domingo, 5 de fevereiro de 2017

NÃO DESEJAMOS SUA MORTE, PORÉM MARISA LETICIA JÁ NÃO ERA UMA DE NOSSAS LUTADORAS DA CLASSE TRABALHADORA: O ABRAÇO TRÍPLICE ENTRE LULA, FHC E TEMER É A PROVA CABAL QUE O PT JÁ SE PASSOU PARA O CAMPO DA BURGUESIA HÁ BASTANTE TEMPO!


A imagem de Lula recebendo Temer (junto com sua corja neoliberal) e horas antes FHC que em tese vieram prestar “solidariedade” ao petista diante da morte de sua esposa, Marisa Leticia, revela muito mais que um simples “encontro de cortesia” no marco de um falecimento familiar. A morte de Marisa e o posterior clima de comoção nacional, nos moldes da morte de Tancredo Neves ou Ulisses Guimarães, criado pela mesma mídia "murdochiana", revela que está em curso um claro processo de reaproximação entre a Frente Popular e as forças políticas que sustentam o governo golpista Temer (PSDB, PMDB e DEM). Quando Tancredo Neves faleceu às vésperas de tomar posse na presidência da república os Marxistas Revolucionários afirmaram com muita convicção de caminhar contra a correnteza: "Tancredo não é um dos nossos mortos, há muito não é o mesmo que cuspiu na cara dos golpistas que derrubaram do governo seu companheiro João Goulart, hoje está unido a velha direita na formação da Aliança Democrática no Colégio Eleitoral da ditadura para trair a vontade popular." Palavras muito parecidas poderiam ser ditas na atual conjuntura do PT e de seus colaboradores e dirigentes históricos, como Lula e sua companheira Leticia. Os Comunistas é certo devem cultivar e praticar o justo ódio de classe contra os fascistas e a direita recalcitrante, mas este não é o caso do PT e seus dirigentes que se passaram politicamente para o campo da esquerda burguesa "democrática", com estes "democratas" os Leninistas podem debater e até estabelecer frentes de ação em alguns momentos, com a direita fascista somente o enfrentamento militar é possível. Não reforçaremos o discurso petista e pequeno burguês contra o "ódio em geral", que desgraçadamente teve a adesão de revisionistas "neolulistas" como o grupo MAIS. Não reverenciamos a figura de Leticia como uma das nossas combatentes, apesar de seu passado que foi negado ao optar por governar com a  burguesia e as oligarquias assassinas de dezenas de lutadoras do campo que nunca receberam a solidariedade do governo da Frente Popular. Leticia no Planalto "selecionou" suas novas amizades, a esposa do ministro Gilmar Mendes figurava nesta restrita lista onde já não cabiam as antigas companheiras metalúrgicas do ABC. Quanto a direita fascista que festejou a morte de Leticia nas redes sociais, a revolução socialista tratará, em seu tempo histórico, de lhe dedicar a nobreza de um paredão de fuzilamento, mas nunca a prática da tortura própria dos covardes nazistas. A "ira" manifestada por Lula contra os "facínoras" que tensionaram o delicado quadro de saúde de sua companheira, não é voltada contra a classe dominante em seu conjunto, apenas contra os abutres togados da famigerada operação "Lava Jato", entretanto quando a questão é estabelecer relações políticas com as elites podres e corruptas que saqueiam o país e sugam o sangue do proletariado surge o " Lulinha paz e amor". Leticia foi alvo e vítima do justiceiro Moro, sobre isto não há a menor sombra de dúvida, mas nem por isso a exime de ter legitimado os governos burgueses do PT que reprimiram, encarceraram e mataram dezenas de ativistas sociais nestes últimos 13 anos de gerência neoliberal, não será lembrada pela Esquerda Revolucionária como de nossas mortas no combate ao capital.

A visita de condolências políticas e pessoais ocorreu logo após o PT votar “secretamente” em Rodrigo Maio para Presidente na Câmara (tanto que André Figueredo teve somente 59 votos bem menos do que os 90 da base dos partidos que lhe apoiaram, PT, PDT, REDE e parte do PROS) e apoiado formalmente Eunício Oliveira para comandar o Senado. Além disso a escolha do ministro Fachin no “sorteio” fajuto do STF para ser relator da Lava Jato, um togado indicado por Dilma e com transito junto ao PMDB e PSDB indica que essa acomodação política está sendo costurada diante do grave quadro de crise econômica que assola o país. Aparentemente a burguesia deseja costurar um pacto político que envolva todos os partidos da ordem (da esquerda à direita) para aprovar as draconianas reformas neoliberais no Congresso e jogar o ônus da debacle econômica nas costas dos trabalhadores, preservando o conjunto das instituições do regime e mantendo o calendário eleitoral ordinário até as eleições presidências de 2018. Lula seria uma espécie de “fiador” dessa transição, por isso a visita cordial dos que tramaram o Golpe Institucional no hospital Sírio-Libanês onde Marisa esteve hospitalizada apesar de constatada a morte cerebral.


Como alertamos sistematicamente, PT e PCdoB desejam demonstrar para as classes dominantes que mesmo depois do Golpe Parlamentar desferido contra o governo Dilma, ainda são forças políticas palatáveis para o capital, já se passaram há tempos para o campo da burguesia. FHC que intermediou a visita de Temer a Lula parece ser o artífice desse engodo organizado pela classe dominante, que pode ter como pano de fundo um grande acordo via o STF para salvar todos os delatados pela Odebrecht, que inclui nomes do PMDB, PSDB e PT, com uma espécie de armistício entre as diversas frações políticas da classe dominante. O assassinato de Teori Zavascki no “acidente” de avião e ascensão de Edson Fachin para "controlar" a Lava Jato segundo seus interesses imediatos teria essa função. Para a classe operária fica a lição de que é necessário romper com a política de colaboração de classes do PT e construir uma alternativa revolucionária ao conjunto do regime político burguês e suas apodrecidas instituições, combatendo vigorosamente a direita reacionária e fascistoide sem capitular a política venal e covarde da Frente Popular!