quarta-feira, 5 de abril de 2017

ATAQUES TERRORISTAS E “MANIFESTAÇÕES CONTRA A CORRUPÇÃO” NA RÚSSIA: UMA ALA DO IMPERIALISMO IANQUE E O EI ATUAM CONJUNTAMENTE PARA 
DESESTABILIZAR O GOVERNO PUTIN

O ataque terrorista ao Metrô em São Petersburgo que matou 14 pessoas e deixou mais de 50 feridos foi reivindicado pelo Estado Islâmico (EI) e seus similares (Frente Al Nursa) no interior da Rússia e das antigas repúblicas soviéticas com minorias islâmicas como o Quirguistão. Por sua vez as recentes “manifestações contra a corrupção” ocorridas duas semanas antes do atentado e organizadas por Alexei Navalny, um político de direita que pretende disputar a presidência da Rússia em 2018, demonstram um ação conjunto de uma ala do imperialismo ianque e do EI para desestabilizar o governo Putin. Para fechar esse cenário sinistro está o ataque com gás tóxico na Síria que matou 60 pessoas, com a imprensa pró-imperialista acusando Assad e Putin como responsáveis pelo massacre. Não por acaso, a UE criticou o Kremlin por reprimir as manifestações no final de março: “As operações policiais na Federação Russa, que tentaram dispersar manifestações e prenderam centenas de cidadãos, incluindo o líder da oposição Alexey Navalny, impediram-nos de exercer as suas liberdades fundamentais, incluindo liberdade de expressão, de associação e de reunião pacífica, que estão consagradas na Constituição russa” (DN 27.03), disse um porta-voz da UE em comunicado e concluiu “Instamos as autoridades russas a respeitarem plenamente os compromissos internacionais (...) a respeitar estes direitos e a libertar sem demora os manifestantes pacíficos que foram detidos” (idem). Essa movimentação que tem a víbora Clinton por trás é parte do processo de desgastar Putin e por tabela atacar Trump, apresentado como aliado do presidente russo. Tanto que no sentido inverso Trump ligou para Putin para demonstrar solidariedade com o líder russo. Em comunicado a Casa Branca declarou “total apoio do governo norte-americano para levar adiante a justiça aos responsáveis do ataque no Metrô de San Petersburgo... Tanto o presidente Trump como o presidente Putin coincidiram que o terrorismo deve ser eliminado de maneira decisiva e rápida” (RT, 04.4). Desde 2011 o imperialismo ianque sob o comando dos Democratas vem fomentando essa tática de desestabilização. Os Clinton sempre apoiaram publicamente as manifestações em Moscou promovidas pela oposição “democrática” pró-imperialista fomentada por milhões de dólares recebidos da Casa Branca para ampliar sua bancada parlamentar e se credenciar como alternativa eleitoral para as eleições presidenciais de 2018. Desta forma uma ala do imperialismo recorre ao mesmo script que vem usando no Oriente Médio para fomentar a desestabilização dos regimes nacionalistas burgueses que tem fricções com as potências capitalistas ocidentais, tudo em nome da defesa “democracia” ocidental e dos “direitos humanos” mas que vem abrindo espaço para grupos terroristas como o EI. Está claro que essa ofensiva política contra Putin está voltada a neutralizar seu governo diante da investida da Casa Branca contra o Irã e a Síria. Ao pressionar Putin, via uma oposição interna, os Clinton e seus aliados dentro do Partido Republicano desejam que a Rússia recue em seu apoio militar a esses dois países, medida fundamental para que o imperialismo possa impor seus interesses na região. A Rússia tem uma base militar na Síria, porta-aviões estacionados na costa do país além de ser parceira estratégica do programa nuclear iraniano. Ademais, se opõe parcialmente a criação do sistema de defesa antimíssil para Europa controlado pela OTAN, voltado justamente para neutralizar qualquer reação militar russa a uma possível agressão imperialista. De barbas de molho, Putin acusou os manifestantes ligados a grupos de direita de agirem “de acordo com um cenário bem conhecido e com seus próprios interesses políticos mercenários” arrematando que “É inaceitável que dinheiro estrangeiro esteja sendo injetado no processo eleitoral russo”. Por fim ele afirmou: “Precisamos pensar em formas de defender nossa soberania da interferência vinda do exterior”. Está colocado para o proletariado mundial e, particularmente, para os trabalhadores das ex-repúblicas soviéticas rechaçarem as provocações imperialistas e os ataques terroristas contra a Rússia. Apesar de não depositarmos qualquer confiança no governo burguês do ex-burocrata Putin-Medvedev, cuja conduta está voltada a defender os interesses da nascente burguesia russa, as fricções com o imperialismo ianque e europeu objetivamente representam um obstáculo à expansão guerreirista da OTAN na região. Nesse sentido, os revolucionários devem denunciar as manifestações dos grupos pró-imperialistas e seu caráter contrarrevolucionário, voltado a fazer na Rússia uma “transição democrática” conservadora aos moldes da que vem sendo operada no Oriente Médio. Opomos-nos pelo vértice à política dos grupos revisionistas como a LIT, que depois de saudarem a farsesca “revolução árabe” agora apoiam as manifestações da direita russa assim como festejaram as “revoluções das cores” na Ucrânia, Geórgia, Quirguistão.  Tais “revoluções” nada mais eram que a segunda etapa da restauração capitalista em curso nas antigas repúblicas soviéticas, hoje convertidas a países capitalistas atrasados semicoloniais, quando o imperialismo ianque e europeu impuseram títeres nos governos que ainda estavam sob a influência do Kremlin e mantinham relações políticas e econômicas privilegiadas com a Rússia.  Não nutrimos a menor simpatia política pelos bandos mafiosos restauracionistas que se instalaram no poder na Rússia desde agosto de 1991 e mesmo pela dupla Putin-Medvedev responsáveis por reverter o processo de entregas das estatais russas . Porém, não apoiamos qualquer “movimento” de fachada democrática patrocinado pelo Departamento de Estado ianque que tenha como objetivo preparar as condições para defenestrar Putin pelas mãos de uma ofensiva imperialista para impor um nome ainda mais alinhado com a Casa Branca, como Alexei Navalny. A derrota de todos os bandos restauracionistas e dos fantoches do imperialismo se dará por meio de uma nova revolução social que faça da construção de uma nova Rússia soviética uma realidade política concreta! O proletariado deve empunhar um programa revolucionário para assumir o controle dos recursos energéticos da região, impor a expulsão dos abutres multinacionais e a expropriação do conjunto das burguesias restauracionistas para que as massas ucranianas, georgianas, ossetas e russas possam conduzir vitoriosamente a luta estratégica por uma Federação de Repúblicas Socialistas e soviéticas livres, fundadas por novas Revoluções Bolcheviques.