quarta-feira, 29 de maio de 2019

NOVA CARNIFICINA EM MANAUS: 57 MORTOS EM PRESÍDIO PRIVATIZADO PARA MÁFIA BURGUESA...OLIGARQUIAS E EMPRESÁRIOS SÃO VERDADEIRAS “FRAÇÕES CRIMINOSAS” QUE IMPÕEM BARBÁRIE DENTRO E FORA DAS PRISÕES!


57 presos foram encontrados mortos em quatro unidades prisionais do Amazonas entre domingo e segunda-feira. Todas são administrados pela Umannizzare Gestão Prisional e Serviços Ltda, empresa privada que recebeu R$ 836 milhões nos últimos quatro anos, de acordo com os contratos disponibilizados no Portal Transparência do estado. A Umanizzare sofreu condenações na Justiça do Trabalho por desrespeitar normas laborais. Nos processos, funcionários da companhia reclamam de desrespeito às regras sobre intervalos e remuneração de trabalho em feriados. Obviamente o governo do Amazonas e as empresas que gerenciam o presídio tem responsabilidade total pelo acontecido. Colocaram facções rivais em um mesmo complexo penitenciário, onde facilmente se joga inimigos na mesma cela, preferencialmente superlotada, para que a “guerra do crime” faça a “limpeza”. Foi isso o que aconteceu no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, inimigos jurados de morte colocados de forma perigosamente próxima e em meio a um plano de fuga já conhecido pelo governo e a administração prisional. Uma tragédia premeditada. Em 2015, depois de criar uma secretaria específica para cuidar dos presídios, a Secretaria de Administração Penitenciária, o governador José Melo contratou um consórcio, através de contrato de parceria publico-privada, para administrar os presídios do Amazonas. O extrato do contrato foi publicado no Diário Oficial do Estado do dia 9 deste mês. Trata-se de um contrato de R$ 205,9 milhões para concessão de cinco unidades prisionais por 27 anos, prorrogáveis até o limite de 35 anos. Pelo contrato, o Consócio Pamas – Penitenciárias do Amazonas, a Umanizzare Gestão Prisional e Serviços e a LFG Locações e Serviços Ltda, se responsabilizariam pelos serviços de gestão, operação e manutenção, precedidos de obras de cinco unidades prisionais no Estado do Amazonas. A Umanizzare, que em 2014 recebeu do governo amazonense R$ 137.284.505,62, prometia, como o seu nome já diz em italiano, “Humanizar” os detentos. Em seu site, a empresa assim descrevia sua missão no Complexo Prisional Anísio Jobim (COMPAJ), onde aconteceu a barbárie nesta madrugada: “Em 01 de Junho de 2014, a Umanizzare assume a gestão do COMPAJ com o intuito de empregar diversas práticas e ações já desenvolvidas em outras unidades prisionais geridas por ela e que amenizam a condição de cárcere do detento. Seguindo como exemplo instituições em países onde até 80% dos detentos podem ser reabilitados, a Umanizzare acredita que para reabilitar, além de boas condições físicas, o detento precisa de atividades que ofereçam um futuro de volta à sociedade.” Os 57 detentos destrinchados como animais no abate, enquanto estavam sob a guarda do Estado no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, sabem bem que essa “humanização” não existe dentro do capitalismo. No Brasil são quase 700 mil pessoas, em condições trágicas e perspectivas ainda mais desalentadoras. Se considerarmos o número dos que estudam como indicador de ressocialização, só 12,8%deles, 84 mil, trilham esse caminho. Fazendo a conta ao inverso 572 mil indivíduos estão na cadeia sem qualquer expectativa senão o crime e a vida na prisão, fonte de lucro para empresas privadas. Diante de tamanha atrocidade cometida, não são os presos que devem ser denunciados, que já são vítimas de um sistema carcerário terrível, mas sim este próprio sistema, que nunca serviu para impedir qualquer crime ou conter o crescimento da criminalidade. É preciso exigir a redução das penas e a criação de penas alternativas (trabalho e educação) ao encarceramento para acabar com a superlotação e evitar os massacres. Decapitações, detentos esfolados vivos e cadáveres empilhados após brigas de facções, que ocorreu dentro das celas do Anísio Jobim, onde as quadrilhas repartem o controle da prisão com o corrupto e mafioso comando da PM e da Secretaria de Segurança Pública, é reflexo direto do controle do poder político e econômico por parte das oligarquias no Amazonas, que usam a brutal violência do Estado burguês contra a população trabalhadora para impor seu domínio, com direito à perseguição política e assassinatos aos seus críticos. Os que bradam contra os crimes desumanos praticados pelos presos, onde vários detentos foram decepados, devem voltar primeiro seu justo ódio e repulsa contra o clã reacionário que controla o Amazonas, que na verdade é o centro irradiador do clima de banditismo que assola o estado amazônico. Tão feroz como as disputas dentro do presídio é o enfrentamento entre os bandos burgueses pelo controle do botim estatal, um quadro marcado por corrupção generalizada em benefício das gangues capitalistas. Como se vê, nesse jogo de disputa do poder burguês não existe mocinhos e bandidos, todos fazem parte da mesma máfia que explora a população trabalhadora. Os presos são apenas a face pobre, maltrapilha e os únicos que vão para a cadeia, enquanto os verdadeiros bandidos são os políticos burgueses que controlam o Estado. Esse quadro é reflexo da barbárie capitalista responsável por levar os trabalhadores e o povo pobre em geral à miséria. São encarcerados em condições subumanas quando cometem pequenos “delitos” ou se marginalizam em função da própria desagregação social a que são submetidos. Nos presídios só se aprofunda este quadro de abismo social, banditismo e degradação. Por seu turno, os verdadeiros ladrões do povo, como a corrupta e assassina oligarquia local e os barões do tráfico continuam intocáveis porque integram a classe dominante. Em resumo, o povo pobre está preso em celas sub-humanas e superlotadas, muitas vezes sem sequer a sentença ter sido transitada nem julgada. De nada adianta voltar a revolta popular contra os presos se os verdadeiros responsáveis pela barbárie, miséria e a fome que vive o estado estão luxuosamente alojados nos Palácios e mansões. A população pobre não pode continuar indefesa contra a violência organizada do Estado capitalista dentro e fora das prisões. Precisa dar um basta às chacinas e massacres, organizar comitês de autodefesa para se proteger do aparato repressivo e da máfia burguesa, lutando pela destruição da PM, expropriando esta verdadeira quadrilha burguesa que controla o Amazonas e o Brasil! Por sua vez, é preciso denunciar o recrudescimento da repressão estatal como um ataque geral ao povo pobre em meio a crise econômica, unificando a luta dos parentes das vítimas/presos com o conjunto da população trabalhadora, das organizações que combatem a repressão policial e a criminalização dos movimentos sociais.