domingo, 25 de novembro de 2018

ENCONTRO NACIONAL DE LUTA CONTRA O FASCISMO AGRUPA ATIVISMO E APROVA RESOLUÇÕES DE COMBATE REVOLUCIONÁRIO AO NOVO REGIME BONAPARTISTA E O GOVERNO BOLSONARO: CONSTRUIR A FRENTE ÚNICA OPERÁRIA ANTIFASCISTA NA AÇÃO DIRETA DO PROLETARIADO E DAS MASSAS OPRIMIDAS, SEM NUTRIR ILUSÕES NA "FRENTE AMPLA DEMOCRÁTICA" COM BURGUESIA!

Presença significativa do ativismo no plenário do ECLA 
Ocorreu neste sábado, 24 de novembro, em São Paulo, o Encontro Nacional de Luta contra o Fascismo convocado pela LBI. A atividade teve a participação de mais de 60 companheiros de todo o país representando várias categorias, coletivos classistas e militantes independentes que discutiram a conjuntura nacional e deliberaram uma série de iniciativas políticas para organizar a resistência ao novo regime Bonapartista comandado por Moro, que tutela o governo neofascista e ultra-neoliberal de Bolsoanro/Guedes. Após as discussões que começaram na tarde de sábado, onde intervieram vários camaradas da LBI e ativistas classistas, aprovou-se já no período da noite um texto central com a resolução de conjuntura, eixos políticos e tarefas que publicamos abaixo condensando as tarefas mais importantes colocadas na ordem do dia. Consideramos a realização do Encontro uma importante vitória política na construção de uma base inicial da luta direta contra o fascismo sem capitular a política de colaboração de classes do PT e uma plataforma programática para construir uma alternativa de direção revolucionária no país em uma etapa de duro recrudescimento do regime político. Este desafio repousa essencialmente nas mãos da esquerda revolucionária presente nesse fórum de frente única, uma iniciativa dentro de nossas modestas forças voltada para organizar a ação da vanguarda classista. Mãos à Obra!

RESOLUÇÃO DO ENCONTRO NACIONAL DE LUTA CONTRA O FASCISMO

LUTEMOS POR UMA FRENTE ÚNICA DE AÇÃO DIRETA CONTRA O FASCISMO TENDO O PROLETARIADO NA VANGUARDA DO COMBATE POLÍTICO E SOCIAL! NENHUM APOIO A “FRENTE AMPLA DEMOCRÁTICA” COM A BURGUESIA!

1 - A burguesia legitimada em uma imensa fraude eleitoral imposta pela via das urnas em seu circo eleitoral da democracia dos ricos vai incrementar um plano de guerra neoliberal e antidemocrático contra os trabalhadores por meio do governo Bolsonaro/Moro/Guedes! Com o aguçamento da crise econômica e polarização político-social as lutas necessariamente vão ocorrer nas ruas, nos enfrentamentos entre as classes, na luta dos trabalhadores contra os ataques perpetrados pelo governo de plantão, que não vacilará em lançar seu aparato repressivo e seu judiciário contra os explorados. Em paralelo, as hordas fascistas vão crescendo sem que nos organizemos! Essa situação exige a formação de uma Frente Única de Ação através de comitês de base, de combate ativo e militante! Foi justamente por ter essa compreensão, para discutir essa difícil conjuntura e apontar tarefas candentes que o Encontro Nacional contra o Fascismo foi realizado e vem a público compartilhar com o conjunto do ativismo político nossa compreensão do momento dramático em que vivemos.

