domingo, 11 de março de 2018

14 ANOS APÓS O ATENTADO DE MADRI: O IMPERIALISMO MUNDIAL SEGUE ATACANDO AS ORGANIZAÇÕES DE RESISTÊNCIA DOS POVOS E CINICAMENTE ACUSANDO OS QUE RESPONDEM AOS SEUS ATOS DE GUERRA DE “BÁRBAROS TERRORISTAS”!


Em 11 de março de 2004, há exatos 14 anos, ocorreu o atentado aos trens e metrôes de Madri. A burguesia e seus meios de comunicação fizeram uma sórdida campanha mundial política e midiática acusando o ETA e as organizações de resistência árabe como “bárbaros infames” responsáveis pelo “atentado desumano”. A LBI, na contramão dessa cínica posição também adotada pela maioria da esquerda, denunciou que os responsáveis pelas mortes em Madri eram Bush, Blair, Berlusconi, Aznar que comandavam guerras de rapina e ocupação contra os povos. No artigo histórico que reproduzimos abaixo, pontuamos que, apesar de discordarmos do método, as organizações de resistência política e militar dentro e fora da Espanha tinham todo o direito de responder à altura e pelos meios bélicos de que dispõem aos brutais ataques do imperialismo mundial. Como nos ensinou Trotsky “Digam o que digam os eunucos e fariseus morais, o sentimento de vingança tem seus direitos. Fala muito bem a favor da moral da classe operária o não contemplar indiferente ao que ocorre neste, o melhor dos mundos possíveis. Não extinguir o insatisfeito desejo proletário de vingança, mas sim, pelo contrário, avivá-lo uma e outra vez, aprofundá-lo, dirigi-lo contra a verdadeira causa da injustiça e da baixeza humanas: esta é a tarefa da social-democracia”. Essa é uma lição programática que os Marxistas Revolucionários tem muito cara e até hoje a reivindicam nos combates mais atuais do proletariado mundial.

EXPLOSÕES EM MADRID - 11 DE MARÇO: BUSH E AZNAR SÃO OS RESPONSÁVEIS! DEFENDER O ETA E AS ORGANIZAÇÕES DA RESISTÊNCIA ÁRABE E PALESTINA!
 (Artigo extraído do site da LBI, 11 de Março de 2004)
  
As primeiras horas da quinta-feira, 11 de março, Madri conheceu os horrores da guerra em seu próprio território. Três explosões quase simultâneas, nas estações ferroviárias de “El Pozo”, “Santa Eugenia” e “Atocha” ceifaram a vida de 200 pessoas, ferindo mais de mil, na sua grande maioria trabalhadores e imigrantes que se utilizam do meio de transporte mais barato. Nós, da LBI, que fomos a primeira organização marxista em nível mundial a reconhecer a legitimidade dos ataques de 11 de setembro nos EUA, não nos somaremos ao coro uníssono do imperialismo e de todos os agentes da contra-revolução mundial em condenar, de forma absolutamente reacionária, os fatos ocorridos na Espanha por mais trágicos que sejam. Não festejamos a morte de trabalhadores em nenhuma condição, mas buscamos esclarecer a classe operária internacional suas causas, e seus verdadeiros responsáveis. Quando a esquadra aérea soviética, durante a segunda guerra mundial bombardeou as fábricas de Berlim, causando a morte de milhares de operários alemães, os trotskistas não comemoraram a perda de vidas de trabalhadores, procuraram demonstrar que o nazismo, levando seu país a uma guerra imperialista contra um Estado operário, era o único responsável que abatia vidas proletárias em uma guerra de rapina. Passados 60 anos da Segunda Guerra Mundial, os genuínos trotskistas de hoje afirmam bem alto: os responsáveis pelas mortes em Madri são Bush, Blair, Berlusconi, Aznar que comandam guerras de rapina e ocupação contra os povos, que possuem através de suas organizações de resistência política e militar, todo o direito de responder à altura e pelos meios bélicos de que dispõem aos brutais ataques do imperialismo mundial.

A LBI coloca-se na primeira linha da trincheira de combate à campanha mundial fascista para criminalizar as organizações que lutam, cada uma com seus próprios métodos e programas, dos quais mantemos absoluta independência política, contra o imperialismo em suas várias facetas de exploração e opressão nacional. Continuamos a declarar que os verdadeiros terroristas são os governos imperialistas, que massacram milhões de vidas no planeta em nome da sagrada “democracia” e do “Estado de Direito”.
  
