segunda-feira, 21 de maio de 2018

SOB CERCO PESADO DO IMPERIALISMO: MADURO VENCE AS ELEIÇÕES REAFIRMANDO A VIA DA COLABORAÇÃO DE CLASSES COM UM SETOR DA BURGUESIA NACIONAL


Nicolás Maduro venceu as eleições presidenciais na Venezuela realizadas neste domingo, dia 20 de maio. O anúncio foi feito hoje pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral). O atual presidente e representante do Chavismo (PSUV) alcançou 67,7% dos votos (5.823.728 do total) derrotando os candidatos da oposição, Henri Falcón que somou 21,1% (1.820.552 votos) e Javier Bertucci, 10,75% (925.042). O comparecimento foi de 48%, um índice que legitima o processo eleitoral apesar do boicote de grande parte dos partidos da direita e da extrema-direita agrupados no MUD e apoiados pelo imperialismo ianque. Na Venezuela o voto não é obrigatório, portanto a cifra de 48% é uma marca de consistente comparecimento popular livre visto que, em outras nações com sistemas facultativos a participação média gira em torno disso, é o caso da última eleição presidencial dos EUA, que teve 46,6% de eleitores. Na França, o índice é abaixo de 50%. Apesar disso, a Casa Branca e seus capachos semicoloniais que integram o “Grupo de Lima”, formado por 14 países das Américas, incluindo o Brasil do golpista Temer, não reconhecem o resultado, em mais uma tentativa de isolar o governo nacionalista-burguês. O comunicado do grupo informa ainda que vão submeter uma resolução sobre a Venezuela à assembleia da Organização dos Estados Americanos (OEA), o ministério das colônias dos EUA. Combatendo a política reacionária do imperialismo e longe de ser um braço da direita como são os revisionistas do Trotskismo (LIT, UIT e o PTS argentino) é preciso pontuar que há um claro desgaste da via eleitoral para manter o chamado “Socialismo do Século XXI” que vem limitando o ascenso de massas e a luta direta pela ampliação das pequenas conquistas sociais, porque teme justamente que os trabalhadores avancem para além de seu programa nacionalista burguês, colocando na ordem do dia a expropriação das transnacionais, a nacionalização da terra e a destruição revolucionária do Estado burguês, o que significaria um choque aberto com as FFAA, pilar de sustentação do regime capitalista, ainda que vendida tragicamente pelos quatro ventos como “fiel à revolução bolivariana”. Apesar do pesado cerco do imperialismo, Maduro venceu as eleições justamente porque reafirmou na campanha e nos atos de seu governo a via de colaboração de classes com um setor da burguesia nacional, a chamada “Boliburguesia”.  Esse ala da classe dominante apesar da crise política e econômica sustenta o Chavismo porque se beneficia diretamente de seu governo. O esgotamento dos investimentos sociais do regime “bolivariano” possui, além das razões óbvias decorrentes queda na receita das exportações do petróleo, fatores internos graves. Além da sabotagem de setores empresariais que fomentam o desabastecimento e consequentemente a espiral inflacionária, temos os “Boliburgueses” que contribuem para a falência do Estado. Os capitalistas “amigos da revolução” são na verdade parasitas das verbas públicas que em nome de transações comerciais autorizadas pelo regime, se locupletam de milhões de dólares hoje escassos na economia venezuelana. Um destes mecanismos dos “Boliburgueses” achacarem o regime Chavista consiste no privilégio de obterem dólares do tesouro a uma cotação muito “especial” (lembrando que o valor do câmbio é controlado pelo governo) em nome de importarem produtos estrangeiros para o mercado nacional. Muitas destas importações subsidiadas pelo caixa central do governo não servem para nada, são produtos sucateados ou vencidos, úteis somente para o lixo, ou melhor dizendo, para engordar os bolsos corruptos da “Boliburguesia”. Com esta parceria comercial inútil, o regime acaba jogando a população no mercado negro de consumo, aí controlado de fato por burgueses “esquálidos” da oposição fascista que busca desestabilizar o governo Maduro. Frente essa realidade é preciso preparar o terreno entre os trabalhadores para construir uma alternativa própria de poder contra as duas alas da classe dominante: a Boliburguesia chavista e a oligarquia golpista. No curso dessa luta, reafirmamos que é preciso derrotar com os métodos de luta da classe operária a direita golpista sem capitular ao “chavismo” e seu projeto nacionalista burguês!  Os Marxistas Revolucionários não nutrem ilusões na capacidade revolucionária do Chavismo ultrapassar suas limitações históricas de um movimento radicalizado da burguesia nacionalista, combatemos na mesma trincheira antiimperialista porém somos conscientes de sua incapacidade programática de romper seus vínculos materiais com o capitalismo. Devemos acompanhar a própria experiência das massas e da vanguarda classista com o Chavismo, sem a cooptação das benesses estatais do regime e apontando sempre o caminho do enfrentamento revolucionário com a burguesia nativa e subordinada aos interesses do “grande Amo do Norte”. O fundamental é que o proletariado venezuelano possa construir sua própria independência de classe, erguendo no curso da luta política sua genuína bandeira da Revolução Proletária.