terça-feira, 21 de julho de 2015


EUA E CUBA REABREM SUAS EMBAIXADAS: ENFRENTAR O "ABRAÇO DE URSO" RESTAURACIONISTA QUE OBAMA DESEJA IMPOR AO ESTADO OPERÁRIO COM A REDOBRADA DEFESA DA REVOLUÇÃO E DAS CONQUISTAS SOCIAIS FRENTE A "NOVA" TÁTICA DO IMPERIALISMO IANQUE

Nesta semana houve o hasteamento da bandeira de Cuba na capital norte-americana simbolizando a retomada das relações diplomáticas entre a Ilha e os EUA. A partir de agora, as duas embaixadas, a cubana em Washington e a dos Estados Unidos em Havana, estão abertas oficialmente. O secretário de Estado ianque, John Kerry, irá a Havana no dia 14 de agosto. Ele e o ministro cubano de Relações Exteriores, Bruno Rodriguez, deram uma entrevista coletiva no Departamento de Estado, em que o dirigente cubano afirmou está negociando o fim do embargo comercial contra a ilha e reivindicando a devolução de Guantánamo, a baía na costa cubana que os Estados Unidos transformaram em uma base naval. A retomada das relações diplomáticas entre Cuba e os EUA colocou o debate sobre a restauração capitalista na Ilha operária no centro da pauta política da esquerda mundial. De imediato podemos afirmar como defensistas incondicionais do Estado Operário Cubano que a iniciativa da Casa Branca está inserida neste momento no contexto da própria crise que atravessa a ofensiva imperialista contra os povos, em particular no impasse militar no "Mundo Árabe" após o êxito inicial contra o regime kadafista na Líbia. O empatanamento da invasão contra a Síria e as dificuldades de iniciar a estratégica operação contra o Irã agora revertida parcialmente pela via do acordo militar recém celebrado, sem falar na impossibilidade de "dobrar" a influência militar da Rússia na região, obrigaram o Império a voltar o "foco" do Departamento de Estado para Cuba. Hoje a "mão estendida" de Obama para o regime castrista tem por objetivo liberar as forças até então represadas de uma restauração capitalista no mesmo modelo da chamada "via chinesa". Como declarou Obama no discurso que anunciou sua decisão "Vamos discutir as diferenças diretamente - como vamos continuar a fazer sobre as questões relacionadas com a democracia e os direitos humanos em Cuba. Mas eu acredito que podemos fazer mais para apoiar o povo cubano e promover os nossos valores por meio do engajamento. Afinal de contas, estes 50 anos têm demonstrado que o isolamento não tem funcionado. É hora de uma nova abordagem. Eu acredito que as empresas americanas não devem ser colocadas em desvantagem, e que o aumento do comércio é bom para os americanos e para os cubanos. Então, vamos facilitar as transações autorizadas entre os Estados Unidos e Cuba. Instituições financeiras dos EUA serão autorizados a abrir contas em instituições financeiras cubanas. E vai ser mais fácil para os exportadores dos EUA para vender bens em Cuba". O porto de Mariel em Cuba, construído pela empreiteira Odebrecht e financiado pelo governo Dilma via empréstimo de 800 milhões do BNDES, tem um papel importante na abertura da Ilha para produtos do EUA. A principal agenda do governo brasileiro em Cuba é aprofundar as relações econômicas tendo por base o processo de restauração capitalista em curso promovido pela burocracia castrista, principalmente após o último congresso do PCC, em que copia parcialmente a chamada “via chinesa”. Trata-se da entrega de setores da economia para o controle de grupos capitalistas, estreitando cada vez mais os vínculos da casta dirigente com grandes empresas estrangeiras que investem no país, ao mesmo em tempo que se fragiliza e ataca conquistas históricas da revolução. Na atual conjuntura internacional o principal ponto de "travamento" da ofensiva imperial encontra-se no receio de um enfrentamento direto com o poderio militar russo, herdado do antigo Exército Vermelho. Putin pretendia estender a influência militar russa para Cuba, com a instalação de uma moderna base naval no Caribe, seria um duro golpe para o Pentágono e a OTAN que hoje sequer conseguem impor um recuo de seus adversários no leste europeu. Com uma possível "cooptação" de Cuba os EUA de uma só tacada podem conseguir neutralizar a Venezuela e impedir a entrada da Rússia na geopolítica latino-americana. No mesmo compasso, com a popularidade em alta via o acordo com Cuba e o Irã Obama tentará eleger a víbora Hillary nas eleições presidenciais de 2016 buscando derrotar o republicano Jeb Bush, já que os Clinton apoiam integralmente a "jogada" de aproximação com Cuba. Como Trotsquistas não podemos rejeitar possíveis manobras diplomáticas de um Estado Operário no contexto de um mundo hegemonizado pelo capital financeiro, reconhecemos o direito de Cuba exigir o fim do criminoso bloqueio comercial, porém não somos "ingênuos" ao ponto de desconsiderar os objetivos estratégicos do imperialismo ianque. Como nos ensinou Lenin que pessoalmente em sua época celebrou vários acordos comerciais com o imperialismo europeu, é necessário aproveitar as fissuras da crise imperialista sem "baixar a guarda" de uma política que convoque permanentemente a mobilização do proletariado mundial contra a atual ofensiva neoliberal contra os povos. Nesta perspectiva revolucionária não podemos confiar plenamente na burocracia Castrista, que busca conservar o atual regime estatal cada vez mais sob as bases de concessões econômicas e políticas. Frente a esta disjuntiva histórica, está colocado a construção do genuíno Partido Operário Revolucionário na Ilha com o objetivo de avançar nas conquistas sociais e do chamado a expropriação da burguesia mundial, se opondo a política de colaboração de classes das direções reformistas, rompendo desta forma o isolamento de Cuba por meio da vitória da revolução proletária em outros recantos do planeta! O imperialismo tenta cooptar Cuba com a "promessa" de massivos investimentos comerciais e financeiros na economia do Estado Operário, uma armadilha da qual a classe operária cubana não pode cair, sob o risco de reproduzir a desastrosa "via chinesa". O proletariado cubano deve marchar no sentido oposto ao da restauração capitalista, se preparando para enfrentar novos desafios como a nefasta influência ideológica, cultural, política e econômica que os EUA na condição de principal potência capitalista desejam impor a Ilha agora na cínica condição de novo "parceiro".