quarta-feira, 18 de setembro de 2019

FED NOS EUA E COPOM NO BRASIL CORTAM TAXA DE JUROS: “PACOTE DE BONDADE” OU PRENÚNCIO DE UMA FORTE RECESSÃO CAPITALISTA MUNDIAL?


O Comitê de Política Monetária (COPOM) do Banco Central, instituição estatal vinculada ao Ministério da Economia, decidiu nesta quarta-feira (18/09) por unanimidade reduzir a Selic, taxa básica de juros da economia, de 6% ao ano para 5,5% ao ano. A Selic se manteve em 6,5% de março de 2018 a julho de 2019, quando recuou para 6%, refletindo o viés de baixa produto da paralisia econômica que atravessa o país desde 2014, a expectativa dos rentistas do mercado financeiro é que, para a próxima reunião do Comitê no fim de outubro, haja mais um corte de 0,5 ponto percentual na taxa, caindo para 5% e permanecendo neste percentual até o fim de 2020, a taxa mais baixa de toda a história da sequência do Banco Central. Determinando uma orientação financeira mundial, o Federal Reserve (FED) banco central dos EUA, organismo independente do governo Donald Trump, também comunicou hoje que decidiu cortar as taxas de juros no país central imperialista em 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 1,75% e 2%. No seu comunicado aos investidores internacionais, o FED cita entre as justificativas para a decisão as perspectivas “sombrias” para o desenvolvimento da economia capitalista global e a fraqueza de pressões inflacionárias, embora tenha apontado que a cambaleante economia norte-americana siga crescendo em um ritmo "moderado" e o mercado de trabalho "permaneça forte". O anúncio de redução de juros ocorre horas depois de o FED decidiu intervir pelo segundo dia consecutivo no mercado financeiro para evitar um forte aumento nos empréstimos de curto prazo para bancos e empresas. O Fed injetou US$ 75 bilhões ao recomprar ativos de um dia contra pedidos de pouco mais de US$ 80 bilhões. É a primeira vez desde o histórico crash financeiro de 2008 que o Fed intervém nos mercados de capitais, um prenúncio explícito de que uma nova explosão da bolha cíclica capitalista está muito próxima de ocorrer novamente. Desde a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1930, quando a banca de capital se aproxima de pagar na prática “juros negativos” ao mercado (taxas muito baixas que se aproximam de zero), é o primeiro sintoma claro de um novo crash capitalista global.


No mês passado, o rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano de dois anos ultrapassou o dos papéis com vencimento em 10 anos, mesmo que os prazos mais curtos tenham riscos menores do que os longos. É uma situação contraintuitiva, que não acontecia desde a crise de 2008 e que se tornou sintoma clássico das crises históricas por que os EUA passou. Um elemento econômico que agrega na direção apontada pelo FED é que nunca se praticaram tantas taxas de juros negativas nas economias imperialistas centrais. Ou seja, nesses países  os rentistas vêm pagando para manter seus recursos nos grandes bancos. Os capitalistas preferem perder parte de seu dinheiro investindo em papéis considerados confiáveis a perder todo seu patrimônio “apostando” em títulos lpodres” que pagam taxas de juros elevadas, mas que podem transformar seu capital acumulado em pó, da noite para o dia. São movimentações financeiras típicas de quem sente o cheiro de um novo crash financeiro no ar, esta “tensão” dos mercados vem do “desperdício” promovido pelo grande capital com os enormes recursos financeiros que os bancos centrais colocaram a disposição da burguesia desde a crise de 2008.


No Brasil, a recessão que margeia as economias centrais, já bateu à porta desde meados de 2015, porém tende a agravar-se exponencialmente com o iminente crash financeiro global. Com o fim da bolha de crédito e a queda no valor internacional das commodities, o último governo da Frente Popular (Dilma Rousseff) manejou a economia nacional diretamente sob orientação dos rentistas, desativando todos os projetos de infraestrutura e reindustrialização do país. O resultado prático da política ultra neoliberal adotada pelo PT foi o próprio golpe institucional que apeou Dilma do Planalto, nesta altura o “mercado” não precisava mais de “intermediários” com sua política de colaboração de classes, empossou no governo central estafetas diretos do capital financeiro assessorados por toda a quadrilha da “República de Curitiba”. Sem nenhum vetor estatal para induzir a recuperação da economia, o Brasil sob a gerência neofascista, segue o roteiro imposto por Washington do “ajuste sem limites”, liquidando direitos sociais, sucateando a máquina pública ao limite da insolvência e privatizando estatais que restaram da “privataria tucana” da era FHC. Não precisa ser um grande expertise para prognosticar o próximo capítulo do drama neofascista que o país atravessa: o default financeiro do Estado Burguês na esteira da chegada da crise capitalista mundial.


Para os Marxistas Leninistas não é mera coincidência que a grande recessão capitalista global iniciada com a crise do preço do petróleo em 1973, tenha hoje, quase cinquenta anos depois sua reedição com os supostos ataques do governo iraniano as refinarias de óleo da Arábia Saudita, fazendo disparar o preço da commoditie de energia fóssil no mercado mundial. Nada mais útil ao imperialismo ianque, que atravessa um longo ciclo histórico de inércia produtiva, do que encontrar um “bode expiatório” para promover ataques especulativos aos países de economia semicolonial, e desta forma “materializar” seu “excesso” de capital financeiro virtual sem correspondência alguma com o processo real na geração de valor. Com a súbita elevação internacional dos preços dos combustíveis, cria-se rapidamente um efeito inflacionário nas economias periféricas, que somada ao quadro geral recessivo leva a quebra dos Estados Nacionais, já “enforcados” com o escorchante pagamento dos títulos financeiros da dívida pública, não é necessário lembrar que todos estes “papéis bilionários” estão sob a posse dos rentistas de Wall Street, os verdadeiros parasitas das nações oprimidas.

A chamada “guerra comercial” iniciada por Trump contra a expansão capitalista chinesa, na realidade esconde o processo de transferência da produção industrial de um país imperialista para uma economia periférica. Este curso, inicialmente planejado pela própria classe dominante ianque, pretendia sedimentar nos EUA uma economia totalmente financeirizada, baseada no controle do trânsito de informações (internet e software) e serviços globais, além é claro de sua poderosa indústria bélica. Porém “algo” saiu do controle, este elemento não “misterioso” para o Marxistas chama-se as crises cíclicas e inexoráveis do capital, fundamentadas na impossibilidade da geração do valor totalmente desvinculada do processo produtivo industrial. Com o fim do criminoso “sonho” dos rentistas o desemprego, falências e a desorganização social chegaram ao coração do monstro imperialista, ironicamente (para os apostadores do cassino do mercado de capitais) sob a forma de crash financeiro. E é exatamente este “reviver” de um novo ápice da crise estrutural capitalista que estamos na véspera de sua reestreia... e a única alternativa para impedir a barbárie que o imperialismo promove aos povos continua sendo a construção da revolução socialista em todo o planeta!