As vozes para condenar o “terrorismo” das ações contra os governos capitalistas não partem somente dos representantes da grande burguesia e de seus meios jornalísticos, que levam a população a uma “comoção nacional” em defesa da pátria atacada pelos “bárbaros infames”. Partem também da esquerda reformista e dos revisionistas do trotskismo os dedos em riste para apontar os criminosos, não onde eles se encontram realmente, ou seja, encastelados no aparato do Estado constitucional, mas no meio dos que se enfrentam militarmente com o imperialismo. A começar, é óbvio, pelos reformistas da própria Espanha, como o Partido Comunista (PCE). Este foi o primeiro a disputar com Aznar e o PP a dianteira da delação ao ETA e o respeito à monarquia institucionalizada através do “Pacto de La Moncloa”. Vejamos até onde foi o PCE: “Hoje, um atentado brutal e selvagem contra todo o nosso povo, nossa democracia e nossas instituições livremente eleitas, deixou Madri de luto. Se ainda resta algum incauto ou embusteiro que acredita que a organização ETA e suas áreas próximas tem algo a ver com a esquerda, com a democracia e a liberdade, que deixe de lado sua ignorância e seu cinismo. A organização ETA e seus correligionários representam e atuam apenas como um movimento que destrói a convivência democrática através de métodos fascistas. Apoiaremos todas as medidas políticas, legalistas e judiciais para erradicar, no menor tempo possível, a organização terrorista ETA, em todos seus disfarces” (Comunicado do PCE, Madri, 11 de março de 2004). Mesmo diante da negativa do ETA, através do porta-voz do partido banido, Batazuna, Arnaldo Otege, em assumir a autoria das ações, o PC da Espanha não se envergonhou de atuar como um cão raivoso da bastarda “democracia” espanhola que oprime quatro nacionalidades, sem nenhum direito à sua autodeterminação (Catalunha, Valência, Galícia e País Basco). O agrupamento político-eleitoral impulsionado pelo PC espanhol, a Esquerda Unida, que conta em seu interior com o apoio de várias correntes pseudotrotskistas como o PRT-LIT, por exemplo, seguiu a mesma trilha de virulência contra-revolucionária. “Hoje é um dia de horror e espanto indescritíveis. Hoje é o dia de unidade dos democratas. Na negra história do ETA, este foi o atentado mais espantoso. O monstro, embora ferido de morte, assesta golpes terríveis. A Esquerda Unida respalda todas as ações das forças e corpos de segurança do Estado dirigidas a deter os assassinos...” (Declaração da Esquerda Unida, 11 de março de 2004). O servilismo policial da Esquerda Unida, e seus seguidores pseudotrotskistas contra o ETA, não rendeu os dividendos eleitorais esperados. Das oito cadeiras que ocupava no Parlamento perdeu cinco, elegendo a ínfima bancada de seis deputados nacionais.

Mantendo a mesma trajetória do 11 de setembro, as tendências revisionistas logo apressaram-se em qualificar o 11 de março na mesma categoria do “terrorismo individual” e, logicamente, condenar os “atentados patrocinados por grupos terroristas islâmicos” (Declaração do DN do PSTU, sobre os atentados na Espanha). “Esquecem” estes senhores, arautos dos “princípios deléveis”, que a Espanha participa de uma guerra de ocupação a outro país, portanto, está oficialmente em guerra com tropas regulares fora de seu território e conseqüentemente, sujeita a ser alvo, e desgraçadamente sua população civil, de ataques de forças que resistem à pilhagem imperialista. Comparar as ações militares do ETA, Hamas ou Al Qaeda, que estão relacionadas com as lutas de libertação nacional, com as dos grupos que praticavam o terrorismo individual, como as Brigadas Vermelhas (Brigat Rosse) na Itália, são um enorme tributo à confusão da consciência de classe do proletariado mundial. Para o imperialismo, todos aqueles que ousam enfrentá-lo militarmente são considerados “terroristas”. Parece que a esquerda revisionista é caudatária da mesma “tese”...

Aznar e seu candidato Rajoy colheram uma retumbante derrota eleitoral, assim como a EU, que tentaram “capitalizar” o “atentado” como um produto “doméstico” supostamente operacionalizado pelo satanizado ETA. O PSOE volta à presidência do governo espanhol, tentando realinhar seu país ao imperialismo francês e alemão que advogam o controle multilateral do Iraque através da ONU. O triunfo de zapateiro e a provável derrota de Barroso em Portugal e Berlusconi na Itália nas próximas eleições, devem homogeneizar a velha Europa, com uma inflexão de corte social-democrata, dando mais força ainda à nova divindade financeira, o “Euro”. A Inglaterra já há alguns anos está de fora do processo de “unificação” européia, seja do ponto de vista econômico ou político. Caso Blair seja apeado do governo, ascende o Partido Conservador ainda mais alinhado com Washington. Tudo aponta que, com o surgimento de novos ataques a países europeus, o que parece inevitável, a fissura entre os imperialismos ianque e europeu se agudizará, dando lugar a uma nova etapa da luta de classes em nível mundial.

A LBI convoca a todas as organizações políticas revolucionárias, neste momento em que reacende a escalada da ofensiva repressiva do imperialismo a todos os combatentes antiimperialistas e marxistas dos quatro cantos do mundo, a mais ampla unidade de ação em defesa de todas as organizações e agrupamentos que são alvo da sórdida campanha internacional levada a cabo por Bush e seus parceiros “democráticos”. Alertamos que os sanguinários terroristas contra a humanidade encontram-se no Pentágono e na Casa Branca e devem ser eliminados pela via da revolução proletária mundial, dirigida pela Quarta Internacional reconstruída.