização de projetos da soberania nacional. Primeiro o ataque as refinarias nacionais, sem as quais qualquer país fica completamente vulnerável diante das transnacionais imperialistas de energia por mais que produza petróleo, afinal não se pode abastecer uma frota nacional civil e militar  aérea, naval ou terrestre) com óleo cru. É bom lembrar a esquerda governista que pensa que o "Pré-sal" significa a redenção nacional, que o país é grande importador de derivados industriais do petróleo, enquanto o barril da commoditie não para de oscilar para baixo, o nafta refinado mantém sua estabilidade comercial. Dilma seguiu as "ordens" de Moro suspendendo a construção das novas refinarias e reduzindo a capacidade de extração do óleo cru (plataformas, navios sondas etc), além de anunciar um plano de privatização da Petrobras. Para legitimar a destruição do complexo energético do Brasil, a Lava Jato promove prisões espetaculares de grandes empresários nacionais e dirigentes estatais. Com a cobertura da mídia corporativa Moro aparece como "herói " que veio combater a corrupção endêmica da nação... sua fama chegou até Washington onde seu "trabalho" foi elogiado pelo Departamento de Estado dos EUA...O processo de fragmentação da tênue soberania do país avança na mesma proporção em que a crise capitalista subtrai conquistas históricas da classe trabalhadora, tudo isso "regado" com a intensificação do recrudescimento das garantias democráticas ameaçadas diretamente desde o julgamento do chamado "Mensalão" e sua atualização o "Petrolão". Somente os muito ingênuos ou os oportunistas de plantão podem acreditar nos "nobres" motivos que fazem da Lava Jato uma "república paralela" no país.

Para a esquerda reformista que pensa que a soberania energética do país é uma "bobagem" e que nada tem a ver com a defesa da nação frente a uma investida do imperialismo, lembramos da movimentação golpista de 64 onde o primeiro passo da operação ianque "Brother Sam" (navios tanques dos EUA em nossa custa) foi garantir as forças da direita o abastecimento de combustíveis aos tanques e aviões das tropas golpistas. Não foi necessário, o governo Jango rendeu-se vergonhosamente sem luta diante dos militares que seguiam a orientação do Pentágono. Passados mais de 50 anos do golpe a questão da soberania energética do Estado permanece mais atual, posto que o total da frota mecânica das FFAA é bem maior hoje e nosso país não dispõe de autonomia na capacidade de abastecimento sequer dos veículos civis que circulam em nosso território e tampouco das geradoras termoelétricas que garantem a fluxo de energia em período de crise hídrica. No caso das transnacionais de energia e petróleo suspendessem a exportação de combustíveis ao Brasil em função de uma crise política de poder o país ficaria semiparalisado. Este elemento está diretamente relacionado a produção de energia a partir das usinas atômicas, agora que Angra 3 foi suspensa em razão da Lava Jato.

Para qualquer observador político minimamente atento fica cristalino que a malfadada operação Lava Jato infere diretamente sobre questões estratégicas de segurança nacional, que vão bem mais além de questões que envolvem a corrupção sistêmica do regime capitalista. A prisão do Almirante Othon mira diretamente no setor nacionalista de nossas FFAA, o mesmo campo político que hoje sustenta a necessidade de se reequipar nossa defesa nacional, sucateada por exigência de uma agenda neoliberal do imperialismo.

Como Marxistas sabemos muito bem do caráter de classe burguês do Estado, o que inclui o conjunto de suas instituições. Porém não somos "tolos" o suficiente para advogar a decomposição de suas estruturas (econômicas ou militares) sob as ordens do grande Amo do Norte. A revolução socialista nada tem a ver entre uma "associação" política com as investidas reacionárias do imperialismo contra povos e nações, como desgraçadamente defendeu a esquerda revisionista na Líbia e Síria e parece que agora quer repetir a dose na América Latina.