quarta-feira, 12 de junho de 2019

PROTESTOS EM HONG KONG CONTRA A CHINA: MANIFESTAÇÕES MANIPULADAS PELO IMPERIALISMO EM SUA GUERRA HíBRIDA CONTRA AS "POTÊNCIAS" SEMI-COLONIAIS


Manifestantes em Hong Kong bloquearam novamente as principais estradas e prédios do governo nos últimos dias e a polícia disparou gás lacrimogêneo e balas de borracha em resposta. Dezenas de pessoas foram presas. Esses protestos são contra os planos do governo local para permitir extradições de Hong Kong para a China continental, uma medida tomada pelo PCCh contra os ativistas ligados a direita e a ONG´s patrocinadas pelo imperialismo ianque e europeu. As manifestações que vem ocorrendo em Hong Kong, ex-colônia britânica que foi devolvida à China em 1997 sob a base de um acordo para torná-la uma “Região Administrativa Especial” (RAE), refletem a guerra híbrida do imperialismo ianque e europeu para que a burocracia restauracionista chinesa ceda no controle político da Ilha e da Península de Kowloon localizada na costa sul do país. Ao fomentar protestos “por democracia”, EUA e Inglaterra desejam de fato promover uma queda de braço com o PCCh, provocando tensões que possam lhe trazer benefícios políticos e econômicos imediatos e futuros. Sabem pelas lições apreendidas nas “Revoluções das Cores” nas ex-repúblicas soviéticas como a Ucrânia que golpeou o governo alinhado a Moscou e na “Primavera Árabe” responsável por derrubar o regime comandado por Kadaffi que é plenamente possível patrocinar manifestações de massas aparentemente com eixos “democráticos” contra governos adversários a fim de alcançar objetivos que sirvam aos monopólios capitalistas e a sua política de recolonização de regiões geoestratégicas. A guerra desenvolvida pela Ucrânia com a ajuda da OTAN na fronteira com a Rússia a partir de protestos pela unificação com a UE demonstra bem o perigo que a China corre. A “Revolução dos Guarda-Chuvas” como foi chamada pela mídia “murdochiana” as manifestações em Hong Kong em 2014 protagonizadas por setores da pequena-burguesia diretamente influenciada pelo Ocidente é parte desta estratégia desestabilizadora das potências capitalistas para debilitar a China e o bloco que forma com a Rússia e os BRIC´s. É preciso apresentar um programa para combater a ofensiva imperialista “democrática” em curso como estamos presenciando em Hong Kong e para superar pela via revolucionária a burocracia restauracionista do PCCh. A LBI, em contraposição ao silêncio covarde da “esquerda” que teme se chocar com a opinião pública pequeno-burguesa, mais uma vez é vanguarda na denúncia do caráter reacionário destas manifestações patrocinadas pelo imperialismo contra a extradição para a China com o objetivo de desestabilizar seus adversários políticos, como foi na Líbia, na Ucrânia e agora em Hong Kong!



A burocracia chinesa que celebrou o acordo com o Reino Unido sobre a base da política reacionária de “um país, dois sistemas” inspirada na orientação de coexistência pacífica impulsionada há décadas atrás por Deng Xiau Ping encontra-se em um impasse. Como vem operando com mão de ferro a transição de um Estado Operário deformado para uma economia capitalista na China de forma centralizada, o PCCh sabe que não controlar de fato Hong Kong, um centro financeiro importante mundial, é uma ameaça ao conjunto do território chinês e sua economia. A Lei Básica, uma espécie de Constituição da “cidade”, estipula que Hong Kong deve ter um “alto grau de autonomia” em todas as esferas, exceto nas relações exteriores e na defesa militar. Embora tenha um sistema multipartidário em desenvolvimento, um pequeno círculo do eleitorado ligado à classe dominante capitalista local controla mais da metade da sua legislatura em associação direta com os grandes grupos econômicos internacionais. Como um dos principais centros financeiros internacionais, Hong Kong tem uma grande economia de serviço capitalista caracterizada pelo baixo nível de impostos e pelo livre comércio que faz da ilha um entreposto de produtos e investimentos de todo o planeta na fronteira com a China continental.