2 - O governo Bolsonaro vai estimular ainda mais estas tendências que estão crescendo no lastro da desmoralização política dos trabalhadores após os quatro mandados da gestão petista.  Enganam-se os que pensam que a nomeação do “justiceiro” Sergio Moro para o “superministério” da Justiça foi apenas uma simples retribuição do neofascista Bolsonaro ao fato do judiciário ter embargado fraudulentamente a candidatura do ex-presidente Lula ao Planalto. O significado da indicação de Moro, para “estrelar” um governo presidido por um fascista inepto e ignorante, representa na verdade a tutela política que a burguesia nacional quer impor a Bolsonaro, e no mesmo compasso solidificar o regime do Bonapartismo judiciário iniciado com o golpe parlamentar sofrido pelo governo petista de Dilma Rousseff. O regime de exceção, que tinha como epicentro a “República de Curitiba”, agora ascende a esfera do governo central do país, sem mesmo ter sido crivado pelo sufrágio universal das eleições. Moro será o “Bonaparte” de um marionete (Bolsonaro) controlado por duas cordas centrais: a ultraneoliberal do rentista Paulo Guedes e a outra corda puxada pela fração reacionária togada. Esta fração burguesa “constitucionalista” será a responsável pelo “enquadramento” de todos os arroubos fascistas do boçal presidente, para assim legitimar um ataque feroz as liberdades democráticas, estando diretamente conectada aos interesses do Departamento de Estado dos EUA. O outro setor “rentista” do novo regime, vinculado ao cassino financeiro internacional, se encarregará de orientar a liquidação do que ainda resta da economia nacional, descarregando sobre a massa trabalhadora um “ajuste” letal, que fará a plataforma proposta por Temer parecer uma “brincadeira de criança”.

3 - Estamos atravessando um período que pode ser caracterizado como a consolidação de um regime bonapartista de exceção (pós golpe parlamentar), com a égide de um governo marcado por características fascistas, ainda que ressaltando a relativa debilidade política do nosso “Mussolini tupiniquim”. Moro engatinha seus primeiros passos para talvez ocupar um vazio político em caso de um eventual colapso prematuro do “capitão de pijama”, tudo dependerá dos ventos econômicos internacionais. Em todo caso a criação do superministério da Justiça e Segurança servirá para selar definitivamente a aliança entre a casta togada e a cúpula militar, sempre em prontidão para atuar belicosamente em caso de uma reação ativa de massas ao brutal “ajuste” neoliberal promovido pelo governo Bolsonaro. Não é por coincidência que a anturragem fascista já cogita lançar o nome de Moro para a sucessão presidencial de 2022, e o próprio Bolsonaro já declarou que não pretende se lançar a reeleição.

4 - É preciso organizar desde já a resistência através da luta direta dos explorados, sem depositar nenhuma ilusão na farsa da democracia burguesa e muito menos na “Frente Ampla Democrática” que o PT buscou costurar com a centro-direita. É necessário compreender que a política de colaboração de classes do PT pavimentou o caminho para a ascensão da extrema-direita, patrocinando alianças com as oligarquias reacionárias, criminalizando os movimentos sociais, criando a Lei Antiterrorista para perseguir as organizações de esquerda, apoiando as ações da Justiça burguesa contra a luta dos trabalhadores. Nesse marco, deve-se ter claro que o consequente combate a escalada reacionária em curso será obra da ação organizada da classe operária e seus aliados, os camponeses pobres, a juventude plebeia e a pequena burguesia progressista, não passa por qualquer apoio eleitoral a Frente Popular e por ter ilusões no “poder do voto”. Em toda campanha eleitoral o PT não fez nenhum chamado a lutar nas ruas contra a espiral neofascista em curso, ao contrário, seu candidato domesticado e servil a ordem burguesa acenou sempre à direita para figuras sinistras do PSDB e do centro, além de elogiar o Juiz Moro, o mesmo que prendeu Lula e através da “Operação Lava Jato” visa sentar as bases para um estado de exceção em nosso país.

5 - Por hora é totalmente impressionista caracterizar o regime como fascista ou mesmo semifascista, uma imprecisão teórica desta dimensão só serve para jogar água na corrente da tal “Frente Ampla Democrática”, uma cópia malfeita da base política burguesa dos governos petistas. O que está colocado neste momento é organizar desde já a resistência nas ruas. É necessário que as organizações políticas e sindicais da classe operária organizem em Frente Única a resistência orgânica dos movimentos sociais para derrotar a ofensiva reacionária e neoliberal em plena ascensão no país, baseada nos sindicatos e que seja alicerçada em comitês de base que possam organizar a autodefesa contra a ofensiva neofascista em curso.

