segunda-feira, 6 de junho de 2022

33 ANOS DOS PROTESTOS NA PRAÇA TIANANMEN: MARXISTAS REVOLUCIONÁRIOS NÃO APOIARAM AS MANIFESTAÇÕES POR UMA “PERESTROIKA CHINESA”... DEFENDEMOS A REVOLUÇÃO POLÍTICA PARA PRESERVAR AS BASES SOCIAIS DO ESTADO OPERÁRIO E IMPOR A DEMOCRACIA SOVIÉTICA!


Neste 4 de junho "celebrou-se" os 33 anos dos protestos da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) duramente reprimidas pelo exército chinês. As manifestações tiveram início após a morte de Hu Yaobang, ex-secretário geral do Partido Comunista Chinês, em 15 de abril de 1989, vítima de um ataque cardíaco durante uma reunião do Politburo do PCCh. Yaobang, que havia sido destituído do cargo de secretário geral em 1987, era partidário da aceleração do processo de restauração capitalista iniciado com as reformas de Deng Xiaoping, em 1979. Os protestos, organizados principalmente por estudantes das universidades de Pequim e por intelectuais reformistas, reivindicavam do governo do primeiro-ministro Li Peng a adoção da linha advogada por Hu Yaobang, tendo como eixo político o fim da corrupção e a implantação de liberdades democráticas em geral. 
A maioria das correntes que se reivindicam do campo do trotskismo (LIT, PO, UIT, CMI, PTS) proclamaram a defesa dessas manifestações como parte de uma nascente revolução “democrática” ou mesmo uma revolução política incipiente, abortada violentamente pela repressão stalinista. A principal fonte de inspiração ideológica e política dos manifestantes de Tiananmen, em 1989, era a política restauracionista da Perestroika/Glasnost, formulada por Mikhail Gorbachev que, inclusive, visitou a China em maio, no auge das manifestações estudantis. 

Esses protestos foram, na verdade, os primeiros de uma onda contrarrevolucionária influenciada em parte pela plataforma restauracionista de Gorbachev, que logo em seguida teve como consequência a queda do Muro de Berlim (novembro de 1989), a ascensão de Lech Walesa na Polônia (1990) e a própria destruição da URSS através da contrarrevolução imperialista encabeçada por Boris Yeltsin em agosto de 1991. O fato de não nos colocarmos naquela época no campo dos defensores das manifestações de 1989 na China, não significa, entretanto, que estejamos incondicionalmente de acordo com os métodos repressivos que a burocracia do PCCh lançou para acabar com o movimento. Era preciso uma política audaz para ganhar a base dos protestos para as posições revolucionárias, que chegava a cantar o hino da Internacional enquanto estavam acampados na praça e, ao mesmo tempo, fazia-se necessário denunciar vigorosamente a política restauracionista que movia os dirigentes do protesto, alinhados com o imperialismo, reprimindo esses líderes pró-restauracionistas na medida em que colocassem em xeque a existência do próprio Estado operário. Uma prova concreta do que afirmamos é que todas as lideranças do protesto ocorrido há 30 anos atrás foram politicamente para a direita, estando hoje abrigados política e materialmente sob a proteção do imperialismo ianque, sendo inclusive líderes de ONG´s contrarrevolucionárias que atuam para desestabilizar o regime chinês. Ao contrário da política revolucionária que reivindicamos, a casta do PCCh optou por impor a repressão indiscriminada aos manifestantes, ação que os Trotskistas não apoiaram. Até porque a fração da burocracia que decidiu reprimir o movimento não tinha como objetivo romper com a orientação restauracionista, mas, pelo contrário, pretendia conduzir e consolidar o processo de restauração capitalista sob seu rigoroso controle político e militar, como vem ocorrendo atualmente.


33 anos depois dos protestos, a China é um país que transitou ao capitalismo, convertendo-se em uma poderosa semicolônia, porque as bases econômicas do desenvolvimento chinês se apoiam em relações de produção capitalistas onde a burocracia restauracionista cada vez mais assume o papel de sócia subordinada e dependente do capital financeiro internacional. Na medida em que na China está em curso um processo de acumulação primitiva de capital para forjar a nova burguesia, a Casa Branca e o imperialismo europeu buscam incentivar no curso dessa transição divisões políticas que lhes favoreçam. Nesse terreno, se colocam as manifestações pela “autonomia total” de Hong Kong, pela independência no Tibet para “recriar” uma classe dominante baseada na dinastia lamaísta e as tentativas de patrocinar o separatismo islâmico e muçulmano em algumas províncias chinesas via patrocínio da CIA às atividades da Al Qaeda na região. Historicamente, o imperialismo tem recorrido a vários meios políticos e militares para impor seu controle nos países que consideram adversários ou desejam fragilizar.

Ainda que a China não seja hoje mais um Estado Operário burocratizado, os revolucionários não defendem as manifestações por “democracia” em Hong Kong como não defenderam os protestos na Praça da Paz Celestial a 30 anos atrás mas a construção de uma oposição operária e revolucionária ao governo e propagandeando um programa comunista junto aos trabalhadores que reivindique liberdades democráticas para luta por seus direitos e conquistas. Apesar disso estamos contra a repressão estatal desferida contra os movimentos das ruas porque este não é o melhor método para combater os protestos direitistas. Para o proletariado chinês está colocada, na ordem do dia, a luta por uma nova revolução proletária no antigo Estado operário, hoje em conversão ao capitalismo, já que tanto as alavancas fundamentais de sua economia socialista foram todas suprimidas pela camarilha restauracionista, assim como parte da burocracia stalinista inicia o processo de acumulação primitiva para transformar-se em classe burguesa, orientando abertamente todos os setores do Estado em favor de uma apropriação privada de capital. Só uma revolução socialista na China, assim como no Tibet, Taiwan e Hong Kong, encabeçada por um genuíno partido revolucionário, pode retomar a economia e o controle do Estado para as mãos dos trabalhadores, unindo de forma revolucionária a China em torno da construção do socialismo.