O PCCh sabe que incrementar a repressão a centenas de jovens formados sob a orientação educacional e ideológica britânica (burguesa e sem nenhuma referência no Comunismo ou mesmo no “Maoísmo”) que se concentram nas ruas do centro de Hong Kong tem consequências políticas e econômicas imprevisíveis. Na atualidade, como marxistas-leninistas declaramos que a campanha orquestrada pela Casa Branca e a “City de Londres” está voltada a gerar a fragmentação territorial da China e a desestruturação social, política e econômica do país, forçando que o PCCh reprima as manifestações em Hong Kong para provocar um enorme desgaste da burocracia restauracionista visando fomentar uma oposição pró-imperialista interna em toda a China com peso de massas, como vimos na Ucrânia recentemente. A esse trágico “filme” já assistimos na extinta URSS e na antiga Iugoslávia, quando estas nações que restauraram o capitalismo foram pulverizadas pelo imperialismo ianque e europeu para melhor impor seus interesses políticos, econômicos e militares na região. No caso específico da China, um país que transita ao capitalismo e tende a converter-se em uma poderosa semicolônia, porque as bases econômicas do desenvolvimento chinês se apoiam em relações de produção capitalistas onde a burocracia restauracionista cada vez mais assume o papel de sócia subordinada e dependente do capital financeiro internacional. Na medida em que na China está em curso um processo de acumulação primitiva de capital para forjar a nova burguesia, a Casa Branca e o imperialismo europeu buscam incentivar no curso dessa transição divisões políticas que lhes favoreçam. Nesse terreno, se colocam as manifestações pela “autonomia total” de Hong Kong, pela independência no Tibet para “recriar” uma classe dominante baseada na dinastia lamaísta e as tentativas de patrocinar, desde o governo Clinton, o separatismo islâmico e muçulmano em algumas províncias chinesas via patrocínio da CIA às atividades da Al Qaeda na região. Historicamente, o imperialismo tem recorrido a vários meios políticos e militares para impor seu controle nos países que consideram adversários ou desejam fragilizar.

Combatendo tanto a camarilha restauracionista que deseja fazer da hoje região administrativa especial mais um elo da cadeia da restauração capitalista como a classe dominante de Hong Kong que almeja via a ilha ajudar a converter o país de conjunto em uma poderosa colônia capitalista, os operários e camponeses devem rechaçar as manifestações patrocinadas pela velha elite local ancorada no imperialismo ianque e europeu voltada a fragmentar o estado nacional chinês, debilitando-o ainda mais frente ao imperialismo. Nesse contexto, o fato do imperialismo ianque e europeu usar as “manifestações” em Hong Kong para tensionar e disciplinar ainda mais o governo chinês em sua vereda restauracionista, nada mais é que uma consequência do “jogo” que o próprio PC chinês aceitou “participar” quando, em seu último congresso, ratificou todas as orientações econômicas e políticas que preparam a transição definitiva para a criação de uma nova burguesia nacional. Para o proletariado chinês e os seus irmãos de classe das RAE está colocada, na ordem do dia, a luta por uma nova revolução proletária no antigo Estado operário, hoje em conversão ao capitalismo, já que tanto as alavancas fundamentais de sua economia socialista foram todas suprimidas pela camarilha restauracionista, assim como parte da burocracia stalinista inicia o processo de acumulação primitiva para transformar-se em classe burguesa, orientando abertamente todos os setores do Estado em favor de uma apropriação privada de capital. Só uma revolução socialista na China, assim como no Tibet, Taiwan e Hong Kong, encabeçada por um genuíno partido revolucionário, pode retomar a economia e o controle do Estado para as mãos dos trabalhadores, unindo de forma revolucionária a China em torno da construção do socialismo!