segunda-feira, 27 de maio de 2019

MARINE LE PEN (FRENTE NACIONAL/RN) GANHA ELEIÇÕES NA FRANÇA E AGRADECE A VITÓRIA AOS “COLETES AMARELOS”. COALIZÃO DE MACRON FICA EM SEGUNDO LUGAR ENQUANTO PS E “FRANÇA INSUBMISSA” DE MÉLÉNCHON AMARGAM SÉRIA DERROTA POLÍTICA


Como temos afirmado exaustivamente, o movimento francês “Coletes Amarelos” festejado acriticamente pela esquerda mundial e os revisionistas do trotskismo em particular potencializa todo um espectro político pela direita, fato plenamente confirmado pela vitória da neofascista Marine Le Pen, líder do Rassemblement National (antiga Frente Nacional), nas últimas eleições para o parlamento europeu. Le Pen defendeu neste domingo (26.06) a dissolução da câmara baixa do Parlamento da França, após o seu partido de extrema-direita conquistar a maioria dos votos. De acordo com o último balanço, o RN estava vencendo o pleito com 24,2% dos votos, contra 22,4% do La Republique En Marche! (LREM), do presidente neoliberal de centro-direita Emmanuel Macron. Os Republicanos de centro ficaram com cerca de 8%, enquanto a “França Insubmissa” (FI) de Jean-Luc Mélénchon e o Partido Socialista sofreram séria derrota eleitoral, obtiveram respectivamente 6,3% a 6,1% de votos. O PCF teve uma votação baixíssima (2%) tanto que em seu balanço declara “A extrema direita na liderança em um cenário político devastado... Quanto à esquerda, ela está mais fraca do que nunca. De acordo com as estimativas que temos neste momento, as pontuações somadas a todas as formações de esquerda (PCF 2,6%, FI 6,4%, PS 6,4%, Geração 3,3%) dificilmente atingiriam os 32 %” (Le Humanité, 27.05)! Desta forma, o PCF não terá pela primeira vez na história eurodeputados.  Comemorando o feito, a fascista Marine Le Pen declarou “O presidente da República deve tirar conclusões. Há pelo menos mais uma coisa, em minha opinião: a dissolução da Assembleia Nacional, para tornar o sistema eleitoral mais democrático e, finalmente, representar a real opinião do país”. ​ Por sua vez, as manifestações dos “Coletes Amarelos” na França no sábado (25) registraram o menor número de participantes entre todos os 28 fins de semana de protestos, iniciados em novembro. As passeatas esvaziadas ocorreram na véspera do dia em que os franceses votaram nas eleições para o Parlamento Europeu, demonstrando que seus apoiadores em massa decidiram “castigar” o governo Macron e a esquerda nas urnas, votando na extrema-direita. O PS teve baixíssima votação assim como o PCF e a chamada “extrema esquerda”, o que somente reforça o que vimos denunciando: a tendência política reacionária do movimento “espontâneo” dos “Coletes Amarelos”. Tanto que Marine Le Pen afirmou que a votação para o Parlamento Europeu funcionou como um “referendo” contra o presidente. O jovem direitista Jordan Bardella, de 24 anos, encabeça a lista da antiga Frente Nacional como uma forma de ter um canal direto como os “Coletes Amarelos”. Por seu turno, a coalizão “França Insubmissa” (FI) de Jean-Luc Mélénchon sofreu um revés mesmo tentando se aproximar dos “Coletes Amarelos”, submetendo-se ao seu programa reacionário. As declarações de Landry Ngang, um jovem negro que puxou os votos da FI, não deixam dúvidas dessa capitualação política “Os ‘coletes amarelos’ não são simplesmente golpistas, ou pessoas que querem pagar menos impostos. São apenas cidadãos que pedem justiça social e fiscal, dois dos principais combates de ‘A França Insubmissa’. Eu admiro esse movimento, por isso manifesto com eles”. Não nos surpreende esse resultado eleitoral! Os “indignados” de classe média urbana e rural que reclamam da elevação do custo de vida mas não exigem aumento salarial para os trabalhadores, a eliminação das regras discriminatórias contra os estrangeiros ou o fim dos lucros da burguesia e suas empresas...Pedem a “transparência das contas do Estado” e a renúncia de Macron. Também pudera, hinos nacionais, pautas racistas e xenófobas campeiam as marchas que já vem recebendo apoio de alguns sindicatos de policiais franceses, tanto que pelotões se negam a seguir as ordens do desgastado Macron de reprimir os protestos. Ficou evidente desde o início que o governo encontra-se encurralado pela extrema-direita, que usa o movimento para desgastar ao máximo Macron, tendo nessa manobra o apoio do conjunto da esquerda reformista, completamente incapaz de levantar um programa operário e anticapitalista para derrubar o governo a partir da mobilização direta dos trabalhadores e imigrantes.




Como a LBI declarou antes das eleições para o parlamento europeu, a intransigente oposição proletária que os Marxistas Leninistas estabelecem em relação ao governo neoliberal de Emmanuel Macron, não pode ser confundida com as investidas da extrema direita (maqueadas de espontaneidade das massas), contra a subida dos combustíveis exigimos uma plataforma de estatização (sem indenizações) das grandes transportadoras comerciais, além da expropriação das petrolíferas imperialistas francesas (grupo Total). Estas reivindicações transitórias, que não passam pelas “cabeças” dos dirigentes da esquerda revisionista, devem ser acompanhadas de uma estratégia de poder da classe operária francesa, na luta para impor um verdadeiro governo socialista e revolucionário! Ao contrário dessa política revolucionaria a esquerda revisionista é completamente refém da pauta dos “Coletes Amarelos”. Os Marxistas Revolucionárias alertam novamente que o movimento que declara não ter lideranças políticas assume uma posição “legalista e de ordem” contra o governo Macron (centro direita) que acusam de “esquerdista”, os “Coletes Amarelos” não cansam de declarar o seu nacionalismo xenófobo em ataques a “passividade” dos imigrantes, que por razões econômicas óbvias não possuem carros ou caminhões. De nossa parte, apontamos que os trabalhadores devem entrar em cena e convocar uma greve geral nacional com uma pauta própria operária e anticapitalista que chame a unidade com os imigrantes! Cabe à vanguarda proletária intervir no processo com um eixo programático bem definido contra este regime bastardo, mas somente na perspectiva do socialismo revolucionário, sem fazer a mínima concessão a supostas alternativas de direita. Não devemos estabelecer o menor apoio político aos “Coletes Amarelos”. Produto do profundo retrocesso ideológico que domina o planeta desde a queda da URSS e do Muro de Berlim, aprofundado pelo apoio de grande parte da “esquerda” a mal chamada “Revolução Árabe” que intensificou o domínio do imperialismo no Oriente Médio, estamos vendo agora na França a expressão concreta da situação mundial maturada nos últimos 30 anos. Os Trotskistas da LBI não fazemos nenhum fetiche do “autonomismo e do espontaneismo” do movimento de massas, conhecemos o desfecho histórico de mobilizações que acabaram por servir aos interesses da contrarrevolução mundial, como os “massivos” protestos contra o muro de Berlim. Com a chamada “Primavera Árabe” a burguesia mundial ganhou um “Know-how” adicional em desviar grandes protestos populares para o campo político do imperialismo, o que vem sendo classificado pela intelectualidade acadêmica como “guerra híbrida”. No Brasil em 2013 e agora na França estamos vendo manobrarem da mesma maneira, contando com o elemento político da ausência de uma direção revolucionária.