6 - O Encontro Nacional de Luta Contra o Fascismo lança neste momento um chamado público em especial aos agrupamentos políticos que se reclamam da esquerda revolucionária assim como as organizações classistas, sindicais, estudantis e populares que defendem a necessidade de responder a investida fascista com os métodos da classe operária (comitês de autodefesa, greves, armamento popular) e para junto conosco apostar em um plano de ação para formar os comitês de base pela Frente Única a fim de responder aos ataques da extrema-direita com um programa operário para enfrentar a atual etapa política marcada pelo recrudescimento da ofensiva contra os explorados, suas conquistas sociais e suas liberdades democráticas!

EIXOS POLÍTICOS E TAREFAS IMEDIATAS:

1 - Preparar a derrota do governo neofascista e ultra-neoliberal de Bolsonaro pela via da Revolução Socialista! Organizar a luta direta revolucionária contra o regime Bonapartista comandado pelo Juiz-Ministro Moro! Mobilizar pela resistência ao plano de guerra contra o povo trabalhador! Lutar contra o Fascismo é lutar contra o Capitalismo! Em defesa da Revolução Proletária e do Socialismo como alternativa a barbárie capitalista e a reação burguesa!

2 - Formar os comitês de base pela Frente Única nos sindicatos e entidades do movimento operário, camponês e estudantil para responder aos ataques da extrema-direita tendo como eixo um programa operário aprovado nas assembleias em defesa das conquistas sociais e as liberdades democráticas dos trabalhadores!

3 – Nenhum apoio a “Frente Ampla Democrática” com a burguesia defendida pelo PT que aponta as eleições de 2022 como o terreno principal para derrotar o neofascista Bolsonaro! Pela independência política dos trabalhadores e não colaboração de classes!

4 - Pela constituição de milícias de autodefesa apoiadas na organização dos trabalhadores, financiadas pelas entidades classistas e sindicais! Convocar assembleias de base nos sindicatos para discutir a formação de comitês inter-categorias, assim como promover curso de formação política sobre o Fascismo, Bonapartismo e a história de resistência dos trabalhadores!

5 - Defender Cesare Battisti das garras da reação fascista! Realizar uma ampla campanha de massas contra a extradição do ativista italiano culminando em um ato nacional em São Paulo e em todos os estados da federação durante o primeiro semestre de 2019!

6 - Liberdade imediata de todos os presos políticos do Brasil! Máfia togada tire as mãos de Lula, Sininho, dos militantes do MST-MTST e dos 23 condenados das “Jornadas de Junho”! Abaixo a ditadura do judiciário e o novo regime bonapartista comandado pelo Juiz-Ministro Moro!

7 - Denunciar as provocações de Bolsonaro contra Cuba e o fim do programa “Mais Médicos”! Em defesa da saúde pública, gratuita e de qualidade sob o controle dos trabalhadores!

8 - Organizar nas bases das categorias operárias e entre os servidores públicos das três esferas uma ampla campanha de luta contra a Reforma Neoliberal da Previdência assim como para se opor as privatizações das estatais (Correio, Infraero, Eletrobras) e demais empresas públicas!

9 - Preparar desde já uma ampla jornada de agitação e propaganda em defesa da Greve Geral que deve ocorre no primeiro trimestre de 2019, não se limitando ao lobby parlamentar e a pressão sobre Congresso Nacional, ao contrário, deve apostar na mobilização direta dos trabalhadores para construir uma forte mobilização pela base por tempo indeterminada!

10 - Elaborar uma carta aberta ao MST, CUT, MTST, UNE propondo a realização de um Encontro Nacional contra o governo Bolsonaro e suas reformas neoliberais e antidemocráticas, aberto, amplo e democrático para organizar um calendário unificado de luta!