quinta-feira, 17 de outubro de 2019

ALIANÇAS COM PARTIDOS DA BURGUESIA: A FOTO FOI UM ERRO DO DEPUTADO DAVID OU ESTRATÉGIA PROGRAMÁTICA DO PSOL?


A “viralizada” foto entre o deputado federal do PSOL-RJ, David Miranda e o neofascista Alexandre Frota (PSDB-SP), alegres e descontraídos como grandes parceiros políticos no plenário da Câmara dos Deputados, não foi um registro “ingênuo” da recente aproximação entre os dois parlamentares e, muito menos, um “erro” como depois tentou apresentar Miranda diante da reação de surpresa e repúdio de sua própria base eleitoral. Tanto que a fotografia foi tirada pelo deputado Marcelo Freixo, o principal referente político e eleitoral do partido, suas posições antimarxistas e policlassistas são a essência programática do PSOL. Ele mesmo já havia tido pouco meses atrás um encontro amistoso com a fascista Janaina Pascoal e busca ampliar o arco de aliança do PSOL com os partidos burgueses, inclusive abrindo “canais de diálogo” com a extrema-direita. Como uma das principais lideranças do PSOL, Freixo é um apologista da colaboração de classes com os setores mais reacionários da burguesia nacional, não por coincidência recebeu farto apoio político e material da Famiglia Marinho por mais de uma vez em suas tentativas de triunfar no comando da “Cidade Maravilhosa”. A foto entre Miranda e Frota cujo “padrinho” foi ninguém menos que Marcelo Freixo tem justamente esse sentido político, ainda mais no momento onde o ex-ator pornô, que foi um dos ícones da campanha de Bolsonaro, deixou o PSL e ingressou no PSDB, legenda que o PSOL considera mais “civilizada” no campo da burguesia. Como o “click” entre os dois “pegou mal”, Miranda tentou se justificar de forma absolutamente distracionista: “Ontem quando aceitei tirar uma foto com o dep. Alexandre Frota minha única intenção era desmentir fake news que rolavam sobre ele, eu e meu marido. Não pensei na hora, foi um erro, e por isso gostaria de pedir desculpas a todas/os aqueles que se sentiram ofendidos. Continuo na luta pelos direitos do povo brasileiro, sem nenhum alinhamento com a política de Frota e seu partido” (Brasil 247, 17.10). 


A pergunta que fazemos diante da conduta escandalosa de lideranças do PSOL se congratularem de forma recorrente com fascistas assumidos é a seguinte: a foto entre Alexandre Frota e Davi Miranda foi um “erro” do deputado ou é produto da estratégia programática do PSOL? Como Marxistas Revolucionários não nos causou nenhuma surpresa o registro do “descontraído” encontro entre o parlamentar do PSOL e o neofascista Frota, não se tratou de um “erro” como tentou passar Miranda, esse é o verdadeiro “retrato” do movimento que o PSOL vem fazendo para ganhar musculatura eleitoral a fim de gerir o Estado burguês, visando particularmente a disputa para as eleições municipais de 2020, com um programa socialdemocrata palatável. O próprio Miranda e o jornalista Glenn Greenwald do Intercept são sócios em uma empresa de comunicação (Enzuli Management LLC) que recebe gordas “doações” da norte-americana First Look Media, lançada em 2013 pelo fundador do eBay, Pierre Omidyar, o que revela suas relações “íntimas” com o grande capital imperialista ianque. Na condição de um amplo condomínio harmônico de reformistas, o PSOL aceita todos as “celebridades”, como Jean Willys, David Miranda e até fascistas (como foi o caso do Cabo Daciollo) que lhe possam trazer algum benefício político e eleitoral porque sua estratégia é conquistar espaços parlamentares nas instituições de poder da burguesia para levar a frente sua plataforma de colaboração de classes. David Miranda assim como Freixo e Willys não tem nenhuma referência no Marxismo ou mesmo uma tradição classista, são apenas parlamentares de classe média que se movem pela opinião pública pequeno-burguesa para ocupar o espaço eleitoral deixado pelo PT, sempre buscando manter relações no mínimo diplomáticas com a burguesia e seus partidos, inclusive fazendo alianças eleitorais com legendas de direita, como foi por exemplo a eleição para a mesa diretora da ALERJ. Essa conduta reforça a necessidade de denunciar o PSOL como um partido da ordem, que tende a ser ainda mais direitista que o próprio PT na medida que sua militância pequeno-burguesa sem vínculos operários por trás de suas pautas “identitárias” trafica alianças até com os partidos burgueses fascistas, os mesmos que comemoraram o assassinato de Marielle Franco. Sempre denunciamos vigorosamente este partido e todas as suas alas, inclusive os grupos como a Resistência, LSR, CST e Insurgência, como partes de um aparato político a serviço de uma orientação socialdemocrata e reformista que representa um sério obstáculo para a evolução da consciência de classe dos trabalhadores e de sua vanguarda classista rumo a construção de um genuíno Partido Operário e Revolucionário em nosso país!